[BA] Viva o Encontro De Estudantes de Pedagogia do Vale do São Francisco!

No dia 03 de outubro, estudantes de pedagogia, de licenciatura e professores se reuniram no Encontro de Estudantes de Pedagogia do Vale do São Francisco, realizado presencialmente pela Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia – ExNEPe e pelo Diretório Acadêmico de pedagogia da UNEB – Campus III, gestão Pedagogia e Resistência, na Associação de Moradores de um dos bairros periféricos da cidade de Petrolina. As Palestras, debates e uma combativa plenária final permitiram aos estudantes de pedagogia do Vale do São Francisco organizar um grandioso plano para impulsionar e unificar a luta na defesa de uma educação pública, gratuita, democrática e a serviço do povo.

Pela manhã, a Mesa sobre Situação Política contou com a participação da ExNEPe e da LCP, denunciando o caráter do Estado brasileiro, se aprofundando quanto à gravidade da crise do capital, a nível mundial, e particularmente da crise em nosso país que tem como base a falência completa de um sistema econômico atado pelo domínio do latifúndio. Dentro desse cenário, se agudizam as disputas entre as classes dominantes para definir quem perderá com a crise. Bolsonaro, embora presidente, é um fraco que acumula diversas derrotas para o governo de fato dos generais, apesar de seguir na disputa pela implementação de um regime abertamente fascista. Uma dessas derrotas refere-se ao próprio auxílio emergencial, que hoje trouxe leve – e efêmero – fôlego à baixíssima popularidade do presidente, mas que é política totalmente oposta aos ideais ultraliberais de Paulo Guedes. Tal auxílio é, na verdade, mais importante para as classes dominantes do que para o próprio povo, pois tem sido usado para apaziguar os ânimos das massas populares, e impedir o caos social. Assim não pode ser mais que temporário no contexto de um estado atrasado e completamente falido como o brasileiro.

O representante da LCP ressaltou que ao longo dos últimos anos, e também agora em meio a pandemia, temos visto grandes levantamentos de massa no mundo todo, e no Brasil em particular, onde as massas demonstram toda sua disposição de combater e elevam cada dia mais a sua consciência. A crise econômica se aprofunda, sem vistas a ser solucionada, o auxílio emergencial chega ao seu limite, e as massas preparam levantes ainda maiores. Deu como exemplo a grande vitória conquistada pelos camponeses neste ano, em que tomaram a última parte que restava da antiga Fazenda Santa Elina, local histórico da luta camponesa no país, dado o peso e tamanho dessa batalha em 1995 e suas repercussões no movimento camponês. Ressaltou ainda a importância e o significado da luta camponesa em nosso país, em que as massas camponesas se erguem e combatem contra o que há de mais atrasado, o latifúndio, que é também a principal base de sustentação da exploração desse sistema. Sendo assim, trata-se, na verdade, de uma luta na qual se batem os interesses de todo o povo brasileiro e conclamou professores e estudantes a apoiarem decididamente a revolução agrária, que se levanta no país.

O companheiro da ExNEPe reafirmou o compromisso classista de nossa entidade, de lutar lado a lado e servir aos interesses das massas populares de nosso pais, retomando a história brasileira recente afirmou que o que vemos não são “retrocessos” mas sim aprofundamentos de medidas antipovo que já estavam, paulatinamente e sempre envernizadas, sendo aplicadas pelos diferentes governos. Agora, com aprofundamento da crise, as classes dominantes se encontram profundamente divididas, o que abre importantes perspectivas para a luta e organização popular. Lembrou que o que define a situação política é a mobilização e entrada em cena das amplas massas populares, trazendo os exemplos dos levantamentos nos EUA contra o assassinato de George Floyd e seus impactos na campanha de Trump pela reeleição, bem como os grandes levantamentos no Chile em 2019. No Brasil o momento que abre a nova situação que vivemos na luta de classes no país é junho e julho de 2013, ensinamentos da história que devemos ter em mente para levar de forma mais consequente a luta em defesa da educação. E assim como não há nada de exatamente novo nas medidas antipovo, antidemocráticas, reacionárias e obscurantistas sendo aplicadas pelo atual governo, o mesmo pode ser dito quanto a implementação da EaD, “modalidade educacional” que sempre foi do interesse dos grandes tubarões do ensino privado, que sempre lutaram por aplicá-la e expandi-la, é parte dos planos do Banco Mundial e outros organismos financeiros internacionais, de negação do saber e da ciência para os filhos e filhas do povo e, definitivamente, não é temporário. Não é mero “substituto” a ser descartado com o fim da pandemia, mas a tentativa de sucatear ainda mais e dar passos largos na privatização das escolas e universidades.

Durante a tarde, foi realizada a segunda Mesa do Encontro, discutindo as relações entre a implementação da EaD com a privatização da Educação no pais. O convidado, professor da educação básica da rede municipal de Petrolina, iniciou a exposição relacionando a economia semifeudal e semicolonial brasileira, de capitalismo burocrático, com uma corresponde linha burocrática para a educação. Através de uma retrospectiva histórica e de dados sobre matrículas e da expansão da rede privada, no Brasil e no município de Petrolina, mostrando como a privatização avançou, primeiro no Ensino Superior, em seguida na educação básica, do ensino médio aos anos inferiores, o que pode ser visto através dos concursos públicos, e a diferença entre professores efetivos e contratados nos anos finais da Educação Básica em relação aos Iniciais. Finalizou constatando que o Ensino Remoto é apenas uma desculpa para impulsionar a EaD, em todos os níveis de ensino.

O segundo palestrante foi um membro do DA de Pedagogia da UNEB, que retomou as reformas do Banco Mundial em consonância com os interesses do capital e seu papel dirigente nas definições das políticas educacionais brasileiras, tendo como marco histórico o Consenso de Washington e como a EaD vem para aprofundar e impulsionar as políticas e ditames então definidas. Reafirmou o caminho de luta que o DA vem trilhando, além de ressaltar algumas atividades importantes realizadas no ano de 2020 pela entidade, como o debate sobre o despejo do acampamento Abril Vermelho, o apoio ao Comitê Sanitário de Defesa Popular de Petrolina e os debates online sobre a EaD/Ensino Remoto.

Por fim, os estudantes organizaram uma Plenária Final, na qual elegeram delegados para o 40° ENEPe em Curitiba e tiraram um plano de lutas aprovando os seguintes pontos:

  • Impulsionar a luta contra a EaD com atividades presenciais, colagens de cartazes, lambes, faixas na universidade e pela cidade.
  • Apoiar o Comitê Sanitário de Defesa Popular – Petrolina
  • Barrar a imposição da EaD impulsionando o boicote.
  • Apoiar a luta dos professores da educação básica.
  • Lutar pelo adiamento do ENEM
  • Apoiar a luta dos camponeses pobres.
  • Contra a intervenção na UFPR. Em Defesa da Autonomia Universitária!
  • Carta de repúdio ao retorno presencial das aulas da Educação Básica em Pernambuco.

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