Viva o vitorioso 14º Encontro Mineiro de Estudantes de Pedagogia!

No último sábado (17/10) a Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia realizou o 14º Encontro Mineiro de Estudantes de Pedagogia, com tema: EM DEFESA DO ENSINO PÚBLICO E GRATUITO: BARRAR A IMPOSIÇÃO DA EAD IMPULSIONANDO O BOICOTE! EM DEFESA DO DIREITO DE ENSINAR, ESTUDAR E APRENDER! O evento aconteceu em Belo Horizonte e de forma concomitante ocorreu uma sessão do Encontro em Montes Claros (Norte de Minas).

Em BH, o encontro contou com a participação de 20 pessoas e foi realizado presencialmente no salão do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústria da Construção de BH e região metropolitana – STIC/BH, respeitando todas as medidas sanitárias de distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos com álcool em gel, medição de temperatura, demonstrando mais uma vez, junto da realização de outros encontros estaduais, que é possível a realização de atividades políticas presenciais seguras e sem contaminação. O evento contou com apoio do Movimento Feminino Popular – MFP, que garantiu a alimentação do evento.

A abertura do evento foi uma saudação aos camponeses em luta pela terra e denúncia do cerco policial ao acampamento Tiago dos Santos e demonização e criminalização dos camponeses e da Liga dos Camponeses Pobres; apresentou-se o vídeo feito pelos camponeses disponível no site do jornal A Nova democracia, e foi reforçada a importância da luta no campo, como principal contradição de nosso país.

O evento teve três mesas. A primeira, de situação política, contou com a participação de um ex-membro da Executiva Nacional, que de início colocou o contraste que existe entre a imensa maioria da nação, o povo brasileiro – que mesmo com tamanha exploração e opressão sobre seus ombros segue em luta, de forma altiva e combativa, expressos na imagem dos camponeses de Rondônia que não se acovardaram frente ao cerco policial e com firmeza resistiram e seguem resistindo – e as classes dominantes e todo o seu sistema político, podre e em decomposição, cuja imagem expressiva é a do senador bolsonarista com 30 mil na cueca. Ainda expôs sobre o golpe militar contrarrevolucionário preventivo a rebelião das massas, sobre a pandemia e como esta escancarou a falência do sistema imperialista e aponta a necessidade de uma nova sociedade; e que essa sociedade há de vir, pois que a contradição fundamental do sistema capitalista – produção cada vez mais socializada versus apropriação cada vez mais concentrada de toda a riqueza – é insolúvel dentro de seus marcos. Expôs também que entramos numa nova era, onde os povos do mundo já acumulam uma rica experiência revolucionária de pelos menos 150 anos de luta de classes desde a publicação do Manifesto Comunista e que hoje partimos desse ponto. Ao concluir a mesa, o companheiro convocou todos os presentes a cantarem “O Risco”, para exaltar a luta camponesa.

Na volta do almoço, houve um momento cultural onde a Executiva Mineira convidou uma participante, estudante de engenharia de produção civil do CEFET-MG, a apresentar uma contação de história. Ela contou a respeito de uma menina solitária e um pássaro contador de histórias que por onde passava tingia suas asas da cor predominante naquele local. Todos ficaram bastante entusiasmados, principalmente uma criança presente que neste momento fez questão de sair da creche para ouvir a história.

A segunda mesa, cujo tema era o mesmo do encontro, contou com a participação de três palestrantes: professor Francisco, doutor em educação pela FaE UFMG com pesquisa sobre a participação de jovens em movimentos de ação coletiva em uma ocupação urbana na cidade de Belo Horizonte e a dimensão formativa dessas experiências, atualmente professor da Universidade Estadual de Minas; Lívia Damasceno, doutoranda em educação pela UFMG, com estudo sobre o modelo de universidade no Brasil conforme as diretrizes do Banco Mundial, e também é professora da rede municipal de Belo Horizonte; e uma companheira estudante de física membro do Grupo de Estudos da Exata Realidade (GEER). O professor Francisco falou sobre o momento em que está o país, relatou o panorama da pandemia no intuito de vincular este momento com os ataques à educação pública. Também falou especificamente da UEMG, local onde é professor, descrevendo a precariedade a qual a universidade está sendo submetida e onde os estudantes, com as mais diversas dificuldades que a pandemia agrava, estão a mercê de uma educação precária, sem qualidade e sem estrutura. A professora Lívia entrou nos aspectos de sucateamento e privatização que possui o ensino remoto emergencial (ERE) no ensino básico e também na universidade, além da negação do direito de ensinar dos professores, reduzidos a meros dadores de aula, que aplicam cartilhas prontas e esvaziadas de conteúdo científico; também da negação do direito de estudar e aprender dos estudantes. Em sua fala, destacou que a EaD de forma geral e o ERE em particular estão ligados a política imperialista para nosso país na questão do ensino, onde o Estado a anos segue os mandos do Banco Mundial para a educação. Já a companheira do GEER colocou a posição do movimento estudantil classista, combativo e independente sobre a EaD/ERE, denunciando os impactos destruidores para o ensino brasileiro e a instrução dos filhos do povo; o ataque a organização estudantil, um dos aspectos reacionários da EaD, pelo medo que os reacionários tem da juventude organizada; e conclamou ao boicote como tática do movimento estudantil para defender um ensino público e gratuito, exigindo o cancelamento do ano letivo, colocando como alternativa ao ERE imposto pelo governo dos generais e Bolsonaro nas universidades dezenas de ações país afora que estudantes já realizam em apoio a comitês sanitários – que isso seja institucionalizado como extensão; que se dê maior atenção a pesquisa, fundamental neste momento de pandemia. A companheira conclamou aos estudantes derrubar os muros da universidade, e colocá-la a serviço do povo.

Na terceira e última mesa, assumida pela Executiva Mineira, foram apresentadas as propostas dos novos representantes do estado para a Executiva Nacional, a ser sancionado no próprio Encontro Nacional; conformou-se a Executiva Mineira, com a participação de todos os estudantes de pedagogia presentes, importante passo na construção da entidade para travar as duras lutas em defesa dos direitos do povo e de um ensino público e gratuito; apresentou-se a proposta dos 5 delegados a serem enviados ao Encontro Nacional; e por fim, tirou-se as deliberações do encontro que foram:

  • Construir em cada universidade, sala de aula a Executiva Mineira​;
  • Impulsionar a campanha de boicote nas universidades públicas;
  • Impulsionar o trabalho nos comitês sanitários – colocar a universidade a serviço do povo com realizações de mais oficinas de brinquedos e pedagógicas, aulas particulares, projetos etc.;
  • Realização de um vigoroso 23 de novembro: Dia Nacional de Lutas da Pedagogia!​;
  • Nota de Apoio aos camponeses do Acampamento Tiago dos Santos e a Liga dos Camponeses Pobres, e fazer propaganda com sindicatos e entidades​; e
  • Campanha de finanças para garantir ida ao 40º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia!

Já em Montes Claros a sessão do 14º EMEPe ocorreu também de forma presencial, aplicando todas as medidas sanitárias; a plenária ocorreu na sede da Associação Clube das Mães, em um bairro da periferia da cidade e contou com apoio de ativistas da Liga dos Camponeses Pobres que prepararam a alimentação.

Na preparação do Encontro foram realizadas diversas atividades e discussões. No dia 15 – dia do Professor, foi realizada panfletagem da nota do MOCLATE e da Carta Aberta da ExNEPe na região central de Montes Claros, mais de 700 panfletos foram entregues e a receptividade foi muito grande; várias pessoas querendo discutir a necessidade de defender a educação e ensino público, as mães e pais que voltavam do trabalho recebiam com interesse a discussão sobre o cancelamento do ano letivo e o boicote a EaD.

Participaram companheiros e companheiras de várias cidades, estudantes, secundaristas e professores, além de movimentos classistas e democráticos, como o MOCLATE (Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação) e Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia.

Painéis com fotos e relatos de outros encontros estaduais e sobre a luta camponesa ornamentavam o local e a faixa com a consigna “Pelo direito de ensinar, estudar e aprender. Abaixo a precarização e privatização da educação!” centralizada.

Na de abertura uma companheira estudante ativista saudou a todos os presentes, destacando a decisão e empenho dos companheiros para fazer a campanha de finanças para participar. Apresentou um breve histórico da ExNEPe, sua posição classista de apoiar e participar das lutas do povo compreendendo que não podemos ficar isolados da luta de todo povo brasileiro, e o significado da realização do encontro estadual e nacional de forma presencial para elevar nossa organização.

A companheira do MOCLATE afirmou o significado da defesa do direito de ensinar, estudar e aprender e a necessidade de lutar contra o ensino remoto, o prejuízo que representa para os estudantes e a ameaça ao papel do professor no processo de ensino-aprendizagem, apontando a luta pelo cancelamento do ano letivo e o boicote a EaD. Reafirmando o papel da escola pública na formação e vida dos estudantes e a necessidade da reabertura das escolas, a luta pelas medidas sanitárias e como a experiência de Comitês Sanitários de Defesa Popular tem confirmado que o povo organizado pode garantir suas necessidades.

A LCP-NMSB saudou os companheiros destacando que a luta pelo direito de ensinar, estudar e aprender, o direito a escola pública é parte das lutas democráticas de nosso povo sempre negadas e demandam por uma verdadeira democracia. Denunciou a criminalização e os ataques contra os camponeses em luta pela terra no acampamento Tiago dos Santos em Rondônia e a firme decisão das famílias camponesas persistirem na luta pela terra. Afirmando que as mazelas que pesam sobre o povo não surgiram com a pandemia, o desemprego, a desindustrialização do país; a falta de condições de saúde, o corte dos gastos com saúde e educação, a reforma da previdência, e permanência do latifúndio com a expulsão dos camponeses, indígenas e quilombolas de suas terras são parte da crise desse capitalismo burocrático atrasado que há no Brasil, e as soluções para a vida do povo só virão com uma nova democracia que não será pelas eleições, mas por uma revolução democrática.

Após as saudações da mesa foi realizada a leitura e debate da nota do MOCLATE de julho “Derrotar a imposição da EaD na escola pública” com participação ativa dos presentes. Os relatos do fracasso do ensino remoto com falas de professores e estudantes demonstrando como a interação do processo de aprendizagem é fundamental para o conhecimento, os anseios de como desenvolver atividades e que o espaço da escola esteja servindo aos estudantes e suas famílias.

“Os pais já perceberam que o ensino a distância não vai dar certo” afirmou uma das professoras ao relatar os prejuízos para as séries iniciais da falta das atividades pedagógicas “é preciso a escola funcionar para que a criança interaja com as letras, com os conhecimentos, é possível organizar atividades pedagógicas cuidando das medidas sanitárias”.

Uma das secundaristas relatou dos debates em sua cidade sobre retornar as aulas do 2º grau “como se as apostilas que os estudantes estão fazendo pudessem atender o que a gente precisa sem ter tido aulas esse ano, é preciso cancelar o ano letivo, pra gente começar de novo.”

Outra professora relatou sobre a obrigatoriedade dos professores darem conceitos para as tarefas do PET que estão sendo enviadas, “como você pode avaliar quando o aluno não teve acesso aquele conteúdo? Muitas vezes os pais não sabem ensinar? Os estudantes não estão aprendendo e nós não estamos podendo ensinar. Essa experiência de comunicar por ‘zap’, no caso das crianças é criar um grupo com os pais, isso não funciona não permite sequer uma explicação completa.”

Os debates em torno de como barrar a aplicação da EaD de forma coletiva e a luta por exigir o cancelamento do ano letivo denunciando que a aprovação já é automática e como temos que envolver professores, pais e estudantes para discutir e organizar para não aceitar as matrículas na série seguinte, mobilizando desde já a partir de cada local e criando as condições para reabertura das escolas. Todas as discussões foram confirmando a afirmação feita pela companheira estudante ‘a escola e a universidade tem de atuar dentro da realidade dos bairros e vilas, dentro da luta de classes’, só é possível avançar a luta em defesa da educação pública e gratuita envolvendo professores, estudantes, mães e pais.

A segunda parte do evento foi dedicada à discussão das propostas e preparação para envio de delegação ao 40ºENEPe. Foram aprovadas 8 resoluções, com destaque para moção de apoio aos camponeses do Acampamento Tiago dos Santos.

VIVA O VITORIOSO 14º EMEPE!

BARRAR A IMPOSIÇÃO DA EAD IMPULSIONANDO O BOICOTE!

EM DEFESA DO DIREITO DE ENSINAR, ESTUDAR E APRENDER!

RUMO AO 40º ENEPe!

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