No dia 25 de Novembro, no Centro Pedagógico da UFMG e Reitoria, foi realizado por pais, alunos, estudantes de licenciatura, membros da Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia e demais organizações um combativo ato em defesa do tempo integral da escola, que está sendo ameaçado pela atual gestão do colégio, em conluio com a reitoria da UFMG.
De acordo com pais representantes do Conselho Comunitário, o conhecimento desses planos chegou a eles indiretamente, por um “boca a boca” entre motoristas de van e pais que ouviram entre “fofocas” dentro da escola, sem nenhuma posição oficial da Direção. Além disso, quando tentaram o contato com a direção perguntando sobre a medida, em diversos momentos foram assegurados de que a Direção “defenderia a educação da maneira que fosse possível”.
A Direção que, segundo pais e monitores, se recusou a discutir com o Conselho suas propostas e estabelecer qualquer tipo de conversa e debate sobre a medida, que afetará todas as famílias especialmente as famílias de baixa renda e da região metropolitana da grande BH, que fazem um investimento, especialmente com transporte, para assegurar que seus filhos tenham uma educação de qualidade ofertada pela escola, além de afetar diretamente a quantidade de pesquisa que poderá ser desenvolvida pelos professores e bolsistas do Centro Pedagógico, visto que a redução da carga horária implica também a redução de atividades culturais e de conteúdos diversificados que são ofertados na escola por meio dos Grupos de Trabalho Diversificados (GTDs), indispensáveis pela formação docente que ocorre na escola.
Em entrevista com professores do centro pedagógico, foram citados vários motivos apontados pela Direção como causas dessa redução de carga horária, como o barulho alto da escola, ou até problemas de relação dos alunos entre si (inerentes de toda a escola). Entretanto, a principal causa apontada pela direção para sustentar essa medida diz respeito ao orçamento. A Direção alega que não possui os recursos necessários para fazer a contratação dos profissionais de apoio que permitiriam a escola seguir as atividades em tempo integral, portanto, a solução é dividir o tempo em que a escola fica aberta em dois turnos.
Em resposta a isso além do estudo orçamentário ter sido feito, que prova que a diferença de gastos necessários por ano para universidade seria de apenas R$ 100.000, valor irrisório para uma instituição do tamanho da UFMG, foi apontado pelo conselho comunitário que essa decisão não responde o problema da falta de funcionários, visto que a escola ainda está funcionando até às 14:30.
Além disso, a pauta que estava prevista para ser votada no dia 25/11 no Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão, após crescente mobilização estudantil e da comunidade escolar, foi adiada. Com previsão de ser pautada no dia 09/12, dia que estão previstas novas mobilizações estudantis e da comunidade escolar para frente da reitoria, visando impedir a aprovação da medida.
Primeira manifestação
A concentração aconteceu às 11:00 na Faculdade de Educação, seguido de um deslocamento para o Centro Pedagógico, onde o ato se estendeu até às 15:30 contando com o apoio de diversos pais, dezenas de estudantes das diversas licenciaturas, professores do colégio,e inúmeros alunos da escola que se posicionaram contra a medida. Foram puxadas palavras de ordem como “Sou estudante e vou lutar para o integral do CP não acabar!”, e “Queremos integral!”.
Os estudantes, junto com pais e monitores, avançaram com palavras de ordem, junto das crianças do lado de dentro, puxando as mesmas palavras de ordem. Foram entregues, para as crianças, milhares de estalinhos, além de cartazes, onde as crianças escreveram suas próprias demandas, denunciando que não terão mais aulas de Educação Física e Artes. Quando perguntados porquê estavam lutando (desmentindo a afirmação falaciosa da direção de que as crianças estavam sendo “usadas”, desprezando o próprio ensino da instituição), muitas falaram abertamente: “Quero o Tempo Integral porque sem ele, vou fazer o que em casa? Ficar no celular? Prefiro ficar aqui!”. “Eles vão tirar a Educação Física, cara! A Educação Física!!”. “Au au au, eu quero o Integral!”. Ao chegar nos portões do Centro Pedagógico, com truculência, os “Marronzinhos”(conhecidos seguranças patrimoniais da Universidade) seguraram os portões para que os estudantes não entrassem. As crianças, junto com os monitores, responderam com palavras de ordem como “Deixa Entrar! Deixa Entrar!”. Os estudantes se mantiveram imóveis, não saindo da entrada, mantendo o portão aberto até a presença do diretor, para exigir que houvesse a conversa com os pais, monitores e entidades.
Após diversas tentativas falhas do diretor de dispersar a manifestação dos estudantes, além das difamações e ameaças dos estudantes estarem cometendo crimes (lutar?!) e outras falácias, por pressão, foi cedida uma reunião de esclarecimentos, garantindo que os pais, monitores e estudantes fossem ouvidos. Foram para a reunião a Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia, monitores da escola e a presidente do Conselho Comunitário, que relata que em seus primeiros momentos contou com um segurança presente e tentativa de criminalização da manifestação.
Enquanto a reunião ocorria e os representantes lutavam para que os pais fossem devidamente ouvidos, um conjunto de crianças, entre 40-50, se organizaram com cartazes, acompanhando as palavras de ordem dos estudantes do lado de fora, e marcharam para a sala de reunião, entoando alto “Queremos Integral! Queremos Integral!”, pressionando para que a direção tomasse posição.
Da reunião, além de barrar a votação que tentou passar por debaixo dos panos, por parte da reitoria, exigiu o posicionamento aberto da direção, comprovando que a luta será prolongada e que cada vez mais, estudantes, professores e técnicos terão que tomar parte da luta, que passa necessariamente por barrar os cortes de verba, barrando o sucateamento!
Segunda manifestação
Na última quinta feira, dia 04 de dezembro, a comunidade escolar se mobilizou novamente para um ato em frente a escola, que persistiu das 14:00 até às 15:00 que, apesar da chuva, demais pais e estudantes tomaram posição pelo mantimento do Ensino Integral, por meio de palavras de ordem, cartazes e faixas.
O ato teve início com uma concentração de estudantes, que, usando instrumentos para puxar as palavras de ordem. Em seguida, com a aproximação do horário de saída dos estudantes, os pais dos alunos começaram a chegar e a compor o ato. Seguidos por alunos e professores após 14:30, entoando reivindicações pela defesa do tempo integral e convocando os demais membros da comunidade universitária a compor uma manifestação massiva que acontecerá no próximo dia 09, na frente da Reitoria, quando acontecerá a última reunião do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão, instância que pode decidir pela medida ser ou não aprovada já para o primeiro semestre de 2025.
Por isso, a ExMEPe, junto de diversos movimentos, organizações, entidades e demais apoiadores, convoca toda a comunidade acadêmica a apoiar e compor, nesta reta final do semestre, essa medida draconiana e antipovo, que expressa, ao fim e ao cabo, a situação que se encontra o corte das verbas das universidades públicas, sucateando nosso principal campo de atuação, além de afetar deliberadamente o direito de centenas de crianças de terem acesso a uma das poucas escolas de excelência de Belo Horizonte. Exigimos, não apenas que essa medida seja barrada, mas que a Faculdade de Educação esteja mais próxima, de que haja mais vagas, e que os estudantes consigam ter mais acesso, para que apliquem a ciência a serviço do povo!
PARA BARRAR A PRECARIZAÇÃO, GREVE GERAL DE OCUPAÇÃO!
PEDAGOGIA É PRA LUTAR, O IMOBILISMO NÃO VAI NOS SEGURAR!
ABAIXO A PRECARIZAÇÃO DO CENTRO PEDAGÓGICO!
PELO DIREITO DE ENSINAR E APRENDER!





