[RO] Água contaminada na UNIR: negligência da reitoria expôs comunidade acadêmica a risco de saúde

Reproduzimos matéria do Jornal A Nova Democracia. 

No dia 11 de setembro, a Reitoria da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) anunciou a suspensão das atividades letivas para os dias 11 e 12, justificando a medida como uma simples “manutenção na rede de distribuição”. Contudo, a verdade rapidamente surgiu: naquele mesmo dia, circulavam nas redes sociais fotos de um animal morto – um gato – encontrado dentro da caixa d’água da instituição. O que foi vendido como rotina técnica era, na verdade, uma crise sanitária que colocava em risco a vida de centenas de pessoas.

A gestão da UNIR optou pelo silêncio, agravando a situação com uma justificativa enganosa. Ao atribuir a suspensão dos dias 11 e 12 de setembro a uma “manutenção na rede de distribuição pela Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd)”, a Reitoria faltou com a verdade perante toda a comunidade, desvirtuando a gravidade do cenário para um mero inconveniente técnico. O custo dessa omissão foi suportado diretamente pelo corpo acadêmico. Dezenas de estudantes adoeceram, manifestando sintomas como febre, diarreia, cólicas severas e vômitos. Muitos foram forçados a buscar atendimento médico particular, resultando em gastos inesperados com consultas, exames e medicamentos. 

“Eu passei muito mal e precisei procurar ajuda médica. Tive gastos inesperados com exames e remédios. Nunca imaginei que isso aconteceria dentro da universidade, justamente por conta da água que deveria ser segura”, relatou uma estudante do campus.

A omissão da administração universitária forçou o próprio corpo acadêmico a agir. Em 22 de setembro, amostras da água foram coletadas de forma independente — uma iniciativa que deveria ter partido imediatamente da prefeitura universitária ou da Reitoria. O resultado da análise laboratorial confirmou o pior: a detecção de altos índices da bactéria Escherichia coli (E. Coli), um patógeno associado a graves infecções gastrointestinais.

Após dias de silêncio e mediante a pressão e as evidências colhidas de forma autônoma, a própria reitoria foi obrigada a reconhecer o problema. Em 24 de setembro, quando o caso já havia ganhado repercussão em emissoras locais, a própria universidade reconheceu oficialmente,  por meio de laudos técnicos que a água do campus não estava própria para consumo. No entanto, mesmo neste reconhecimento oficial, a Reitoria manteve o silêncio sobre a presença do animal morto na caixa d’água, a causa primária da crise.

Após o escândalo se espalhar, a reitora Marília Pimentel passou a publicar em seu perfil pessoal mensagens sobre supostas “resoluções” do problema. Tentou transformar a crise em autopromoção, enquanto continuava a ocultar a verdade. 

Então fica a pergunta: por que Marília Pimentel não fala no perfil oficial da UNIR? Por que insiste em esconder a existência do gato morto na caixa d’água? Em uma das publicações, a reitora escreveu: “Transparência e cuidado com o bem-estar de nossa comunidade acadêmica.” Mas que transparência é essa, quando a própria comunidade teve de fazer as coletas, denunciar o caso e expor o que a administração tentou esconder? Em entrevista a uma emissora local, Marília voltou a deturpar os fatos, afirmando que foi o campus que verificou a qualidade da água — quando, na verdade, foi o corpo acadêmico.  

A conduta da gestão representa uma falha dupla e vergonhosa: mentiu sobre a natureza do problema e, mesmo após o adoecimento de seus membros, omitiu a causa real da contaminação. A omissão é criminosa, e a incompetência salta aos olhos no fato de que quem diagnosticou o risco não foi a administração universitária, mas o próprio corpo acadêmico — que não tinha obrigação, mas teve responsabilidade.

As aulas presenciais retornaram hoje, no dia 06 de outubro.

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