[PE] Greve combativa histórica na UFPE se desenvolve com unidade entre estudantes e trabalhadores!

No dia 11 de março, os técnicos administrativos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aderiram por unanimidade ao movimento grevista nacional. Docentes se somaram a essa luta cerca de um mês depois, no dia 17 de abril, junto aos estudantes que, através de assembleia com mais de 200 participantes, também deflagraram greve. 

Não é novidade que as Instituições de Ensino Federais vêm sofrendo ano após ano intensos cortes de verba pelo Governo Federal a mando do Banco Mundial. Como consequência dessas políticas, as Universidades Federais passam por um processo de precarização, com o objetivo de posteriormente privatizá-las, num processo tão intenso que se torna quase inviável a permanência do povo que ali estuda e trabalha. Tal cenário acarretou no surgimento de um movimento de greve nacional unificada nas Instituições de Ensino Federal. 

Na UFPE, os TAEs foram a primeira categoria a deflagrar greve, no dia 11 de março, contra o reajuste de 0% e pela recomposição salarial. Desde o início, romperam com a “tradição” da greve de pijamas e se reúnem todos os dias na Universidade para organizar diversas atividades e atos de rua. 

No dia 17 de abril, pressionados pelo crescimento da adesão dos trabalhadores da educação à greve em escala nacional, os professores da UFPE se reuniram em assembleia para discutir a deflagração da greve da categoria. Apesar das tentativas de barrar a greve docente por parte da diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (ADUFEPE), que impôs plebiscito embora questões de ordem e manifestações contrárias a esse modelo de votação fosse colocado desde o início da assembleia, os professores barraram o governismo da organização aparelhada à Reitoria, do PCdoB. Os estudantes presentes na assembleia cumpriram papel crucial desde o início ao demonstrar seu total apoio à greve dos trabalhadores da educação, e, segundo os próprios professores, foram os que deram coragem à categoria para aderir ao movimento grevista. 

A recomposição orçamentária, bandeira levantada pelos trabalhadores em greve, é uma pauta que os estudantes também reconhecem como sua. Para além do simples apoio, eles desejavam se unir a esse movimento para não só fortalecer a luta, mas exigir suas próprias reivindicações pela Educação Pública e Gratuita, como a revogação do “Novo” Ensino Médio (NEM) e a ampliação das bolsas acadêmicas. Por isso, no mesmo dia, organizaram uma assembleia no Centro de Educação com mais de 200 estudantes para debater sobre o assunto e, por contraste, deflagraram greve estudantil e formaram o Comando de Greve Estudantil da UFPE. Ficou ainda a critério dos estudantes levar a discussão para dentro de cada curso. O oportunismo anti-greve da UJS, juventude do PCdoB, tentou desarticular a organização independente dos estudantes, sob acusação da assembleia não ser legítima por supostamente não representar a massa estudantil, mas, como na assembleia docente, foi barrado pelos estudantes combativos!

Um grupo de estudantes de Pedagogia, mesmo sem gestão ativa no Diretório Acadêmico Remís Carla, convocou uma assembleia de curso para o dia 02 de maio, com o objetivo de informar, mobilizar e incentivar a deflagração da greve dentro do próprio curso, também no Centro de Educação. A assembleia ocorreria em dois turnos se a gestão do Centro e da Universidade não tivesse conspirado contra a organização dos estudantes: o prédio foi trancado o dia inteiro com a falsa justificativa de que uma manutenção elétrica estava agendada para a data, com direito a uma servidora do gabinete do reitor indo ao centro verificar se ele realmente estava fechado; ao mesmo tempo, uma reunião online com os representantes de turma foi convocada para a noite pela diretoria do Centro como forma de redirecionar a atenção dos estudantes da assembleia. Os estudantes mesmo assim decidiram firmemente mantê-la, ficaram o dia inteiro no lado de fora do prédio, e foram fotografados diversas vezes pelo Grupo Tático Operacional (GTO) e monitorados por seguranças da TKS, empresa terceirizada de segurança armada. Mais tarde, foi vazado uma mensagem da gestão do Centro de Artes, a qual informava que os Centros haviam sido orientados a serem trancados por ameaça de ocupação. Mesmo mais tarde, quando permitiram a entrada nos prédios, fizeram obrigatório até hoje informar nome e CPF.

Os estudantes, como massa mais ativa e consequente dentro das mobilizações, mobilizam-se também em atos em solidariedade à Heroica Resistência Palestina. Na ocasião em que o Comando de Greve produzia uma faixa para a primeira participação em bloco dos estudantes no ato no dia 14 de maio, foram sondados e fotografados mais uma vez pelos seguranças, que desta vez portavam armas. 

Uma estudante anônima, que relatou ter presenciado uma discussão entre as forças de repressão da Universidade, confirmou que os diversos casos de perseguição não acontecem por simples acaso. A Superintendência de Segurança Institucional (SSI) não só dá aval, mas os orienta desde a deflagração da greve estudantil para monitorar e, caso seja necessário, até agredir fisicamente os estudantes que consideram como “perigosos” durante todos os dias (feriados e finais de semana inclusos), em todos os turnos de funcionamento da universidade. 

Não intimidado com essas ações fascistas por parte da gestão, que se coloca há tempos contra o movimento estudantil verdadeiramente combativo, o Comando de Greve Estudantil da UFPE confeccionou uma oficina de cartazes como forma de denúncia e propaganda sobre a luta estudantil. Minutos após a colagem dos cartazes produzidos, os estudantes flagraram  seguranças arrancando-os das paredes.

A greve unificada na UFPE se solidifica mais a cada dia que passa! A prova disso é a quantidade de atos unificados massivos que os Comandos de Greve das Instituições de Ensino Federais têm feito. No dia 09 de maio, mais de 500 pessoas saíram às ruas do Centro de Recife para se manifestarem em defesa da Educação. Além do mais, a comunidade acadêmica faz atos constantes dentro da Universidade, quase semanalmente, barrando as vias principais de entrada e saída com faixas e barricadas.

Ato pelo cancelamento do calendário acadêmico

Mais uma vez, a juventude consequente e combativa mostra ser a vanguarda das lutas populares em nosso país! Docentes e TAEs reconhecem o papel destacado da massa estudantil: segundo eles próprios, nunca existiu uma greve tão solidificada na história da UFPE e parte desse fortalecimento só foi possível pela participação ativa do movimento estudantil.  

Fica clara a importância de um movimento estudantil independente, ativo e combativo para barrar o “Novo” Ensino Médio e aberrações do mesmo tipo que são implantadas pelo Governo Federal de coalizão reacionária, lacaio do Imperialismo ianque, na Educação Pública e Gratuita brasileira, com o objetivo de expulsar nossos estudantes do povo de suas escolas e Universidades.  Não vamos aceitar a política de precarizar para privatizar! A greve sairá vitoriosa ou não sairá!

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