[SP] Viva o vitorioso 25º Encontro Paulista na USP-Ribeirão!

Nos dias 26 e 27 de novembro, realizou-se o 25º Encontro Paulista dos Estudantes de Pedagogia no bloco 16 da FFCLRP na USP-RP palco da recente combativa ocupação contra o fechamento do curso e pela contratação de professores. E como que contagiados pela energia e animo daqueles que ocuparam, a combatividade deu o tom do histórico e vigoroso 25º EPEPe. Contando com a representação de 6 IES (USP, Unicamp, Unesp, Unifesp, IFSP e PUC) além de estudantes secundaristas o massivo encontro que teve como tema: Abaixo os cortes de verbas e a privatização das Universidades! Revogação Imediata da BNC-FP e do Novo Ensino Médio: Pelo direito de ensinar, esutar e aprender! tratou de temas caríssimos aos estudantes e serviu para elevar a organização e a capacidade de lutar dos estudantes paulistas, sintetizados no seu vigoroso Plano de Lutas aprovado ao final do Encontro.

No sábado pela manhã, iniciou-se as atividades com uma oficina de dança quilombola, resgatando uma tradicional expressão da cultura e resistência popular. Foi nesse clima, então, que em seguida, as delegações fizeram cada uma a sua saudação ao encontro, destacando a importância da realização do evento naquele prédio, que recentemente protagonizou importante ocupação e ressaltando o esforço de cada um dos estudantes presentes em conseguir participar do encontro. Ainda na mesa de abertura, além da aprovação do Regimento Interno e conformação das Comissões de Trabalho que garantiriam a realização do Encontro, um companheiro da USP-RP contou com detalhes a todos os presentes como que foi a mobilização e a organização da combativa ocupação que conquistou a recontratação de professores temporários para a abertura de novas turmas de pedagogia no semestre que vem, impedindo o fechamento do curso.

A primeira mesa de debate, então, foi sobre a situação política nacional e contou com a presença de um representante do comitê de apoio ao jornal A Nova Democracia de SP que com extrema clareza abordou os principais pontos do cenário politico em que vivemos, apontando que a ofensiva da extrema-direita expressa nos atos golpistas nas rodovias e portas de quarteis nada mais são que sintoma do aprofundamento da crise do capitalismo atrasado que perdura em nosso país, onde cada vez mais as instituições oficiais desmoralizam-se perante a população, uma vez que historicamente, enquanto “Estado Democrático de Direito” só o que ofereceu às amplas massas foi ataque a seus direitos e liberdades democráticas, fome, miséria e repressão. Aos estudantes e professores presentes foi feito o chamado: diante de tal cenário, mobilizar audazmente todo o povo brasileiro na luta por seus direitos é o único caminho, sem cair em ilusões golpistas ou institucionais do novo velho governo eleito, para isso, as ocupações de escolas e universidades tem papel chave para transformá-las em verdadeiras trincheiras da luta de classes.

Após um delicioso e animado almoço, deu-se a realização da mesa que tratou do cenário em que se encontram as universidades brasileiras e os cursos de formação de professores. A convidada professora Dra. Noeli Prestes Rivas abordou com extremo domínio do assunto a BNC-FP destrinchando o que representa tal medida, quais são os grupos político-econômicos por trás da sua elaboração, os males de tal resolução causados ao curso de pedagogia e demais licenciaturas e a necessidade de estudantes e professores resistirem e lutarem pela sua revogação imediata. Posteriormente, o companheiro Pena, secretário de propaganda da ExNEPe, tratou do desenvolvimento do caminho privatista para as universidades brasileiras ao longo dos anos, expressos em políticas como FIES, ProUni, Reuni, regulamentação da EaD, criação de centros universitários, até chegar nos atuais criminosos cortes de verbas que ameaçam as universidades de fecharem suas portas. O companheiro destacou elementos do podre “Projeto Nação: O Brasil em 2035”, programa dos altos mandos militares que exemplificam o que almejam estes senhores para o ensino público e gratuito brasileiro: sua completa destruição, privatização e imposição do obscurantismo, a mando do Banco Mundial, como forma de aplastar a organização dos estudantes e professores e golpear o que resta dos vestígios de autonomia e democracia nas universidades. Por fim, o companheiro resgatou a história da luta do Movimento Estudantil Combativo e Independente, desde seus primórdios ainda no século XIX, as principais lutas no século XX até os dias de hoje onde enfrentando o oportunismo e o imobilismo, tem conquistado vitórias importantíssimas sobretudo com as greves de ocupação que tem sacudido o país de norte a sul.

Antes da janta os estudantes se dividiram em Grupos de Discussão para poder aprofundar os temas das mesas, onde cada um pôde expressar sua opinião sobre os assuntos, tecer comentários, contribuir com suas experiências nos locais de trabalho e estudo, reforçando a interação, debate, troca de experiências e o caráter democrático do Encontro.

A noite de sábado encerrou-se com um animadíssimo karaokê popular. Com o microfone aberto, vários estudantes venciam a timidez e soltavam a voz entoando canções que fazem parte da trilha sonora de diversas gerações de jovens brasileiros além de resgatar músicas populares que exaltam e impulsionam a luta do povo de nosso país. Geraldo Vandré, Jacó e Jacozinho, Canto Geral, Ameaça Vermelha, foram alguns dos nomes escolhidos pelos estudantes que também recitaram poesias, finalizando o primeiro dia do Encontro com uma vibrante atividade cultural.

No domingo, 27, logo pela manhã o Encontro contou com uma riquíssima mesa em defesa da ciência em contraponto ao obscurantismo cada vez mais presente nas escolas e universidades. Iniciando a mesa, o professor Dr. Marcelo Motokane anunciou que o mundo científico expande nossa percepção, por isso a importância da defesa do ensino de ciências nas escolas. Entretanto, como abordado pelo professor, o que temos visto é justamente o contrário: o desmonte sistemático do ensino de ciências na Educação Básica, sobretudo a partir das mudanças curriculares impostas na BNCC. O professor ressaltou ainda que não basta o ensino de ciência por si só, é indispensável que este se dê vinculado a uma contextualização da sociedade de classes e suas contradições, assim como o ativismo social buscando a transformação da realidade. Na mesma mesa também tivemos a contribuição do companheiro Daniel Akiyama, doutorando em química orgânica pela Unicamp. O companheiro iniciou elucidando a todos o que é e como se desenvolve o conhecimento científico, que sendo a incessante busca da humanidade pela verdade se desenvolve por etapas, do simples ao complexo, produzida coletiva e historicamente pelos homens e mulheres em meio a sua prática social, nos seus três movimentos: luta pela produção, luta de classes e experimentação científica. Em seguida, o companheiro apresentou algumas imagens e contou aos presentes como se deu a conformação do Comitê Estudantil de Solidariedade Popular de Campinas que atendendo ao chamado feito pela ExNEPe em seu histórico 40º ENEPe no Paraná tomou a iniciativa de colocar o conhecimento cientifico os quais os estudantes tinham acesso e produziam na Universidade à serviço do povo com atividades de conscientização sobre os riscos e formas de contágio da covid-19, como se proteger, importância da vacina, além de atividades de solidariedade como arrecadação de alimentos e bazares e, principalmente, como ocorreram as três feiras de ciências organizadas pelos estudantes e que encantou crianças e adultos com a demonstração do poder da ciência.

Antes do almoço os presentes realizaram mais uma rodada de Grupos de Discussão como forma e ampliar o debate e sintetizar as propostas que seriam levadas a Plenária Final para compor o novo Plano de Lutas da Executiva Paulista.

Concluindo-se o Encontro em altíssimo nível realizou-se uma efusiva Plenária Final. Após um balanço extremamente positivo do evento apresentado pela Executiva Paulista e a intervenção dos representantes das escolas e universidades presentes ressaltou-se o alto nível de organização, a independência e a combatividade que transbordou durante todo o Encontro. Após leitura e animada discussão da proposta de Plano de Lutas e notas do 25º EPEPe ambas foram aprovadas sintetizando o que foi o Encontro e apontando aos presentes o caminho para dar sequencia a luta nas duras batalhas que virão. Também foram eleitos os novos membros da Executiva Paulista: Pena, Lola, Gustavo, Dina, Any e Cabelo da Unifesp; Lucas e Luna da USP-RP; Victor da Unesp; e Clara e Gabriella da PUC-Campinas. Por fim, foi eleita a nova sede do 26º EPEPe em 2023: PUC-Campinas!

Da mesma forma que iniciou encerrou-se o 25º EPEPe: com elevado vigor e muita energia por parte dos presentes que após a plenária final ainda realizaram um mutirão de limpeza deixando o local em perfeitas condições. Esse Encontro serviu para consolidar toda uma luta no estado de São Paulo, desde a retomada dos Encontros Paulistas em 2018, no DCE da Unifesp, e sobretudo nos últimos 3 anos de luta contra o fechamento das escolas e universidades e também expressa o crescimento do movimento estudantil combativo e independente em nosso estado que guiados pelos princípios que conformam a ExNEPe: a independência e a combatividade, esteve a frente de duas ocupações recentes: na USP-RP e no IFSP e cresce a cada dia que passa e tem pela frente um futuro brilhante de duras lutas.

Viva o 25º EPEPe!

Viva a Executiva Paulista dos Estudantes de Pedagogia!

Viva a Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia!

Cresce cresce, por todo o Brasil, o novo Movimento Combativo Estudantil!

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