No dia 30/11 demos início ao 30º Encontro Paranaense de Estudantes de Pedagogia com participação de diferentes delegações presentes (Curitiba, Laranjeiras do Sul, Maringá, Chapecó – SC, e Florianópolis – SC), representados através das entidades: CAPED – UEM, DCE – UEM, DCE – UFFS, CAPED – UFFS, Frente Independente Estudantil do CEP, e Movimento “Marui”.
Pela manhã tivemos a primeira mesa de abertura que contou com saudações e apresentação das delegações presentes, contando com saudação inicial do Profº Luiz Carlos de Freitas, atual Coordenador do Curso de Pedagogia da UFFS e presidente do Fórum Paranaense dos Cursos de Pedagogia – FORPED, além da aprovação do regimento de funcionamento do encontro apresentado pela comissão organizadora. O regimento foi aprovado por unanimidade os estudantes presentes foram convocados a fazerem parte das comissões de trabalho.

Mesa 1: Situação Politica.
A segunda mesa do evento foi sobre a situação política nacional, contando com a participação do indígena vice-cacique Osvaldo Ajala, representando o povo Avá Guarani.
O vice-cacique ressaltou a persistência da resistência indígena através dos anciãos e da juventude, no Oeste do estado do Paraná, na luta pela terra nos municípios de Terra Roxa e Guaíra, também denunciou as atrocidades cometidas pelo senhor de terra da região com ações para apavorar as famílias indígenas buscando expulsá-los de suas terras.
A representante do Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia fez uma exposição da situação política nacional, trazendo aspectos sobre o caráter reacionário das Forças Armadas Brasileiras, os avanços da perseguição e medidas repressivas adotadas pelo governo brasileiro as manifestações no campo e na cidade. Também ressaltou a Resistência Palestina como um duro golpe ao imperialismo norte-americano e o sionismo. Demarcou que os povos camponeses em luta pela terra são os palestinos do nosso país, reforçando que a luta pela terra hoje é a luta antifascista contra as investidas da repressão, especialmente através do grupo “Invasão Zero” como ocorreu em Barro Branco e outras lutas recentes. As intervenções e questionamentos que seguiram reforçaram a necessidade de romper os muros da universidade e colocaram a luta pela terra como o centro de toda luta democrática nacional. Por fim, foi exibida uma reportagem especial do jornal A Nova Democracia sobre a heroica Batalha de Barro Branco.







Mesa 2: “Em defesa das escolas e universidades públicas, gratuitas e a serviço do povo: Derrotar os cortes de verbas e as privatizações das escolas e universidades em todo o Brasil!”
A mesa principal contou com a participação da presidente da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPE) Ana Caroline, do profº Luiz Carlos de Freitas, e da secundarista Emanuela Pompeia Berion.
O professor Luiz iniciou a mesa trazendo uma contextualização da luta de classes, do surgimento da propriedade privada e as teorias que surgiram para explicá-la, desde a teoria liberal a teoria socialista desenvolvida pelo Marx e Engels, sendo a concepção materialista dialética a mais avançada que propõe a transformá-la. Falou de experiências como a Comuna de Paris, o avanço da luta em defesa dos direitos que surgem com a sociedade divida em classes que seguem a lógica “enquanto houver dominação, haverá resistência!” e a traição do movimento neoliberal e pós-moderno que reduziram essas lutas para revindicações identitárias, abandonando a bandeira da revolução social e o fim da propriedade privada. Por fim, o professor reforçou sobre os ataques privatistas como imposição do imperialismo através de organismos internacionais como o Banco Mundial.
A estudante secundarista Emanuele, trouxe a necessidade de lutar em defesa da educação pública e gratuita usando de exemplo as ocupações de 2015 e 2016, também trouxe alguns aspectos da realidade precarizada de sua escola que é alvo do projeto “Parceiros da Escola”. Emanuele comentou um pouco da experiência da Escola do Bairro na qual é professora.
A presidente da ExNEPe, Ana Caroline, trouxe alguns exemplos de privatização que tem ocorrido no país com a entrega das gestões escolares para empresas privadas, como estão acontecendo no PR (200 escolas), SP (30 escolas), MG (80 escolas) e RS (99 escolas), apontando que isso é uma das formas de privatização que ocorre há muito tempo desde a década de 90, principalmente após o Consenso de Washington 1989 e as diretrizes do Banco Mundial para as politicas educacionais, através de diferentes vias: oferta, currículo e gestão. A plataformização foi utilizada como exemplo da privatização que tem ocorrido nas escolas que impulsiona a precarização do ensino e trabalho docente, fazendo com que os professores sejam apenas preenchedores de plataformas. Foi denunciado o completo abandono das escolas públicas pelo governo que as deixa a própria sorte, ao passo que se realizam cortes de verbas, trazendo a privatização como uma “solução”. Além disso, foi denunciado o Novo Ensino Médio que abriu brecha para o avanço da privatização, tendo como exemplo emblemático dos contratos milionários firmados com a Unicesumar para ofertar o itinerário formativo de formação técnica. A fala foi finalizada convocando todos a mirarem os exemplos históricos de resistência da juventude brasileira desde o regime militar contra os acordos MEC/USAID até as greves de ocupações em 2015, 2016, Greve Nacional da Educação e a recente ocupação vitoriosa do Escola Estadual Antônio Ablas. As intervenções da plenária que sucederam as falas dos palestrantes reforçaram a necessidade de combater a privatização, denunciaram o oportunismo das direções sindicais e da UNE e UBES, além da corporativização da SEED nos grêmios e punição e perseguição promovida a aqueles que lutam.





Ao final da tarde foram organizados o Grupos de Discussão sobre as mesas que ocorreram no dia. Foram sistematizado propostas para serem encaminhadas no plano de lutas a ser aprovado no dia seguinte.




De noite realizamos a janta no espaço da universidade e tivemos atividade cultural com apresentação da peça sobre a Feroz Batalha de Barro Branco, uma apresentação de patins que denunciou o feminicídio e slam com apresentação de poesias autorais.




Segundo dia
Mesa 3: Em defesa das escolas e universidades públicas: Pelo currículo científico nas escolas e na formação de professores!
A mesa teve a participação do profº Gracialino da Silva Dias (Trabalhador brasileiro, professor doutor da UFFS – Laranjeiras do Sul), profª Maria Carolina Lobo (Professora pedagoga da rede estadual de ensino do Paraná, especialista em gestão escolar e direito educacional) e profª Rozenilda Luz Oliveira de Matos (Professora doutora da UEM).
O professor Gracialino apresentou a relação entre a situação política nacional e internacional com os currículos escolares, defendendo que suas construções devem se dar em meio a luta de classes e não em gabinetes apartados do conhecimento científico. Apresentou que hoje existe uma dura disputa na defesa de um currículo científico, baseado na pedagogia histórico-crítica, em contraposição às pedagogias da competências, baseadas no relativismo pós-moderno.
A profª Maria Carolina trouxe exemplos práticos das teorias pedagógicas tradicional, critica e pós-critica, destacando que esta última é onde se manifesta o multiculturalismo e pós-modernismo presentes na BNC. Apresentou quais são os eixos da política educacional brasileira, que tem perpassado pela militarização, privatização e plataformização. Ressaltou como essas definições prejudicam a educação brasileira, dando ênfase no modelo cívico-militar que, ao ser implementado em algumas escolas, tem implementado a padronização e repressão nos ambientes escolares, além da desproporcionalidade salarial entre os funcionários militares, que recebem R$5,5 mil reais, e dos professores; além do desigual investimento que existe nos modelos cívico-militares e nas escolas estaduais, um exemple sendo o estado de Santa Catarina que, em média, gastou, entre desde 2021 e 2024, R$1 bilhão com escolas militares, enquanto que o valor em escolas não militares chega em torno de R$500 mil. Por fim, denunciou a fragmentação e padronização que tem ocorrido nos currículos, que focam apenas no objetivo da aprendizagem e não nos conteúdos científicos, currículo definido pela Secretaria da Educação, além de denunciar também os materiais e as aulas que já são criadas e definidas arbitrariamente pela SEED.
A profª Rozenilda fez uma breve intervenção saudando o evento e os palestrantes, trazendo alguns apontamentos sobre a existência do professor depender da existência dos estudantes, levantando reflexões sobre o papel do professor como cientista.
As intervenções que seguiram as falas dos palestrantes fizeram questionamentos pertinentes sobre a relação da gestão democrática das escolas e a formação do currículo, sobre a BNCC, a resolução 04/2024, sobre a pedagogia histórico-crítica e o caráter do IDEB.



Plenária Final.
Na plenária final foi apresentado o balanço de um ano da executiva paranaense que ressaltou os aspectos positivos, principalmente pela participação ativa da ExPEPe nas lutas políticas principais a nível estadual e nacional: a luta contra a privatização das escolas, tomando parte na ocupação da ALEP e mobilizando em frente as escolas que seriam privatizadas em Curitiba, Maringá e também em Laranjeiras do Sul, chegando a ter enfrentamento com a SEED que tentou impedir a mobilização; participamos em ocupações na UFPR (PRAE) e na UEM (prédio da Geografia), conquistando compromisso da burocracia universitária; na greve nacional da educação também não foi diferente, estivemos presentes na ocupação do Dom Pedro II na UFPR reivindicando a contratação de professores para o curso de Psicologia, o retorno da dupla habilitação para cursos de outros departamentos, e denuncia dos cortes de verbas; e prestamos importante solidariedade ao povo palestino nos somando aos acampamentos que ocorriam no mundo inteiro, realizando-os na UEM, na UFFS – Laranjeiras do Sul e a própria ocupação do DPII da UFPR.
Para além disso, ajudamos a impulsionar a eleição do DCE e do CA da UEM, do DCE e do CA de Pedagogia da UFFs, conquistando as quatro entidades. Participamos e ajudamos a organizar o 42º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, que foi um dos maiores encontros já realizados, com a participação de 500 estudantes e entidades, além de contar com importante envolvimento da Universidade sede, que apoiou a realização do encontro com os professores ajudando na organização logística, na comissão científica e também na repercussão posterior ao Encontro, chegando a debater sobre sua realização nas aulas com os alunos.
Ao final deste ano, fomos convidados a participar do evento organizado pelo Fórum Paranaense dos Cursos de Pedagogia (FORPPED), do Seminário de Pedagogia da Região Sul organizado pela Rede Nacional de Pesquisas em Pedagogia (RePPed), e na Aula Pública realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Nossa participação nesses importantes eventos demonstra o reconhecimento do papel que temos tido na luta em defesa do curso de pedagogia e da educação pública, gratuita e a serviço do povo. Além disso, graças a intensa atividade promovida pela Executiva Estadual na região Sul, abriu-se a possibilidade de conformação de novas executivas estaduais, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, para os próximos anos, o qual a nova diretoria empossada fará esforços por auxiliar e garantir a realização.
Quanto aos aspectos negativos que precisam ser retificados, foi ressaltado a necessidade da Executiva Estadual ter reuniões regulares para garantir a sua organicidade; elevar a propaganda e repercussão das denúncias sobre os ataques a educação paranaense e na região Sul; elevar a logística para ajudar no caixa da Executiva Estadual e Nacional; impulsionar a mobilização das entidades de base, incluindo a participação da Entidade Estadual em seus eventos; e a necessidade de combater a subestimação quanto à importância dos Encontro Estaduais.
Ao final do balanço de 1 ano foi apresentado um vídeo das lutas contra a privatização e aberto para intervenções das delegações presentes. As falas concordaram com o balanço geral apresentado e trouxeram elementos sobre as vitórias que tem sido alcançado seguindo a linha da ExNEPe, além do alcance que se teve para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que hoje identificam a necessidade de conformação de suas respectivas Executivas Estaduais.



Foi apresentado a chapa indicada pela ExNEPe a compor a nova diretoria e aberto aos presentes caso tivesse inscrições de chapas ou interessados a compor. Feito a votação, foi empossado a nova diretoria que será composta por dois delegados e dois suplentes para a Coordenação Nacional, que são: Ana Luisa Schnekemberg (UFPR – Curitiba), Eduarda Ramos Neves (UFPR – Curitiba), Júlia Zanini (UFFS – Laranjeiras do Sul), e Isabela Fagion Carvalha (UEM – Maringá). E também delegados para compor a executiva estadual de forma simbólica, que são: Isadora Capelli Rosa (UFPR – Curitiba) e Ághata Meneghetti Ferreira da Silva (UFFS – Chapecó).


A mesa apresentou o plano de lutas e as moções à plenária que as aprovou por unanimidade (logo mais estarão disponíveis para acesso). Ao final foi aberto para as delegações realizarem suas saudações e intervenções finais. Foi declarado o final do 30º Encontro Paranaense de Estudantes de Pedagogia e encerrado com palavras de ordem e muito entusiasmo. O encontro foi concluído com o almoço e o mutirão de limpeza.










Comissão da Creche





Comissão de Alimentação





Comissão de Ornamentação






Mutirão de Limpeza



Moções e Plano de lutas aprovado no 30ºEPEPe:
1. MOÇÃO DE APOIO À LUTA DOS POVOS AVÁ-GUARANI
Frente às recentes retomadas em Guaíra (PR) e Terra Roxa (PR) e às lutas desenvolvidas pelos indígenas Avá-Guarani no oeste paranaense, a Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia manifesta sua solidariedade à justa luta destes pela reconquista de seus territórios originários, dispondo-se a estar ombro a ombro nas retomadas e fazendo ressoar por todo o Brasil sua luta como parte da histórica luta pela terra contra o latifúndio em nosso país.
Em Terra Roxa, latifundiários organizaram manifestação no intento de expulsar os indígenas das áreas ocupadas, e em Guaíra, o Sindicato Rural se pronunciou cobrando celeridade da atuação das forças policiais na repressão e reclamando a aprovação imediata do Marco Temporal. Além disso, um ativista do CIMI – Conselho Indigenista Missionário foi ameaçado por um grupo de homens armados, organizados pelo latifúndio.
Todos esses ataques são em vão, pois não paralisarão a secular luta pela terra, da qual são parte constituinte os povos indígenas. Por tudo isso, nos solidarizamos com a luta dos povos indígenas, bem como com toda luta pela terra que tem avançado em nosso país.
VIVA A JUSTA LUTA E RESISTÊNCIA DOS POVOS INDÍGENAS!
ABAIXO O LATIFÚNDIO!
TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!
2. NOTA DE REPÚDIO CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DAS ESCOLAS NO PARANÁ E RIO GRANDE DO SUL
Como expressão cabal da expansão dos atentados privatistas sobre a educação nos estados da região Sul, no Paraná foi aprovado o PL 22.006/24, que propõe a entrega da gestão das escolas a uma empresa privada. No Rio Grande do Sul, o governo Eduardo Leite quer entregar a gestão de mais de 99 escolas públicas aos tubarões do ensino.
A aprovação de projetos dessa essência reflete uma política de sucateamento e privatização da educação pública, comprometendo a autonomia pedagógica e administrativa, mas também ameaça a participação democrática dentro das escolas, atacando diretamente os princípios fundamentais como a liberdade de cátedra. Serve para conter a mobilização combativa de estudantes, professores e funcionários; uma vez que os tubarões da educação estejam à frente da gestão da escola, eles farão de tudo para afogar as reivindicações dos estudantes e coibir a sua organização.
Diante desse cenário, é crucial intensificar a resistência e a mobilização contra a privatização das escolas. A História tem mostrado que a união de estudantes, professores e comunidade escolar é a única forma capaz de deter retrocessos na educação pública. Devemos ter como exemplo a combatividade dos estudantes que desencadearam a grande onda de ocupações que ocorreram em 2015 e 2016, que, em seu auge, alcançou mais de mil escolas ocupadas.
Portanto, repudiamos veementemente a privatização das escolas públicas no Brasil e convocamos os estudantes, professores e todos os trabalhadores da educação, assim como todo cidadão comprometido com o futuro da educação pública no país, a se unirem nesta luta em defesa do direito da juventude de estudar e aprender e dos professores de ensinar, do direito a uma educação pública, gratuita, científica e que sirva ao povo!
BARRAR A PRIVATIZAÇÃO COM GREVE DE OCUPAÇÃO!
DEFENDER A ESCOLA PÚBLICA E GRATUITA COM UNHAS E DENTES!
3. NOTA DE REPÚDIO CONTRA A PEC 164/2012 – PEC DO ESTUPRO E O PL 1904 – PL DO ESTUPRADOR
A Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia manifesta seu contundente repúdio à PEC 164/2012, a “PEC do Estupro”, aprovada no dia 27 de novembro, que proíbe o aborto mesmo nos casos previstos em lei. Também repudia o PL 1904/24, o famigerado “PL do Estuprador”, aprovado no dia 12 de junho, que criminaliza a realização do aborto, mesmo nos casos previstos em lei, como homicídio. Tanto a PEC quanto o PL são criminosos ataques à dignidade e à vida das mulheres de nosso povo.
No mês de julho, em diversas capitais do país, ocorreram atos de rua, onde ativistas em defesa dos direitos das mulheres e demais democratas expressaram seu mais veemente repúdio ao PL do Estuprador. O PL da “gravidez infantil”, de autoria do reacionário deputado federal Sóstenes Cavalcanti, do Partido Liberal (PL) do Rio de Janeiro, que visa condenar de 10 a 20 anos de prisão mulheres que realizarem aborto após 22 semanas de gestação, representa uma cruzada fascista e obscurantista contra um direito das mulheres do nosso povo.
Agora, na última quarta-feira de novembro, mais um grave ataque aos direitos das mulheres ocorreu com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 164/2012. Essa hedionda proposta estabelece a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção, ou seja, proíbe o aborto legal no país, mesmo nos casos previstos em lei, como gravidez fruto de estupro, anencefalia fetal e gestação de risco.
A atrasada legislação brasileira, hoje, não garante o direito às mulheres de realizarem o aborto em caso de necessidade, tipificando-o como crime com pena de um a três anos de prisão. Entretanto, o aborto não é considerado crime em casos de estupro, risco materno e de anencefalia. O horrendo PL 1904/24 busca restringir o direito ao aborto em casos de estupro, colocando o limite legal de 22 semanas de gestação para a realização do procedimento, sendo que, após isso, a mulher – ou, na maioria dos casos, as crianças – poderão ser condenadas a 20 anos de prisão, enquanto que a pena para estupradores pode chegar até no máximo 12 anos. A PEC é ainda pior, pois criminaliza o aborto legal mesmo nos casos previstos em lei, defendendo a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção. Dessa forma, proíbe que, mesmo vítimas de estupro, realizem aborto antes de 22 semanas de gestação.
Dados do IPEA de 2022 apontam que o Brasil registra 822 mil casos de estupros por ano, algo em torno de 2 estupros por minuto. Destes, aproximadamente 75% dos casos ocorrem com menores de 14 anos. É importante frisar que tais dados são subestimados, uma vez que levam em conta apenas os casos notificados, sendo que outros tantos casos ocorrem e sequer são registrados.
O altíssimo número de estupros no Brasil, que tem aumentado ano após ano, representa o apodrecimento completo do sistema de exploração e opressão vigente em nosso país, que mantém em suas bases as mais brutais condições de vida e a opressão sexual sobre as mulheres. O monopólio de mídia em nosso país, servindo aos interesses do grande capital monopolista, doméstico ou estrangeiro, contribui para esses dados aterradores com suas produções culturais misóginas, retratando em filmes, músicas, séries, etc., as mulheres como meros objetos sexuais, passíveis de serem vítimas de toda e qualquer forma de abuso.
A PEC 164/2012 e o PL 1904/24 fazem parte de uma cruzada fascista, obscurantista e de criminalização do aborto, atingindo principalmente as mulheres pobres de nosso país, uma vez que é fato conhecido que as mulheres ricas, que podem pagar por um procedimento seguro em clínicas clandestinas ou em países do exterior onde o aborto é permitido, realizam-no sem serem criminalizadas, assim como podem arcar com os custos do pós-operatório, acompanhamento psicológico, dentre outros, sem sofrer com a pressão da sociedade de serem taxadas como criminosas. Já as mulheres do povo, que não possuem condições financeiras suficientes para realizar um procedimento seguro, principalmente pelo fato de tais condições não serem ofertadas pelo sistema público de saúde, precisam recorrer a procedimentos extremamente arriscados, em clínicas que mais parecem abatedouros, correndo risco de sofrerem hemorragias, infecções e até mesmo morte.
Diante disso, nós, estudantes presentes no 30º EPEPe, expressamos mais uma vez nosso veemente repúdio à PEC 164/2012 e ao PL 1904/24 e manifestamos nosso compromisso de, junto a todas as mulheres do povo, estudantes, professoras, camponesas e demais trabalhadoras, nos lançarmos na luta contra esses criminosos projetos, assim como na justa luta pela descriminalização do aborto, como um direito democrático que deve ser garantido a todas as mulheres, em uma sociedade que não proporciona as condições materiais, sociais, culturais e psicológicas para que a mulher exerça a maternidade de forma plena e feliz.
4. APOIO À OCUPAÇÃO ESCOLA ANTÔNIO ABLAS
Os estudantes de Pedagogia e demais licenciaturas reunidos no 30º EPEPe, em Laranjeiras do Sul, manifestam seu apoio cabal aos estudantes que realizaram uma grandiosa ocupação na Escola Estadual Antônio Ablas, localizada em Santos, São Paulo. A ocupação ocorreu em um contexto de estarrecedor avanço das políticas reacionárias do governo de Tarcísio de Freitas. Tais políticas têm como objetivo precarizar, privatizar e vender as escolas públicas estaduais e, portanto, devem ser combatidas por todos os estudantes, professores, funcionários e democratas de nosso país.
É imprescindível impulsionar a organização de grêmios estudantis combativos e uma nova grande onda de ocupações secundaristas que lute com unhas e dentes contra o NEM, a precarização, privatização, plataformização e militarização do ensino, em defesa de uma educação pública, gratuita, científica, democrática e a serviço do povo.
VIVA A VITORIOSA OCUPAÇÃO DA ESCOLA ANTÔNIO ABLAS!
VIVA O MOVIMENTO ESTUDANTIL INDEPENDENTE E COMBATIVO!
DESENCADEAR UMA PODEROSA ONDA DE GREVES E OCUPAÇÕES!
5. APOIO AOS POSSEIROS DE MESSIAS
A Executiva Paranaense e os participantes do 30º Encontro Paranaense de Estudantes de Pedagogia prestam a sua mais sincera solidariedade aos camponeses de Messias (AL), que foram despejados de suas casas na Área Revolucionária Renato Nathan, organizada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), no dia 22 de outubro.
Os camponeses, que ocupavam aquele pedaço de terra há mais de 20 anos – com o processo de desapropriação das terras em favor dos posseiros já encaminhado pelo Incra – foram surpreendidos por uma “verdadeira operação de guerra a mando dos latifundiários da Usina Utinga Leão”. As denúncias relatam que um aparato repressivo brutal foi montado, com a energia elétrica da cidade sendo desligada para que os bandos paramilitares, com a conivência da polícia de Alagoas, pudessem promover os mais hediondos crimes contra a população. O resultado disso foi que casas, comércios e lavouras foram saqueados e destruídos, e, principalmente, as pessoas foram despejadas de suas terras.
Os camponeses, com muita combatividade e fervor, no dia 30/11, iniciaram a retomada de suas terras! Nos enche de ânimo a notícia da retomada das terras pelos seus legítimos proprietários. Assim, assumimos o compromisso de prestar irrestrito apoio à luta dos posseiros de Messias e de todos os camponeses do Brasil pelo seu direito à terra, para nela viver e trabalhar!
VIVA A LUTA DOS POSSEIROS DE MESSIAS!
ABAIXO A USINA UTINGA LEÃO E SEUS BANDOS PARAMILITARES!
TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!
6. AOS CAMPONESES DE BARRO BRANCO
A Executiva Paranaense dos Estudantes de Pedagogia estende sua solidariedade e saúda efusivamente a heroica resistência dos posseiros do Engenho Barro Branco, organizada pela Liga dos Camponeses Pobres — LCP, no município de Jaqueira, em Pernambuco; ao mesmo tempo, denuncia a investida assassina do latifúndio contra os posseiros no episódio de terror e arbitrariedade promovido pelo latifúndio armado e apoiado pelas hordas assassinas do Estado, em que cerca de 50 agressores, entre eles pistoleiros e policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais — GATE, avançaram sobre os posseiros com arsenal de guerra. Sob ordens diretas da empresa Agropecuária Mata Sul Ltda, invadiram a comunidade derrubando cercas, promovendo a devastação de suas roças e benfeitorias, além de, criminosamente, alvejar três pessoas, entre elas, uma estudante universitária da UFPE, que foi ferida no pé.
Ressaltamos o papel que os estudantes consequentes e democráticos desempenharam na ação de resistência de Barro Branco, não recuando às investidas dos pistoleiros fortemente armados, lutando lado a lado com as massas mais profundas de nosso país. Estiveram audazmente na linha de frente da luta pela justa defesa da terra daqueles que lá vivem e trabalham, erguendo alto a bandeira do movimento estudantil combativo, que, sem temer, se alça além dos muros da universidade e se compromete materialmente com a luta mais desafiadora em nosso país: a luta pela terra.
Nesse sentido, a Executiva Paranaense dos Estudantes de Pedagogia denuncia a violência perpetrada pelo latifúndio, apoiada com todo o aparato do Velho Estado, e saúda a resistência feroz dos camponeses que, amparados pelas redes de solidariedade construídas no campo e na cidade, colocaram para correr os covardes cães de guarda do latifúndio.
Saudamos também a firmeza e a decisão dos camponeses por retomarem a área devastada pelo grupo Invasão Zero, um mês após a Feroz Batalha de Barro Branco. Na área recuperada, levantaram o Acampamento Menino Jonatas, em homenagem à criança assassinada por pistoleiros a mando do latifúndio no Engenho Roncadorzinho (PE).
VIVA A LUTA DOS CAMPONESES EM BARRO BRANCO!
TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!
DERRUBAR OS MUROS DA UNIVERSIDADE, SERVIR AO POVO NO CAMPO E NA CIDADE!
7. ABAIXO OS CORTES DE VERBAS
Este ano, o governo de Luiz Inácio anunciou mais de três dracônicos cortes orçamentários na educação: o primeiro, no orçamento das universidades para o ano letivo de 2024, onde cerca de R$ 310 milhões foram cortados; o segundo, de R$ 1,2 bilhão; e, mais recentemente, o privatista Fernando Haddad anunciou que, para 2025, um novo grande corte atingirá a educação em cheio, dando continuidade aos cortes já realizados no passado, quando o governo retirou R$ 332 milhões da educação e R$ 116 milhões da Capes.
Esses “congelamentos” afetam não somente a educação, mas diversas outras áreas, especialmente as sociais, que atingem os mais pobres. Segundo o governo, essa medida é justificada pela necessidade de cumprir o famigerado arcabouço fiscal, também conhecido como “teto de gastos”. Essa situação revela o descaso do governo para com os direitos do povo e seu total compromisso com o cumprimento das metas fiscais estabelecidas por organismos internacionais, como o Banco Mundial, demonstrando a subserviência do Estado e do governo às potências estrangeiras, principalmente os Estados Unidos.
Diante disso, é necessário que os estudantes, professores e demais defensores da educação pública denunciem para toda a sociedade os ataques e cortes realizados pelo atual governo e organizem uma resposta contundente, desatando uma poderosa onda de greves e ocupações contra o saqueio das verbas de nossas universidades!
ABAIXO OS CORTES DE VERBAS!
ABAIXO O FAMIGERADO ARCABOUÇO FISCAL!
VIVA A LUTA DOS ESTUDANTES COMBATIVOS!
DESENCADEAR UMA PODEROSA GREVE DE OCUPAÇÕES NAS UNIVERSIDADES!
PLANO DE LUTAS DO 30° EPEPE
1. Lutar com unhas e dentes pela revogação imediata do Novo Ensino Médio (NEM) e contra a privatização das escolas públicas, de forma a impulsionar a criação e organização de Grêmios Estudantis, Coletivos e Frentes combativas, e uma nova onda de ocupações secundaristas.
2. Lutar pela desmilitarização completa das escolas e universidades públicas, garantindo o direito à livre associação, reunião e manifestação, sem perseguição política aos estudantes que lutam.
3. Lutar pela revogação imediata da nova DCN da Pedagogia, defendendo a concepção do Pedagogo Unitário e aplicando a indissociabilidade entre docência, gestão e pesquisa na formação.
4. Fortalecer a construção da Executiva Estadual através da aplicação do mobilizar, politizar e organizar os estudantes de Pedagogia e dar luta para construir outras Executivas Estaduais nos demais estados da região Sul.
5. Realizar murais de divulgação e Pós-EPEPes presenciais para levar as discussões e o Plano de Lutas do 30° EPEPE para os estudantes, professores e democratas de cada região.
6. Criar ou disputar eleições de C.A.s, D.A.s e DCEs, impulsionando entidades representativas que defendam a linha da ExNEPe.
7. Derrubar os muros da Universidade a partir de projetos de ensino, pesquisa e extensão ligados a atividades de solidariedade classista, aulas, apoio pedagógico, lazer e cultura, impulsionando a organização da população.
8. Ligar-se à luta dos trabalhadores do campo e da cidade contra o ataque aos seus direitos, somando-se às suas reivindicações e impulsionando a greve geral de forma a unificar a luta dos estudantes à dos demais trabalhadores.
9. Realizar atividades políticas como atos, panfletagens, colagens de cartazes, debates públicos, entre outras coisas, no Dia do Estudante Combatente (28 de março).
10. Lutar contra o criminoso fechamento das escolas do campo, que visa negar aos camponeses o acesso ao conhecimento científico, bem como lutar pela criação de escolas indígenas onde não há, de forma a garantir um ensino público, gratuito e científico vinculado ao trabalho, cultura e à luta pela terra.
11. Organizar comitês e mobilizar os estudantes, particularmente as companheiras, na luta contra a criminosa PL 1904, PL do Estuprador, e a PEC 164/2012, realizando diversas mobilizações e ações nas universidades.
12. Lutar contra o desmonte da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Organizar debates em defesa da EJA e incluir na luta contra o Novo Ensino Médio, brigando pela abertura de turmas e melhores salários aos professores.
13. Lutar contra a imposição da Educação a Distância e a plataformização da educação, pois essas medidas ferem diretamente a autonomia do professor e submetem o processo educativo ao uso de plataformas digitais privadas que cerceiam o conteúdo científico em prol de um ensino raso e pragmático, sob vigilância ideológica constante do governo e de empresas.
14. Defender a justa luta pela terra desenvolvida hoje pelos camponeses pobres, povos indígenas e quilombolas, impulsionando a solidariedade de classe e a defesa da Revolução Agrária.
15. Dar luta incessante para participar do 26° FoNEPe no Pará, realizando campanhas de arrecadação e Pré-FoNEPes.
16. Organizar boletins informativos sobre lutas atuais a serem submetidos à Diretoria da Executiva Paranaense.
17. Realizar uma missão de solidariedade ao povo Avá-Guarani no Oeste Paranaense.
Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia
01 de dezembro de 2024.
VIVA A EXECUTIVA PARANAENSE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA!
VIVA O VITORIOSO 30° EPEPE EM LARANJEIRAS DO SUL!