Remís Carla: Presente na Luta!
Após oito anos do brutal feminicídio de Remís Carla, companheira assídua do movimento estudantil e estudante dos últimos semestres do curso de Pedagogia, sua memória segue viva, sendo homenageada e tratada com muita honradez por suas companheiras de luta. Diversos coletivos e grupos de estudos estamparam seu rosto, relembrando a grande ativista que ela foi.
Remís fazia parte da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) e não media esforços para romper os muros da universidade, vinculando-se ao povo. Atuou no apoio à organização de Escolas Populares no campo e teve participação ativa em protestos e mobilizações de rua na cidade.
A companheira segue viva em nossa memória e na luta contra a opressão feminina, por uma educação a serviço do povo e por uma sociedade mais justa. Sabemos que, quando em luta, em grande parte, a mulher se liberta. No entanto, temos a clareza de que a única forma de acabar definitivamente com a opressão feminina é por meio da construção de novas relações sociais e de uma nova cultura.
A história há de te vingar, Remís, assim como a todas as mulheres vitimadas pelo feminicídio.
Relembrando o ocorrido
No dia 17 de dezembro de 2017, Remís Carla, então com 24 anos, foi dada como desaparecida. O último local onde havia sido vista foi a casa de seu ex-namorado, Paulo César Oliveira da Silva. Após muita insistência dos familiares, foi registrado um boletim de ocorrência.
Seis dias depois, o corpo de Remís foi encontrado enrolado em um lençol, a cerca de 10 metros da residência de Paulo César. Ele tornou-se réu confesso após a descoberta do corpo, sendo preso preventivamente. Em 2021, foi condenado por homicídio triplamente qualificado, recebendo a pena de 18 anos e três meses de prisão. Ainda assim, desde 2023, encontrava-se em regime aberto, usufruindo dos benefícios concedidos pelo sistema penal.
Em 2024, Paulo César foi encontrado morto a tiros em Recife (PE). O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias e motivações do crime.
A condenação de Paulo se deu nos marcos de um sistema penal falido; já a condenação de Remís, que lhe custou a vida, foi ter nascido mulher em um país de capitalismo burocrático, imerso em uma cultura que oprime e sentencia as mulheres desde o berço.
Cresce o número de feminicídios no país
Consoante dados divulgados pelo Jornal A Nova Democracia, o último ano registrou os maiores índices de feminicídio desde que o crime foi tipificado, em 2015 — aproximadamente quatro feminicídios por dia. Isso sem contabilizar as tentativas e as inúmeras mulheres vítimas de outras formas de violência, como estupros e agressões físicas e psicológicas.
Os feminicídios e as violências contra as mulheres não podem ser analisados de forma isolada: são frutos da desigualdade estrutural e da corrosão das relações humanas. Conforme aponta o Movimento Feminino Popular (MFP), em nota pública, a opressão feminina constitui um dos pilares fundamentais da sustentação das estruturas desse velho e podre sistema capitalista.
Há, contudo, um contraponto e uma saída: a organização combativa das mulheres do povo.
Diante desse cenário tenebroso para as mulheres de nosso povo e como forma de fazer honra ao nome de nossa companheira Remís, convocamos todas e todos a realizar constantes mobilizações e agitações nas escolas, universidades e bairros, para denunciar o aumento da violência contra a mulher e organizar as mulheres do povo no combate à opressão feminina.
Por isso, entoamos:
Basta de violência contra a mulher!
Remís Carla: Presente na Luta!