[MS] Universidade sedia Semana de Resistência Palestina para denunciar genocídio e pressionar corte de relações com Israel

Reproduzimos matéria do Jornal A Nova Democracia. 

Nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, o auditório da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) se tornou um palco de denúncia e solidariedade à causa Palestina. A “Semana de Resistência Palestina”, organizada pelo Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino no MS (CSPP-MS), em parceria com o Grupo de Estudo de Política Internacional da UFMS, reuniu cerca de 40 pessoas por dia para debater o genocídio em curso em Gaza e reforçar o apoio à luta por uma Palestina “livre e soberana, do Rio ao Mar”. A programação foi gratuita e aberta ao público, mobilizando a comunidade universitária, incluindo estudantes, professores e apoiadores da causa.

Bandeiras palestina adornaram a UFMS. Foto: Reprodução

Programação combina debate, cultura e cinema

A semana de eventos contou no primeiro dia com a mesa de debate intitulada “De 1984 à Gaza: a Nakba continua”. Houve também apresentações culturais com poemas dedicados à Palestina. No segundo dia, os organizadores exibiram o filme “No Other Land”, seguido de discussão. As lideranças do Comitê coordenaram as atividades.

Foto: Reprodução.

Os participantes também manifestaram apoio a iniciativas como a Flotilha da Liberdade, movimento que enfrenta o bloqueio para levar mantimentos à Faixa de Gaza.

Financiamento do genocídio e lobby sionista no Brasil em pauta

Um dos pontos altos do debate foi a discussão sobre o financiamento brasileiro ao Estado de Israel, direta ou indiretamente. Questionada se o genocídio em Gaza tem sido financiado por grandes empresários de alguns setores econômicos do Brasil, a doutora em Psicologia e liderança do CSPP-MS e secretaria da FEPAL (Federação Árabe Palestina), Ashjan Sadique Adi, foi categórica.

“Essa informação não chegou a mim diretamente, então eu desconheço, mas eu deduzo que eles existam (os financiadores), o sionismo existe no Brasil”, além disso, “tudo que é feito pró-Israel contribui para o genocídio, isso é uma certeza”, afirmou Ashjan. Ela citou ainda convênios de Universidades brasileiras com instituições israelenses e recentes viagens de governantes de Mato Grosso do Sul a Israel como exemplos de uma colaboração que sustenta o conflito. “O lobby sionista está capilarizado no país, então, direta ou indiretamente, há financiamento por parte do Brasil”, concluiu.

Mesas do evento contaram com representantes da comunidade palestina. Foto: Reprodução.

A estudante de direito Sondos Nassim Dhaher, palestina e também liderança do CSPP-MS, reforçou que o financiamento é uma realidade antiga. “Já é esperado. Grandes empresas do EUA já estavam ligadas ao Estado sionista, portanto isso já existe há tempos. Inclusive, historicamente, o Brasil tem um setor interessado em financiar o Estado de Israel”, disse. Ela citou como exemplo chocante a recente notícia sobre a compra de armas para o Ibama de Israel, mesmo após o governo federal anunciar a interrupção dessas compras. “Nós lutamos para que seja cortado 100% dessas relações”, exigiu.

Já Malak Ahmed Jibara Wafi, universitária palestina recém-chegada de Gaza, manifestou seu repúdio ao “lobby sionista e essa bancada parlamentar que idolatra Israel”.

União militar e rompimento total de relações

As falas durante o evento foram além da crítica econômica. As lideranças e participantes defenderam de forma unânime o rompimento de todas as relações diplomáticas e econômicas do governo brasileiro com Israel. Foi proposta, ainda, a necessidade de se estabelecer uma “união militar entre Nações contra o Estado de Israel” como a forma mais concreta de solidariedade à Palestina.

Também foi criticada a postura de governos de países árabes e muçulmanos, em especial Arábia Saudita, que mantêm relações com Israel. “O povo muçulmano é contra o que o governo da Arábia Saudita faz, pois lá é um lugar sagrado devido à presença da Meca”, lembraram os organizadores, destacando a contradição entre a sacralidade do local e as alianças políticas de seu governo.

A Semana de Resistência Palestina serviu, assim, para mobilizar, informar e fortalecer a rede de solidariedade em Mato Grosso do Sul. O comitê segue na construção de mais atividades, pelo fim do sionismo e pela libertação de todos os povos palestinos e árabes.

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