[PR] Prefeitura de Laranjeiras do Sul promove desligamentos de estagiárias após mobilização por aumento das bolsas

Na última sexta-feira (05), a Prefeitura de Laranjeiras do Sul (PR) realizou uma série de desligamentos de estagiárias da rede municipal de educação, em meio à mobilização da categoria por melhores condições de bolsa. A medida foi interpretada pelas trabalhadoras como uma tentativa de retaliação à organização coletiva que vinha denunciando irregularidades nos contratos.

A mobilização começou após a descoberta de que uma estagiária recebia o dobro do valor pago às demais, mesmo desempenhando as mesmas funções e cumprindo a mesma carga horária. O aumento salarial, segundo apuração das estudantes, foi solicitado diretamente pela Prefeitura à empresa responsável pelos contratos, a Central Brasileira de Estágios (CEBRADE), que atendeu prontamente à solicitação.

Quando questionada pelas estagiárias, a Prefeitura inicialmente alegou desconhecimento do contrato. No entanto, documentos com assinaturas de responsáveis do próprio município confirmam a participação da gestão no processo. Diante da inconsistência da versão oficial e da vinculação da estagiária favorecida a pessoas de cargos de confiança, a Prefeitura mudou o discurso e passou a dizer que se tratava de um “equívoco”. Pouco depois, a funcionária que recebia o valor maior foi demitida.

Em reunião com as estagiárias, a secretária municipal de Educação evitou apresentar soluções concretas e fez declarações de cunho eleitoral, afirmando que, ao menos nesta gestão, elas eram “ouvidas”, em contraposição a administrações anteriores. Já o promotor de Justiça, acionado pela prefeitura, propôs que cada uma formalizasse individualmente um pedido de aumento junto às diretoras de escola, sem qualquer garantia de resultado. Segundo as estagiárias, o promotor distorceu suas falas quando elas levantaram a possibilidade de um termo aditivo com a empresa contratada. A proposta foi interpretada como uma rescisão contratual, sob a alegação de que isso geraria dívida ao município, hipótese que nunca havia sido mencionada pelas estudantes.

Diante da pressão, a própria secretaria de Educação chegou a se comprometer a oficializar o pedido de reajuste das bolsas. No entanto, dois dias depois, a resposta da Prefeitura foi outra: começaram os desligamentos.

Segundo relatos, os cortes têm como alvo principal as estagiárias mais ativas na mobilização. Antes das demissões, elas são chamadas para conversas individuais, onde são confrontadas com prints de conversas de WhatsApp em que manifestaram apoio à luta. Em seguida, recebem documentos com justificativas subjetivas para o desligamento.

O que parecia ser uma tentativa de enfraquecer o movimento, no entanto, tem surtido efeito contrário. As demissões vêm aumentando a indignação das estagiárias, que denunciam perseguição política e seguem mobilizadas por melhores condições de trabalho e pela valorização da função que exercem nas escolas do município.

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