[PB] Preço do RU da UFPB dispara, atinge R$ 17,33 e estudantes se mobilizam

Reproduzimos matéria do Jornal A Nova Democracia.

A reitoria informou que a empresa responsável pelo RU, a ISM Gomes de Mattos LTDA, desistiu da operação no dia 11 de agosto, e para dar continuidade ao serviço até que uma nova empresa o assuma, a gestão da reitora Terezinha Domiciano aceitou continuar o contrato com a ISM por mais quatro meses com a condição de que o preço seja aumentado.

Para mitigar o valor absurdo, a reitoria adotou algumas medidas paliativas. A lista de espera de quase 300 estudantes para o auxílio que libera o acesso à refeições gratuitas será zerada. Além disso, um novo edital para o auxílio parcial que reduz o valor das refeições em 50% foi lançado. As medidas, no entanto, não resolvem o problema, pois muitos estudantes que se alimentam no restaurante não têm acesso aos auxílios, e mesmo o valor parcial de 50% ainda é maior que R$ 8, superior ao valor inteiro das demais universidades federais do Nordeste.

Mas o histórico da ISM não para por aí. Sua dona, Idalina Sampaio Muniz Gomes de Mattos, é uma latifundiária sócia da Fazenda Timborana, uma propriedade de criação de gado localizada no nordeste do Pará. Idalina também já foi investigada pelo Ministério Público por “capitanear” uma organização criminosa e servir comida de má qualidade em presídios do Ceará. 

Os estudantes rapidamente se mobilizaram contra o aumento e a continuação do contrato com a ISM, levantando a palavra de ordem de Fora ISM Gomes de Mattos LTDA! Ativistas do Coletivo Aurora Democrática relataram ao Comitê que realizaram uma grande panfletagem no dia 18 de agosto no campus i da UFPB. Para além do histórico sujo da ISM, a própria questão do RU está sendo operado por uma empresa privada, ao invés de ser um serviço garantido pela própria universidade, foi criticada. “O RU sendo operado por uma empresa privada, como a ISM Gomes de Mattos LTDA, é um ataque privatista à UFPB. Devemos barrar esses ataques aos estudantes com uma vigorosa mobilização em torno da expulsão da ISM Gomes de Mattos LTDA, da administração do restaurante universitário, e por um RU gratuito e de qualidade para a comunidade acadêmica.”

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) convocou uma manifestação no dia 18 de agosto, que marchou até a reitoria, passando pelo RU. No entanto, um ativista do Coletivo, em entrevista ao AND, denunciou as manobras oportunistas do DCE, que encenou alguma combatividade para no final apenas ouvir passivamente a reitoria, aceitando os termos sem se opôr. “O ato foi chamado unicamente pela Internet, sem passagem em sala, coisa que os oportunistas da gestão Renova/Correnteza/JSB souberam fazer muito bem durante as eleições para a entidade,” afirmou.

Segundo o ativista, a cumplicidade entre o DCE e a reitoria também foi evidente. “A manifestação foi encabeçada pelos oportunistas no DCE e terminou com uma ‘ocupação’ ao prédio da reitoria. Vale destacar que a própria reitoria, em nota, disse que recebeu os estudantes. Durante tal recepção, a reitora em exercício, Mônica Nóbrega, chegou a dizer ‘é muito bom construir isso com vocês’. Possivelmente ela está falando dos abusivos R$ 17,33 por uma refeição no RU. Além disso, a reitoria se comprometeu a realizar uma audiência pública com os estudantes, mas na prática isso irá justificar o imobilismo por parte da Renova/Correnteza/JSB, pois a mobilização que deveria ser constante, vai ser entravada, já que a gestão ‘democrática’ da reitoria irá ‘escutar’ os estudantes.”

Por fim, o ativista conclui questionando as justificativas da reitoria para a continuidade do contrato. “A propósito, a dita gestão ‘democrática’ se gabou de ter impedido o fechamento do RU ao continuar com o contrato com a ISM, mas o que pode estar de fundo é que a reitoria achou mais barato continuar com essa empresa do que ter que pagar pecúnia aos estudantes até a assinatura de um novo contrato.”

Mais recentemente, a Universidade da Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul, Paraná, foi ocupada por estudantes organizados pelo DCE combativo, contra o fechamento repentino do RU. Na ocasião, uma assembleia estudantil foi organizada e uma greve de ocupação foi deflagrada. Demonstrando que o povo organizado nada tem a dever a seus algozes, refeições coletivas, medidas de segurança, limpeza e propaganda foram organizadas pelos próprios estudantes, que reivindicavam garantias de alimentação, reembolso em bilhetes, recomposição de aulas e garantia de isenção de faltas. Em pouco mais de 24 horas, as exigências estudantis foram conquistadas.

Deixe um comentário