[SC] CALF, Movimento Maruí e independentes mobilizam contra a demolição da sede do centro acadêmico

Após receberem a notificação de que a sede de seu Centro Acadêmica estava inclusão no projeto de demolição do antigo bloco de aulas do Centro de Física e Matemática (CFM), estudantes independentes de física, da Comissão de Fundação da Executiva Catarinense de Estudantes de Pedagogia e do Movimento Maruí estão realizando uma série de mobilizações em defesa do espaço, o CALF. 

O espaço faz parte dos chamados blocos modulados, popularmente chamados de “labirinto”, uma série de estruturas construídas nos anos 70 de forma provisória pela ditadura militar, para servir de bloco de aulas para os cursos do CFM, dentre eles Física, Química, Matemática, etc. A precariedade do labirinto era reconhecida na UFSC há décadas, sendo fonte de protestos estudantis e diversos movimentos de Ocupações pela construção de um novo centro.

A situação do labirinto se tornou insustentável já nos anos 2000, período em que a estrutura, já extremamente degradada e mal iluminada, passou a ser sinônimo da precarização da UFSC. Em 2013, foi iniciada a construção do “novo CFM”, um prédio de aulas para os estudantes do centro para substituir o labirinto. A obra, entretanto, foi paralisada apenas dois anos após seu início, se tornando uma das maiores vergonhas do CFM e demonstrando  o descaso com o dinheiro público por parte da gestão da UFSC. As condições do labirinto apenas pioraram, dia após dia, mas, sem ter um novo prédio, as aulas continuavam a ser ministradas nos blocos com a estrutura cada vez mais comprometida.

Na volta das aulas presenciais – após a pandemia, nos anos de 2022 e 2023 – uma série de denúncias sobre o Labirinto se acumulava entre os estudantes, o que deu início ao movimento “Denúncia CFM”. Após partes da estrutura do labirinto terem cedido e sido interditadas, a mobilização estudantil no centro cresceu de maneira independente, exigindo o fechamento completo do labirinto e denunciando a situação do “novo” CFM, exigindo que uma solução fosse realizada, com a garantia de um novo espaço físico para os estudantes do centro. O movimento entregou sua carta de reivindicações para o Reitor, que demagogicamente prometeu cumpri-las.

O ápice desse movimento foi a Ocupação do espaço que atualmente é o CALF, o Centro Acadêmico Livre de Física. O CALF se tornou, após a Ocupação, que segue até os dias de hoje, um local de confraternização, estudo e mobilização política entre os estudantes. De 2023 até hoje, o CALF adquiriu uma geladeira, mesa de sinuca, de ping-pong, diversos sofás entre outros móveis conquistados pela vitoriosa mobilização das estudantes, que permanece firme até os dias de hoje

A Demolição do CALF

Em julho deste ano, no período de recesso, contudo, estudantes membros do CA ouviram a partir de uma conversa entre seguranças patrimoniais do campus que as obras de demolição começariam já no mês de agosto. Furiosos por não terem sido notificados disso de qualquer maneira pela direção do Centro, começaram uma mobilização entre os estudantes de física e estudantes independentes de outros cursos. Neste momento, membros da Comissão de Fundação da Executiva Catarinense de Estudantes de Pedagogia (ExCEPe) e do Movimento Maruí, se somaram aos esforços para manter o CALF em seu atual local. 

Foram realizadas, ainda na primeira semana de aula, passagens em sala com panfletos denunciando a situação e chamando os estudantes a se somarem na luta. Após tornar a questão de conhecimento dos estudantes do curso, os estudantes se focaram em realizar atividades no espaço do CALF, como a pintura de faixas, o “fis um bolo”, um evento de confraternização entre os alunos já tradicional do curso, cinedebates, entre outros.

Eventos no CALF

O espaço do CALF se tornou, desde o início dos avisos sobre a demolição, o principal ponto de mobilização dos estudantes de física, que semanalmente realizam reuniões para decidir os próximos passos a serem tomados pelos estudantes. Em um curso cujas aulas ocorrem de forma dispersa pelo Campus da UFSC, em diferentes centros, a existência de um local para centralizar a mobilização é essencial para garantir a união estudantil no CFM.

Dentre os eventos que ocorreram, realizados em parceria com outros CAs e estudantes de outros cursos, houve o UFSC RPG e se destaca o cinedebate feito entre o CALF e o CAFIL (Centro Acadêmico Livre de Filosofia), do filme Calabouço: Tiro no Coração do Brasil, dirigido por Carlos Pronzato, que relata a luta de estudantes secundaristas do Rio de Janeiro em defesa de seu Restaurante Universitário, o Calabouço, durante a Ditadura Militar. Após assistirem ao filme foi realizado um grande debate entre os presentes, que discutiram a relação entre a situação do Calabouço e do CALF, e as formas de luta utilizadas para resistir em ambos os casos. 

Na semana seguinte ocorreu o cinedebate sobre o documentário Laklãnõ (Xokleng), realizado pelo Dr. Gakran Namblá, que mostra a situação enfrentada pelos indígenas Laklãnõ-Xokleng de Santa Catarina, cuja terra homologada não possui condições de subsistência pelo meio natural já degradado e é atravessada por um rio que está secando, devido à uma barragem construída na região. O documentário, realizado no ano 2000, aborda temas como a Luta pela Terra, o direito de Autodeterminação dos Povos e a Luta Indígena, que se tornam cada vez mais relevantes, conforme o velho estado brasileiro avança em seus ataques aos povos indígenas com leis como o Marco Temporal.

Além dos filmes, foram realizados dois dias de atividades de pintura de faixas no CALF, foram pintadas faixas escritas, “ABAIXO A DEMOLIÇÃO DO CALF”, “OCUPAR E RESISTIR” e “SEM GARANTIA SEM DESOCUPAÇÃO”. Novas atividades estão marcadas para ocorrer na semana que vem.

Agora, as mobilizações continuam, estudantes de diferentes centros lutam pela permanência do CALF em seu local atual até que seja garantido um local digno para os estudantes de Física. Com o avançar das obras de demolição, os estudantes tem radicalizado seu movimento, buscando unificar cada vez mais os estudantes e demonstrar o absurdo da situação enfrentada pelos estudantes de Física no CALF Frente a esses ataques, apenas a união dos estudantes em uma luta combativa, pondo em prática a tática de Ocupação, pode garantir um Centro Acadêmico digno aos estudantes!

ABAIXO A DEMOLIÇÃO DO CALF!

SEM GARANTIA, SEM DESOCUPAÇÃO!

VIVA O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMBATIVO!

REBELAR-SE É JUSTO!

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