A União Nacional dos Estudantes (UNE) já foi um grande movimento de luta e cumpriu um papel importantíssimo durante a ditadura militar, contudo, depois dos anos 2000, a UNE adotou posições oportunistas e governistas. Não sendo mais um movimento de luta e sim de pró-governo e imobilista.
Em 2004, no 24º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia (ENEPe), foi aprovado o rompimento da ExNEPe com a União Nacional de Estudantes (UNE). Em 2004, completaram-se dois anos do governo petista de Luís Inácio Lula, que foi eleito com a promessa de ser ‘’o primeiro governo de esquerda’’ e de criticar o governo liberal tucano de FHC. Com sua posse, deu continuidade às políticas privatistas do Banco Mundial/FMI, comprovando ser mais um representante do velho Estado burocrático e latifundiário brasileiro. Nesse contexto, a Reforma Universitária (REUNI), iniciada e formulada pelos tucanos, foi aprofundada sem alterações pelos petistas. Desde a posse do PT/PCdoB, a UNE, que passou os anos 90 organizando passeatas contra as investidas privatistas do governo anterior, passou a defender o novo governo de turno.
Desde então, se tornou oficialmente subsecretaria do MEC e declarou imediatamente que: o movimento estudantil deixaria de ser resistência para ser de ‘’proposição’’ ao governo ‘’popular e democrático’’. Nunca ficou tão clara a posição da UNE como movimento estudantil burguês. Defenderam descaradamente a repressão e o ataque aos direitos do povo, e encabeçaram desde o início a campanha do governo pela ‘’reforma universitária já’’ através da chamada ‘’Caravana UNE pelo Brasil’’. Durante meses, a UNE levou o MEC para as universidades para defender a contra-reforma do Banco Mundial. Na maioria das universidades, a UNE foi expulsa e não conseguiu falar, tamanha a repulsa dos estudantes. Na UFMG, por exemplo, foram expulsos por mais de 200 estudantes, que, em manifestação no dia da chamada caravana, gritavam em alto e bom som: FORA PCdoB DA UFMG!
Diante dessa posição traidora da UNE frente às grandes mobilizações estudantis contra o REUNI e seus sucessivos ataques e represálias aos estudantes que discordavam de sua linha, no 24º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, foi aprovado unanimemente o rompimento definitivo da ExNEPe com a chamada ‘’entidade máxima representativa dos estudantes brasileiros’’, a União Nacional dos Estudantes. A Pedagogia não foi o único curso a romper com a entidade, mas foi o principal a desencadear grandes ondas de manifestações e ocupações contra o REUNI e as contrarreformas na educação que estavam por vir.
E, não aceitando o total desprezo dos estudantes de Pedagogia pela UNE, seus representantes continuaram a ir aos encontros. A princípio, para tentar iludir as massas estudantis dizendo-se ‘’oposição’’ à direção da UNE, mas, tendo suas reivindicações desaprovadas em votação nas plenárias finais, passaram a tentar implodir os Encontros Nacionais, gritando, agredindo e ameaçando os estudantes. Nos estados em que tinham a direção das Secretarias, impediam a realização dos Encontros Estaduais e as mobilizações para as Nacionais. Por fim, o Campo de Luta, que assumia a defesa de uma Entidade Nacional independente, classista e combativa, expulsa de vez os imobilistas da UNE, que deixaram de participar dos encontros em 2018 e tentam reestruturar o movimento de pedagogia, pelego e pacifista, usurpando da sigla MEPe para realizar encontros esvaziados e sem Plano de Lutas nacional, caindo no verdadeiro esquecimento.
A ExNEPe mostrou na prática a importância que teve o rompimento. Realizou grandes manifestações e greves de ocupações por todo país. Demonstrou, não só aos estudantes de pedagogia, que a luta combativa e independente é o caminho. Ousando lutar contra as amarras do velho movimento estudantil.
A EXNEPE É PRA LUTAR, O IMOBILISMO NÃO VAI NOS SEGURAR!