A Executiva Paulista de Estudantes de Pedagogia realizou, nos dias 29 e 30 de novembro, em conjunto com o Centro Estudantil de Pedagogia (CEPed-USP/RP), o 28º Encontro Paulista de Estudantes de Pedagogia (EPEPe). O evento foi sediado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), instituição que se tornou símbolo da luta estudantil pelas greves de ocupação ocorridas em 2022 e 2023. Com o tema “Em defesa do currículo científico e da profissão do pedagogo”, o encontro reuniu estudantes de diversas universidades do estado.
A Mesa de Abertura contou com a leitura do regimento interno, a apresentação das delegações e a formação das comissões de trabalho, garantindo a participação ativa dos estudantes na organização e no andamento das atividades.



Em seguida, ocorreu a Mesa de Situação Política, composta pelo Dr. Abdel Latif Hasan, conselheiro da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil), e por um representante do jornal A Nova Democracia. Os convidados abordaram a luta e a resistência palestina, relacionando-as ao cenário brasileiro e denunciando a exploração imperialista enfrentada por povos oprimidos em todo o mundo. Também destacaram o contexto do Norte do país, marcado pela batalha constante pela terra e pela resistência camponesa.

Na Mesa Principal, contamos com a presença da Profª Drª Noeli Prestes Padilha Rivas, a Profª Drª Sandra Garcia e a estudante Lola (Representando a ExNEPe). As convidadas discutiram a respeito da importância da defesa de um currículo científico na formação dos pedagogos e mencionaram os constantes ataques à educação pública, reafirmando a posição da Executiva Nacional em defesa de uma formação crítica e comprometida com as necessidades do povo.



O primeiro dia foi encerrado com a Cultural, momento em que as delegações apresentaram performances teatrais, canções simbólicas da luta pela terra e da resistência palestina, além de leituras de poemas. Todas as apresentações dialogaram diretamente com os temas debatidos nas mesas.



O segundo dia de evento teve início com os Grupos de Discussão (GD’s), espaço destinado ao diálogo entre os estudantes, permitindo a troca de opiniões, reflexões e propostas. Os GD’s foram essenciais para a elaboração dos tópicos que compuseram o Plano de Lutas, posteriormente votado em plenária.


Ao término do encontro, foram eleitos os novos representantes da Executiva Paulista de Estudantes de Pedagogia, bem como aprovado o novo Plano de Lutas, finalizando a Plenária final, todos se mobilizaram para o mutirão de limpeza, deixando o espaço do evento organizado e limpo, assim como encontramos antes de iniciar o evento. As delegações retornaram às suas universidades fortalecidas e motivadas a seguir firmes na defesa de uma educação pública, gratuita, democrática e, acima de tudo, à serviço do povo.


VIVA O VITORIOSO 28º ENCONTRO PAULISTA DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA! VIVA A EXNEPE!
PEDAGOGIA É UNIÃO NÃO DEIXA O MEC ACABAR COM A EDUCAÇÃO!
Plano de Lutas do 28º Encontro Paulista de Estudantes de Pedagogia
01) Lutar contra os cortes de verbas e a privatização das escolas e universidades de nosso país, entendendo que esta compromete a autonomia pedagógica e administrativa, ameaça a participação democrática e a organização combativa de estudantes, professores e funcionários, impulsionando a mobilização dos estudantes, pais e professores, para que tomem as rédeas das escolas e universidades públicas, defendendo uma educação integralmente pública, gratuita e que respeite a autonomia dentro desses espaços.
02) Lutar pela revogação imediata da Resolução CNE/CP nº 4/2024, compreendendo que ela representa um grave ataque à formação em Pedagogia e às demais licenciaturas. Tal resolução impõe uma lógica aligeirada, fragmentada e anticientífica, desconsiderando a complexidade da atuação docente. Em contraponto, fortalecer a defesa da formação unitária do pedagogo que assegure a indissociabilidade entre docência, gestão e pesquisa, intervindo, onde houver, nas reformulações do currículo de cada universidade.
03) Lutar com unhas e dentes em defesa da formação científica nas escolas, contra o Novo Ensino Médio (NEM) e a plataformização, impulsionando a criação e organização de Grêmios Estudantis combativos e uma nova onda de ocupações secundaristas por todo o Brasil, defendendo o direito dos estudantes de estudar e aprender, e dos professores de ensinar.
04) Lutar contra a imposição da Educação à Distância e a plataformização da educação que representam um ataque ao direito de ensinar e aprender, pois que ferem diretamente a autonomia do professor e submetem o processo educativo ao uso de plataformas digitais privadas que cerceiam o conteúdo científico em prol de um ensino raso e pragmático, sob vigilância ideológica constante do governo e de empresas.
05) Boicotar o ENADE, visto que disfarçado de parâmetro de qualidade do ensino superior, é uma prova feita para contrapor o ensino superior privado ao ensino público e gratuito, servindo à propaganda dos monopólios privados de ensino ligados ao capital monopolista internacional. Exigir que as universidades públicas entreguem o diploma aos estudantes, visto que a conclusão do currículo é suficiente para atestar a condição de profissional adquirida após o término da graduação.
06) Contra os estágios obrigatórios nos anos iniciais do curso de pedagogia, visto que ao contrário de garantir um aprendizado prático dos estudantes do curso, acaba por garantir que o Estado e as escolas de ensino privado possam explorar mão de obra barata, visto que no começo do curso os estudantes ainda não possuem formação suficiente para exercer as atividades competentes à função docente.
07) Lutar contra a precarização das creches nas universidades públicas do estado de São Paulo, pois são uma das garantias de que as estudantes do povo que são mães possam permanecer na universidade. Lutar pela criação de creches onde não houver e de melhorias de infraestrutura onde já existe.
08) Lutar pela garantia de ensino público e gratuito através da criação de escolas públicas em territórios de povos originários, garantindo a adequação curricular às particularidades culturais, linguísticas e de costumes de cada povo ou etnia.
09) Derrubar os muros da Universidade, impulsionando projetos de extensão que sirvam ao povo com atividades de solidariedade classista, oferecendo aulas de reforço escolar e apoio pedagógico, lazer e cultura, além de impulsionar a organização da população nos bairros e favelas tal como nos comitês de solidariedade espalhados por todo o país.
10) Lutar contra a imposição curricular dos 10% de extensão nos cursos de Universidades, reconhecendo que a extensão é importante, mas sua grade horária deve ser adequada aos outros aspectos curriculares dos cursos, devendo os estudantes em conjunto com os professores em cada departamento decidir qual a quantidade e de que modo elas devem ser aplicadas, como parte da luta pela democracia e autonomia universitária e pelo co-governo estudantil. Além de lutar por projetos de extensão que realmente sirvam ao povo.
11) Disputar as eleições de C.A., D.A. e DCE de universidades para ampliar nosso trabalho, impulsionando entidades representativas que defendem a linha da ExNEPe. Lutar pela criação de entidades onde não haja. Além disso, avançar a intervenção ativa nos eventos de entidades do campo da educação, buscando elevar a propaganda de nossa linha e construção da luta em defesa do ensino público, gratuito e a serviço do povo. Como exemplo: Semanas da Pedagogia, Fóruns de Licenciaturas e Seminários de Formação.
12) Regularizar as contribuições financeiras das Executivas Estaduais junto à Secretaria de Finanças e impulsionar as campanhas de arrecadação coletiva, visto que as contribuições são a única forma de autossustentação da ExNEPe.
13) Ligar-se à luta dos professores e trabalhadores em geral do campo e da cidade contra a precarização do trabalho docente e demais ataques aos seus direitos, somando-nos às suas reivindicações impulsionando a greve geral, unificando a luta de estudantes e demais trabalhadores.
14) Realizar atividades políticas como atos, panfletagens, colagens de cartazes, debates públicos etc, no Dia do Estudante Combatente (28 de março).
15) Lutar contra o criminoso fechamento das escolas do campo que visa negar aos camponeses o acesso ao conhecimento científico e a garantia de um ensino vinculado ao seu trabalho, cultura e a luta pela terra.
16) Unificar a luta da pedagogia com as demais licenciaturas, em defesa da formação científica, contra a precarização docente e em defesa das escolas e universidades públicas, gratuitas e a serviço do povo.
17) Impulsionar a realização de atividades de formação pela Executiva Nacional e Executivas Estaduais, de forma mobilizar, politizar e organizar os estudantes de pedagogia com base nas lutas locais e nacionais.
18) Realizar atividades em apoio a Resistência Nacional Palestina como tarefa permanente, colando cartazes, fazendo murais, debates e palestras nas universidades em defesa dessa causa.
30 de novembro de 2025
Ribeirão Preto – São Paulo
Moções do 28º Encontro Paulista de Estudantes de Pedagogia
Moção de apoio a luta pela terra em Rondônia e contra a criminalização a LCP.
Nos últimos meses, a extrema-direita bolsonarista em conluio com as forças de repressão do velho Estado, tem reagido ao avanço da luta pela terra em Rondônia através de uma série de ações persecutórias. A serviço do latifúndio, essas forças tem ordenado o assassinato de camponeses, torturas, incêndios de plantações e criações, bem como instalações e mantimentos. Em agosto, tropas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) de RO executaram o companheiro Raimundo Nonato na Área Revolucionária Valdiro Chagas; em novembro, o morador da Área Revolucionária Tiago Campim dos Santos, Elias, foi assassinado enquanto dormia e sua esposa foi baleada. Uma outra série de barbaridades têm sido cometidas, a exemplo da “Operação Godos”, que desencadeou a prisão de dezenas de pessoas, incluindo camponeses, advogados e apoiadores da luta pela terra.
Nesse momento, ocorre uma ampla campanha de criminalização da luta pela terra, particularmente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), organização revolucionária que tem dirigido as mais importantes tomadas de terra na região nos últimos 30 anos. Recentemente, assinamos abaixo-assinado da CEBRASPO (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos) e da ABRAPO (Associação Brasileira dos Advogados do Povo) defendendo a LCP, entendendo que os ataques a essa organização representam ataques ao povo pobre do campo e aos direitos do povo como um todo.
Aqui, mais uma vez nos solidarizamos com os camponeses que têm enfrentado de pé os ataques do latifúndio. Entendemos que a repressão tem articulado operações desse tamanho porque sabem do papel da LCP na luta pela terra, bem como sabem que o avanço das tomadas tem sido irrefreável diante da crise que assola o país. O trabalho cotidiano das organizações do movimento popular tem resultado em uma elevação da consciência das massas camponesas quanto ao seu papel na luta de classes, resultando em sucessivas tomadas de terra pelo país. Esse é um processo inevitável de agudização, demandando de nós democratas o apoio sem reservas e concreto aqueles que tem se entrincheirado nesse enfrentamento.
A postura covarde do oportunismo frente a esses acontecimentos, ao contrário de nos desmobilizar, deve ser mais uma razão para nos levantarmos em defesa da luta pela terra. Nos comprometemos a apoiar concretamente o movimento camponês, imediatamente divulgando o que ocorre no campo pelas universidades de São Paulo pois sabemos que as universidades são caixa de ressonância do que ocorre na sociedade, bem como se colocando à disposição para somar-se na luta, indo presencialmente aos locais de conflito, arrecadando mantimentos, entre outras formas de apoiá-los de maneira firme.
O bando de Gesulino, o Coronel Braguin e todos os crápulas inimigos do povo em Rondônia devem ser denunciados por todo o país, como sanguessugas e assassinos. Não é nenhum absurdo colocá-los na mesma frase, pois o próprio sobrinho do “Galo Velho” (latifundiário assassino de camponeses em Rondônia) recentemente admitiu, em depoimento ao Jornal A Nova Democracia, contratar policiais para fazer o seu serviço sujo de perseguir camponeses. Isso não é novidade para ninguém, na medida em que é sabido que esse Estado burguês-latifundiário está a serviço das classes que o caracterizam. Admiti-lo publicamente e até agora não haver punição apenas escancara mais uma vez o peso dado por esse sistema judiciário falido aos crimes cometidos pelo latifúndio e as justas reivindicações das massas camponesas.
Desde o 28º Encontro Paulista dos Estudantes de Pedagogia, cerramos mais uma vez nossos punhos junto aos camponeses de Rondônia e de todo o país, contra a criminalização da luta pela terra e em apoio irrestrito à justa resistência das massas.
Abaixo a criminalização da LCP!
Viva a Luta pela Terra!
Moção de apoio às estudantes do Grupo de Mulheres Remís Carla perseguidas pela CONIB na USP
Como parte das resoluções tiradas na plenária final do 28º Encontro Paulista dos Estudantes de Pedagogia, realizado em Ribeirão Preto entre os dias 29 e 30 de novembro de 2025, nós, estudantes de pedagogia reunidos neste encontro, vimos por meio desta moção denunciar as perseguições da CONIB às estudantes que compõem o Grupo de Mulheres Remís Carla, da USP campus sede, que foram ameaçadas pela ouvidoria da universidade de processo criminal por colarem um cartaz em apoio à resistência Palestina.
Reiteramos aqui que nossa posição quanto a causa Palestina é inegociável, quanto mais toda a propaganda realizada com o propósito de espalhar aos quatro ventos as vitórias logradas pela resistência, bem como a denúncia do bárbaro genocídio televisionado que tem sido objeto de repúdio pelo campo democrático e progressista de todo o mundo. Desde o 7 de Outubro de 2023, data em que Resistência Nacional Palestina logrou golpear duramente “israel”, temos realizado uma série de atividades em apoio a essa causa justa e nos lançado ombro a ombro junto a juventude e os estudantes de todo o mundo em defesa do povo palestino. Não é por acaso que em praticamente todas as nossas atividades seja possível ver a bandeira da Palestina tremular, já que por todo o país temos sido a entidade estudantil mais ativa nessa urgente tarefa.
É um absurdo que uma universidade como a USP tenha se sujeitado dessa forma às ameaças da CONIB e arrancado o cartaz colado pelas estudantes. A universidade deve ser um ambiente democrático, de liberdade de expressão, onde todo o movimento popular tem o direito de afirmar sua opinião, ainda mais quando se trata de uma causa tão candente e expressiva como a causa Palestina. Ao fazer isso, a universidade acaba por legitimar os recentes ataques bolsonaristas na FFLHC, onde os cartazes foram removidos sob a justificativa de que ali não é espaço onde se deve discutir política, tal como os milicos faziam durante o regime militar. Será a USP um espaço onde não se pode discutir a causa Palestina?
Não aceitamos e jamais aceitaremos que qualquer material divulgado pelos estudantes seja removido! Seguiremos fazendo a defesa intransigente da causa Palestina e de tudo aquilo que for pertinente ao movimento estudantil, como o apoio aos camponeses, aos operários e as causas anti-imperialistas – doa a quem doer! O apoio a todas as causas populares é característica fundante de nossa entidade desde que rompemos com o oportunismo da Une, bandeiras inalienáveis de todo estudante que se compromete a fazer parte da ExNEPe e suas entidades de base. Nos enche de orgulho saber que não foram os estudantes que se incomodaram com o conteúdo dos cartazes, mas sionistas descarados dentro dessa instituição, que assim como em outros casos recentes no país, tem ameaçado ou processado democratas que defendem a causa Palestina. Se esse foi o caso, atingimos um de nossos objetivos. Asseguramos que irão se incomodar mais, porque somos incansáveis na defesa da causa Palestina. Miramos no exemplo de um povo feito de aço, que diante de mil dificuldades, segue marchando adiante com sua bandeira hasteada.
Desde essa moção, convocamos todos os estudantes a fazer debates, palestras, cine-debates, confecções de murais e cartazes para seguirmos levantando alto a bandeira da Palestina nas escolas e universidades e reiteramos nosso repúdio à CONIB na posição de ouvidoria da USP por essas graves tentativas de intimidação dos apoiadores dessa causa legítima.
Viva a Resistência Nacional Palestina!
Do Rio ao Mar, Palestina livre já!