Reproduzimos matéria do Jornal A Nova Democracia.
Durante uma assembleia convocada pela reitoria no dia 2 de setembro, o Coletivo Aurora Democrática interrompeu o evento exigindo a expulsão da ISM Gomes de Mattos LTDA, operadora do Restaurante Universitário (RU), e denunciando a cumplicidade da reitora Terezinha Domiciano com a ingerência desta empresa. A assembleia ocorreu no auditório do Prédio da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e tinha como tema “modelos de gestão” de Restaurantes Universitários no Brasil.
A intervenção foi feita com os estudantes entrando organizadamente no auditório e entoando gritos de Olha o inseto! Na comida! A ISM pertence a uma bandida!, Ô Terezinha! Cara de pau! Todo dia o estudante passa mal! e Avante! Avante! Avante juventude! A luta é o que muda! O resto só ilude! Também foi erguida uma faixa com as consignas de Fora ISM! Fora Idalina, latifundiária maldita! Idalina Sampaio, dona da ISM, é proprietária de um latifúndio criador de gado no Pará e já foi acusada de “capitanear” uma organização criminosa.
A atividade ocorreu pouco mais de duas semanas após a reitoria ter aumentado o preço do RU para R$ 17,33, valor mais caro do país entre as universidades federais. A justificativa foi o não encerramento da unidade após a desistência da empresa vencedora do último pregão de assumir a operação. A reitoria preferiu aumentar o preço e estender o contrato com a atual operadora, a ISM, por mais quatro meses até que uma nova licitação seja concluída, do que ter que pagar pecúnia aos estudantes, apesar das volumosas denúncias contra a empresa. Conforme relatado ao AND, o Coletivo realizou uma grande panfletagem contra o aumento do preço e a continuação do contrato com a ISM no dia 18 de agosto.
A empresa possui um longo histórico de ingerência. Em um caso de intoxicação maciça ocorrido em fevereiro deste ano, mais de 300 estudantes que se alimentaram no restaurante relataram sintomas de intoxicação alimentar, o que não é surpresa, pois no Ceará, a ISM foi denunciada pelo Ministério Público por servir comida de má qualidade em presídios. Além disso, as reclamações não se limitam a fevereiro e diariamente surgem relatos de estudantes passando mal depois de se alimentarem no RU, chegando ao ponto de encontrarem baratas nas refeições. Mesmo assim, a ISM nunca foi punida e as investigações anunciadas pela reitoria no início do ano não tiveram sua conclusão divulgada.
O papel do oportunismo
O Coletivo Aurora Democrática denuncia que a assembleia convocada pela reitoria cumpriu um papel de iludir os estudantes com a colaboração do oportunismo, pois justificou o imobilismo por parte dos oportunistas no DCE e de outros movimentos, que trataram a audiência como uma vitória sem conquistar coisa alguma. “A reitoria se comprometeu a realizar uma audiência pública com os estudantes, mas na prática isso irá justificar o imobilismo por parte da Renova/Correnteza/JSB, pois a mobilização que deveria ser constante, vai ser entravada, já que a gestão ‘democrática’ da reitoria irá ‘escutar’ os estudantes,” afirmou um ativista em uma entrevista ao AND há duas semanas.
Os ativistas também denunciaram a cumplicidade entre a reitoria e o DCE em uma colagem de lambes no campus i da instituição no dia 1 de setembro. Nos cartazes se vê: “A REItoria e o DCE se UNEm contra os estudantes. Para barrar a privatização: Greve de Ocupação!” Também estão estampadas as palavras de ordem de Viva a luta independente!, Fora ISM da UFPB!, Tire suas garras da UFPB, Idalina!, Fora Terezinha! e Rebelar-se é justo!
A intensificação da mobilização dos estudantes confirma a tendência prevista pelo AND de radicalização do movimento estudantil, na medida em que os ataques à educação pública se intensificam contando com a colaboração do velho movimento estudantil.
