DIA 1 (23/11):
No decorrer do último dia 23 de novembro o comando de mobilização da UNIR, dirigido pelo Diretório Central dos Estudantes da UNIR, centros acadêmicos e demais estudantes, que tomaram para si tarefa de reivindicar a imediata abertura do restaurante universitário, iniciaram as atividades do dia panfletando e convocando de sala em sala os estudantes para uma manifestação no mesmo dia, em frente ao prédio em que está instalada a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis (PROCEA), localizada em cima do RU.
A manifestação teve início às 16h30min, contando com mais de 200 estudantes, que expressaram de forma incisiva sua indignação, por meio de falas e palavras de ordem denunciando a burocracia universitária da UNIR, que há anos tenta enganar os estudantes com falácias vazias e sem nenhum compromisso. Na sequência, saíram em manifestação pelo campus, e em alto e bom som gritavam palavras de ordem, convocando os demais a se somarem a essa luta.
Sem respostas da reitoria, os estudantes se direcionaram até a PROCEA e em coro anunciaram que o prédio estava ocupado por tempo indeterminado. Os funcionários foram convidados a se retirar e após a saída deu-se início a primeira assembleia da ocupação, onde foram votadas as reivindicações dos estudantes em ocupação. Ainda na noite do dia 23, foram enviados dois ofícios, via e-mail, contendo as reivindicações dos estudantes para a reitoria da UNIR.
DIA 2 (24/11):
No primeiro dia após a deflagração da ocupação discente, após um delicioso café da manhã garantido com doações que indicam o amplo apoio que os estudantes tem recebido, uma comissão destacada entre os estudantes em ocupação percorreu de sala em sala por toda a universidade para anunciar a ocupação e convidar os demais discentes para um cine-debate, que ocorreu às 10h30min, com o documentário: “Greve UNIR 2011- Resistimos, lutamos, com a greve triunfamos”.


O documentário foi exibido dentro do RU, e nesse momento dezenas de estudantes tiveram a oportunidade de pela primeira vez colocar os pés nesse espaço, que até então só era aberto pela reitoria para receber as “autoridades”. O RU permaneceu aberto para que a comunidade discente pudesse almoçar dentro do espaço.






Ainda no dia 24, um dia após a ocupação da PROCEA e do restaurante universitário da UNIR, a reitoria atendeu à solicitação de reunião, que foi realizada dentro da própria ocupação, no RU. Após a confirmação da reunião, os estudantes em ocupação reuniram-se em assembleia para deliberar uma posição diante as possíveis propostas para com as reivindicações.
Frente aos quase 100 estudantes presentes no espaço, o reitor respondeu às reivindicações uma a uma enviadas pelo comando de ocupação. Os estudantes conquistaram a implementação de subsídios para a pós-graduação; garantiram a participação estudantil em todo o processo decisório no que diz respeito ao RU antes e depois de sua abertura; a reitoria se comprometeu a tornar transparente todo o processo documental de implementação do RU até a próxima terça-feira (28/11). As conquistas, ainda que parciais, apontam a justeza da ocupação!
No que diz respeito às demais reivindicações, a reitoria não se comprometeu a adiantar a data de abertura do RU. Entretanto, os estudantes arrancaram a garantia de uma reunião com a empresa contratada para que possam negociar o adiantamento da inauguração do RU. Sobre o valor das refeições, a reitoria se negou a assumir o compromisso de equiparar os valores ao das universidades federais da região norte, dizendo que para isso se efetivar é preciso aporte de recursos do MEC, entretanto, não apresentou nenhuma proposta de como conseguir esse aporte.
Por fim, os estudantes em uníssono responderam não aceitar a contraproposta da reitoria, anunciando a continuidade da ocupação e expulsaram a reitoria do prédio ocupado em meio a vigorosas palavras de ordem.





Dia 3 (25/11)
Os estudantes iniciaram o terceiro dia de ocupação reunindo-se para tomar o café da manhã. Em seguida, ocorreu uma roda de conversa entre os ocupantes, que aproveitaram o momento para trocar experiências e promover a integração entre os mesmos.
Ainda durante a manhã, houve uma reunião entre os estudantes e a representante da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia (ADUNIR), que saudou efusivamente a decisão dos estudantes por ocuparem a PROCEA e o Restaurante Universitário, ressaltando a justeza do movimento. Demonstrando seu completo apoio, a associação também contribuiu com doação de alimentos.
Após a reunião, os estudantes encaminharam-se para o almoço. Ao longo do dia diversos professores democráticos visitaram a ocupação e deixaram suas contribuições. Ainda durante a tarde, os ocupantes reuniram-se em assembleia para discutir o balanço do dia anterior e, de forma democrática, decidir os próximos passos.
No início da noite foi realizado um “luau da ocupação”, atividade cultural aberta a todos os estudantes da UNIR. Os participantes cantaram e tocaram diversas músicas, recitaram poemas e fizeram gincanas e brincadeiras.


Dia 4 (26/11)
O quarto dia de ocupação teve início bem cedo com o café da manhã e um mutirão de limpeza, visando manter a integridade e a ordem do local. Em seguida, foi realizado um cine-debate com o documentário “Lute como uma menina!”, que aborda o movimento de ocupações das escolas estaduais em São Paulo pelos estudantes secundaristas, em 2015.
Somando com a atividade, através de sala virtual, contou-se com a presença ilustre da secretaria nacional da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia e demais estudantes que participaram de lutas de greves de ocupações em diferentes universidades do país como UFPR, UEM, USP e UFMA, o que propiciou que os estudantes em ocupação pudessem conversar e trocar experiências com as demais regiões que recentemente também aplicaram a tática de ocupação como forma de reivindicação dentro de suas universidades.
Após o encerramento da atividade, seguiu-se pra o almoço e aproveitou-se a tarde para a realização de uma série de atividades esportivas. Na sequência, os estudantes se organizaram para o banho, jantar e finalizaram a noite em assembleia, fazendo o balanço das atividades do dia e discutindo os próximos rumos da ocupação.




DIA 5 (27/11)
Os estudantes em ocupação iniciaram o quinto dia reunindo-se para tomar o café da manhã. Na sequência, em comissões, saíram de sala em sala panfletando a resposta do Comando de Ocupação frente ao comunicado da reitoria intitulado “esclarecimentos sobre o restaurante universitário”, que abertamente criminaliza os estudantes em luta, exige que desocupem os espaços e define os ocupantes como “invasores”, esquecendo que o espaço em que hoje está ocupado pelos estudantes fora construído para fins de conivência estudantil e, de forma indevida, tomado pela Pró Reitoria da universidade.
Com grande entusiasmo, os estudantes também aproveitaram a oportunidade para convidar toda a comunidade acadêmica para a vitoriosa inauguração independente do restaurante universitário da UNIR, que ocorreria no dia seguinte.
Após a conclusão das passagens em sala, os estudantes se encaminharam para o almoço, e deram início aos preparativos para as atividades que seriam desenvolvidas a tarde.
No decorrer da tarde foram realizadas, simultaneamente, uma oficina de cartazes e produção de faixas e uma roda de conversa abordando as gloriosas jornadas de luta de junho e julho de 2013. Ambas atividades foram abertas a comunidade acadêmica e contou com um número expressivo de participantes. As faixas e cartazes produzidos foram utilizados como parte da ornamentação do espaço para inauguração independente do R.U.






No começo da noite seguiu-se para banho e jantar e deu-se inicio a assembleia da ocupação, que ocorre todos os dias. Durante a assembleia, além do balanço diário, tirou-se também os responsáveis e encaminhamentos para a inauguração independente do R.U. Ao final da assembleia, os estudantes se reuniram para iniciar tais preparativos e ainda durante a madrugada se dividiram em ornamentação do espaço e alimentação.




DIA 6 (28/11)
No último dia 28, sexto dia de ocupação, uma verdadeira força tarefa foi conformada para garantir a abertura independente do R.U. Em clima de revolta com a velha burocracia universitária, que há 12 anos tenta ludibriar os estudantes com prazos ilusórios para a abertura do restaurante universitário, o movimento estudantil independente e combativo da UNIR organizou-se, tomando para si a responsabilidade de inaugura-lo.
Logo após o café da manhã, os estudantes em ocupação seguiram com os preparativos para a abertura, organizados em comissões de trabalho ornamentaram e cozinharam em clima altivo, ao som de gritos de ordem, contagiando a todos que passavam pelo local.
Às 11h da manhã, centenas de estudantes se somavam em frente ao espaço, para finalmente se alimentarem pela primeira vez no R.U da UNIR. Após uma série de intervenções de estudantes que denunciavam a falta de respeito da administração superior para com a comunidade acadêmica e saudavam efusivamente a luta encampada pelo comando de ocupação estudantil, a faixa fora cortada ao som de palavras de ordem e fogos de artifício, e assim, inspirados por aqueles que, com muita luta, garantiram a construção do restaurante universitário da UNIR, o movimento estudantil independente e combativo da UNIR, o tomou em suas mãos e o inaugurou.










No almoço do dia 28/11 mais de 300 estudantes alimentaram-se com qualidade, pagando 1 real e aqueles que não tinham como pagar foram servidos gratuitamente. Professores e trabalhadores terceirizados da instituição também compareceram em peso, demonstrando completo apoio.
Após o almoço os estudantes em ocupação realizaram um mutirão de limpeza no R.U e no espaço que, até então, estava sendo utilizado pela PROCEA e é reivindicado pelo comando de ocupação estudantil. Dessa forma, mantendo a ordem e a integridade dos espaços que ocupam.


Com os espaços limpos, deu-se inicio aos preparativos para servir o jantar para a comunidade acadêmica dos cursos noturnos. O jantar começou a ser servido às 18h30min e compareceram quase 200 estudantes, que puderam usufruir do R.U com comida de qualidade e preço justo.
Como parte da ornamentação do espaço o comando de ocupação estudantil deixou um mural disponível para que os estudantes pudessem deixar ali uma mensagem. Na oportunidade, centenas de alunos utilizaram o mural para saudar o movimento estudantil da UNIR, vários eles deixaram desabafos evidenciando o quão árduo é fazer ciência com fome, além de expressarem sua indignação com a burocracia universitária. O apoio para com os estudantes em ocupação também se estendeu a dezenas de professores, centros acadêmicos, entidades democráticas e comunidade em geral, que contribuíram com doação de alimentos e dinheiro para possibilitar as atividades. Ressaltando, mais uma vez, a importância e justeza dessa luta.

Ao final das atividades, os estudantes em ocupação se encaminharam para banho e jantar. Finalizando o dia em assembleia, fazendo balanço do dia e decidindo coletivamente os próximos passos.
Dia 7 (29/11)
O sétimo dia de ocupação, dia 29/11, teve inicio com o café da manhã entre os estudantes ocupantes. Ainda durante a manhã fora realizado uma roda de leitura e discussão do boletim nº 008 da ExNEPe, que tem como objetivo apresentar um estudo aprofundado sobre o famigerado “Novo” Ensino Médio, tratando do histórico da proposta de contrarreforma; o contexto em que se insere de ataques ao ensino público e gratuito; o que representa essa medida antipovo; as graves consequências de sua implementação e o caminho para os estudantes barrarem mais esse ataque privatista que atenta diretamente contra o direito dos professores de ensinar e dos filhos e filhas do povo de aprender.
Logo após a discussão seguiu-se para o almoço. Na sequência, em comissão, saíram para realizar as passagens em sala, convocando os estudantes para se somarem a reunião com a reitoria, que aconteceria pela tarde, para tratar das reivindicações feitas pelos estudantes em ocupação.
Por volta das 16h30min mais de cem estudantes se reuniram próximo ao restaurante universitário, visando obter um posicionamento da reitoria quanto às necessidades da comunidade acadêmica. Ao som de vigorosas palavras de ordem, às 17h, os estudantes seguiram até o auditório onde aconteceria a reunião.
De forma debochada, como é de praxe, o reitor em exercício (Juliano Cedaro) recebeu os estudantes com aplausos e com um “belo” sorriso estampado em seu rosto. Na oportunidade, o coordenador geral do DCE, destacado como porta voz dos estudantes em ocupação, fez uma fala inicial relembrando os feitos realizados pelos ocupantes nos últimos dias e colocando, novamente, quais eram as reivindicações. Além de expor o jogo sujo da reitoria, que tem tentado a todo custo desmoralizar a luta dos estudantes.


O reitor em exercício, Juliano Cedaro, iniciou seu discurso, de forma teatral, afirmando que entende a justeza da luta dos estudantes, que outrora o mesmo já havia participado do movimento estudantil. Mas a peça teatral pouco durou, nos primeiros minutos de reunião, após os estudantes puxarem palavras de ordem, a máscara caiu e o reitor mostrou sua verdadeira face. De forma completamente antidemocrática começou a gritar e proferir ataque aos estudantes em ocupação, chamando-os de invasores e máscarados.
Sentindo-se atacados e desrespeitados, os estudantes se retiraram do auditório e reuniram-se no restaurante universitário, dando inicio a uma assembleia geral, para tomada de posição e decisão dos rumos adotados nos próximos dias.
Após a assembleia, os ocupantes encaminharam-se para banho e jantar, e ainda durante a noite, realizou-se como atividade cultural um “cine-pipoca”.
Dia 8 (30/11):
Após o café da manhã, os estudantes discutiram sobre a nota elaborada como resposta ao posicionamento da reitoria, no que diz respeito a reunião realizada no dia anterior, e organizaram-se para passar em sala panfletando e informando a comunidade acadêmica acerca do ocorrido.
Ainda durante a manhã, prezando pela ordem e integridade dos espaços ocupados realizou-se um mutirão de limpeza. Na sequência seguiu-se para o almoço.
No decorrer da tarde, em atividade aberta a comunidade acadêmica, ocorreu uma aula pública com uma professora do curso de geografia, acerca do papel do estudante na luta por políticas públicas nas universidades.
Além disso, a atividade contou com a presença de uma defensora pública, que demonstrou total apoio à luta travada pelos estudantes em ocupação, visitou os espaços que estão sendo ocupados e tirou várias dúvidas que permeavam entre os ocupantes.
No inicio da noite os estudantes novamente e organizaram-se para passar em sala panfletando e informando a comunidade acadêmica a respeito da reunião com a reitoria. Ao finalizarem a atividade, retornaram para o restaurante universitário, seguindo para banho e jantar.
DIA 9 (01/12 ):
No nono dia de ocupação, dia 01/12, logo após o café da manhã, os estudantes reuniram-se em assembleia para realizar o balanço do dia anterior e juntos, definirem os próximos passos a serem tomados.
Ainda no decorrer da manhã, em atividade aberta a comunidade acadêmica, realizou-se uma roda de conversa sobre a “Questão Palestina”. Após assistirem a um trecho da entrevista do programa A Propósito, produzido pelo Jornal A Nova Democracia, com o presidente da FEPAL, Ualid Rabah, os participantes discutiram os acontecimentos na faixa de gaza e cisjordânia ocupada, assim como a repercussão da guerra de agressão sionista na imprensa e o apoio crescente a resistência palestina.


No inicio da tarde, seguiu-se para almoço e retomaram-se as passagens em salas, panfletando e informando a comunidade acadêmica a respeito da reunião com a reitoria, contemplando assim os estudantes dos três turnos da universidade. Com o iniciar da noite, os ocupantes seguiram para banho e jantar, e posteriormente desfrutaram de uma noite cultural com jogos e karaokê.
Dia 10 (02/12 ):
No décimo dia de ocupação, dia 02/12, logo após o café da manhã, os estudantes reuniram-se em assembleia para realizar o balanço do dia anterior definir programação e próximos passos da ocupação.
Ainda durante a tarde, a comissão destacada para realizar a atração durante o evento cultural a ser realizado na próxima semana, organizou-se para os ensaios e as demais comissões trabalharam para cumprir suas demandas de limpeza, segurança, logística, materiais e alimentação.
Com o iniciar da noite, os ocupantes seguiram para banho e jantar, e posteriormente realizaram uma divertida noite cultural jogando “imagem e ação”.