No dia 9 de setembro, a Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia e a Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia junto com ao menos 500 estudantes da UFPR e secundaristas, estiveram presentes em uma manifestação em frente ao Prédio Histórico para impedir a realização de uma palestra intitulada “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional”, que contaria com a presença dos reacionários Jeffrey Chiquini, Rodrigo Marcial e Guilherme Kilter.
Iniciada a concentração, os estudantes se deslocaram para frente do Salão Nobre do Departamento de Direito, onde seria realizada a palestra. Diante da quantidade de estudantes e sob palavras de ordem como “Recua, fascista, recua” e “Ô Bolsonaro, seu fascistinha, os estudantes vão colocar você na linha”, recebeu-se a notícia de que a palestra havia sido cancelada.
No momento em que os estudantes decidiram ficar até o horário da palestra, começaram a chegar os galinhas-verdes que iriam palestrar. Os estudantes, a plenos pulmões, não se deixaram intimidar e, a cada minuto que passava, mais pessoas se somavam à mobilização.
Em determinado momento, os galinhas-verdes se viram encurralados, chegando a se “esconder” em uma demonstração de intimidação diante da revolta estudantil. Tamanha foi a audácia daqueles que estavam à frente do cordão que conseguiram empurrar pelas escadas e fazer voar para bem longe os galinhas-verdes, que, acovardados, tiveram que correr para trás da barricada da Polícia Militar.
A Polícia Militar, em ato de solidariedade aos “coitadinhos”, entrou na universidade para resgatá-los, cometendo um grave atentado à autonomia e à democracia universitária, semelhante às épocas do regime militar-fascista, em que entravam nas instituições justamente para reprimir, perseguir e prender aqueles que lutavam. E, como se não bastasse, prenderam um estudante, aplicaram spray de pimenta no rosto dos manifestantes, soltaram bombas de gás lacrimogêneo e atiraram balas de borracha.
A universidade pública não deve ser espaço de proselitismo político dos inimigos do povo. São esses os primeiros a defender a cobrança de mensalidades, o fechamento dessas instituições e sua completa privatização. Além disso, em meio a todo um processo de condenação da extrema-direita e daqueles que deram as caras na defesa de uma intervenção militar, tal palestra serviria como luva para defender quem quer retomar os tempos em que se tinha carta branca, à luz do dia, para matar, perseguir, prender e assassinar pessoas pobres, professores, estudantes, intelectuais e verdadeiros progressistas de nosso país, como foi o caso de Anísio Teixeira, Helenira Rezende, Walkíria Afonso Costa, Edson Luís e tantos outros.
Cabe destacar que o modus operandi de repressão do regime militar segue sendo aplicado especialmente nas favelas, periferias e nos rincões de nosso país onde floresce a luta pela terra, como exemplo: o brutal assassinato dos jovens indígenas avá-guaraní no oeste do estado do Paraná, que foram decapitados a mando de latifundiários; o assassinato do camponês Raimundo Nonato em Rondônia pela BOPE a serviço dos latifundiários da região; além das próprias ações terroristas do grupo intitulado “Invasão Zero” contra famílias de camponeses pobres. Todas essas ações seguem sem punição e com total conveniência do “Estado Democrático de Direito”.
A esses galinhas-verdes que agora tentam reverter o cenário, passando a ideia de que o evento os fortaleceu politicamente, que usam o ocorrido como palanque individual e politiqueiro e ainda tentam humilhar figuras públicas para amedrontar o povo — como no caso da diretora da Faculdade de Direito da UFPR, Melina Fachin, que foi cuspida e xingada por um bolsonarista encapuzado — afirmamos: não passarão! Esses fascistas foram expulsos da universidade pela fúria dos estudantes e, ainda que continuem atacando, os estudantes continuarão resistindo e vencendo, impedindo que façam sua propaganda pró-golpista.
Para os estudantes, não importa esse jogo eleitoreiro: nossa luta se dá no chão da universidade junto aos filhos e filhas de nosso povo em defesa de seus direitos. Portanto, segue como dever de todo jovem estudante defender a universidade pública de qualquer tipo de ataque dos inimigos de nosso povo e fazer dela uma caixa de ressonância da luta popular e democrática.


