[PA] Viva a luta dos estudantes e trabalhadores da educação do Pará contra o “Novo” Ensino Médio!

Nota da Executiva Paraense de Estudantes de Pedagogia

A Executiva Paraense de Estudantes de Pedagogia saúda efusivamente as mobilizações de professores e secundaristas do estado do Pará que ocorreram entre final de fevereiro e início de março contra a precarização do ensino público no estado e especialmente contra a matriz curricular 504 de novembro de 2023 para o ensino médio, que representa o avanço do “Novo” Ensino Médio no estado, o esvaziamento da formação dos jovens e maior sobrecarga de trabalho aos professores.

Saudamos os estudantes e trabalhadores da educação das escolas estaduais Pedro Amazonas Pedroso, Albanízia de Oliveira Lima, Paulino de Brito e outras da capital Belém, que foram as ruas fazendo de suas aulas manifestações em frente as suas escolas e inclusive fechando avenidas da cidade. Saudamos também os mais de 200 estudantes e professores das escolas Mario Queiroz e Leandro Lobão, da cidade de Bragança no nordeste do estado, que realizaram uma combativa manifestação caminhando sob a chuva até a Diretoria Regional de Ensino (DRE) para a entrega de um abaixo-assinado exigindo a revogação da matriz curricular!

Saudamos os trabalhadores da educação da rede pública de ensino, que após intensas mobilizações da campanha salarial de 2024 e contra a nova matriz curricular deflagaram greve paralisando em várias cidades do estado. A greve se iniciou no dia 29 de fevereiro com a paralisação de professores por todo o estado. Em Belém o pontapé inicial neste dia foi uma combativa manifestação unificada de estudantes e trabalhadores da educação, mostrando todo o rechaço e disposição de luta para derrotar o NEM e a precarização das escolas! Durante o tempo que a greve se manteve, mostrou todo o barril de pólvora que são as escolas de ensino médio, a gravidade das consequências do NEM coloca a necessidade de construir uma grande onda de ocupações nas escolas!

O crescimento do protesto na educação do estado tem suas razões: a matriz curricular 504 de novembro de 2023, foi aprovada de forma autoritária desconsiderando o rechaço geral ao “Novo” Ensino Médio pelo povo brasileiro. Ela reduz a carga horária de disciplinas como filosofia, sociologia, artes e educação física para apenas 1 hora aula por semana, mas no lugar segue os famigerados ‘itinerários formativos’, projeto de vida e outras disciplinas fajutas. Além de representar um ataque a formação científica dos jovens, isso afeta drasticamente os professores, que tem sido obrigados a lecionar em disciplinas fora da sua área de formação, e a assumir maior número de turmas para cumprir a carga horária de seus cargos, podendo chegar a 30 turmas (mais de 1000 alunos!).

Denunciamos o governo estadual de Helder Barbalho (MDB) e o secretário de educação Rossieli Soares. O senhor feudal Barbalho, cuja família se acha dona do estado do Pará, tem jogado pesado em propaganda mentirosa para colocar pais e estudantes contra trabalhadores da educação. Tem enchido as ruas da capital de outdoors dizendo que paga o maior salário do Brasil aos professores, mais de 11 mil! Cínico! Manipula informações e esconde a realidade de um processo continuado de desvalorização salarial, com 5 anos sucessivos de perdas reais no salário, além da perseguição e assédio por parte do governo estadual e secretaria de educação. Enquanto o governador propagandeia demagogicamente que é o “melhor governo estadual do país”, pedaços de teto caem das salas de aula devido a grande precarização das escolas.

Já Rossilei é um antigo inimigo dos estudantes e professores. Foi o ministro da educação de Temer, responsável pela formulação e aprovação da contrarreforma do Ensino Médio; passou pelas secretarias de educação do estado do Amazonas e São Paulo, onde deixou seu rastro de destruição do ensino público. Em São Paulo, durante o governo Dória (PSDB) foi responsável por implementar o NEM, sendo aquele o primeiro estado a produzir sua matriz adequada a contrarreforma. Durante a pandemia, ficou “famoso” pelas declarações de que “a EaD veio para ficar”. Agora, como secretário de educação do Pará, vem para continuar servindo aos interesses dos tubarões do ensino. Denunciamos a perseguição que a Secretaria de Educação sob mando de Rossieli tem feito ao movimento estudantil, orientando às diretorias das escolas a impedir que o movimento estudantil entre nas escolas para mobilizar e organizar a luta dos estudantes. Também as manobras que Rossieli tem feito, recebendo comissões de estudantes em seu gabinete para realizar falsas promessas e dividir a luta dos estudantes.

Aos estudantes secundaristas que foram a essas reuniões, conclamamos a não se deixarem enganar com as demagogias destes senhores e nem com o palavreado reformista de oportunistas no movimento estudantil, que cavalgam na nossa luta para se promoverem – estes estão mais interessados com a eleição de seus delegados para o congresso da falida UBES, e logo em conseguir votos para seus candidatos nas eleições municipais do que com a defesa dos direitos dos estudantes. É só com luta combativa que se pode conquistar e defender direitos, só com independência nossa luta pode avançar sem estar presa pela camisa de força da burocracia e peleguismo. E conquistas parciais que venha para apenas uma ou outra escola são muito fáceis dos governos derrubarem logo a frente. É a força do povo unido na luta combativa e independente que faz recuar os reacionários no poder, que pode conquistar definitivamente a revogação do Novo Ensino Médio, valorização justa aos trabalhadores da educação e as melhorias necessárias em todas as escolas.

Vai ficando cada vez mais claro o quão criminoso é o “Novo” Ensino Médio, bem como a situação calamitosa em que se encontra as escolas públicas pelo estado e por todo o país. Os privatistas e reacionários seguem em sua ofensiva, porém estão tremendo de medo porque sabem que as mobilizações que sacudiram o Pará logo no início do ano são apenas parte do ensaio geral do grande levantamento contra o NEM que se avizinha a curto prazo no Brasil todo! É preciso crescer essa unidade na luta combativa e independente de estudantes, trabalhadores da educação e pais, desencadeando uma onda de ocupações de escolas por todo o estado, transformar todas as escolas em grandes trincheiras de lutas!

Estudantes secundaristas presentes na manifestação da greve dos professores em 29 de fevereiro
Professores em manifestação no dia 29 de fevereiro
Estudantes da cidade de Bragança, interior do estado

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