No dia 12 de junho, estudantes de diversos cursos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Salvador tomaram as ruas para exigir recomposição orçamentária frente aos ataques do governo de turno à educação pública. Os manifestantes se concentraram na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) até as 14h30 e marcharam até a reitoria, travando uma importante via arterial da cidade.
Durante a manifestação se iniciou uma forte chuva, mas ela não foi capaz de conter os estudantes em luta. Em meio a gritos de ordem, os manifestantes atravessaram o temporal enquanto recebiam apoio das pessoas que viam a manifestação nas ruas. Os estudantes carregavam faixas pintadas com as frases “UFBA sem verbas é fogo” e “Recomposição orçamentária”, bem como a heroica bandeira palestina, símbolo da luta dos povos de todo o mundo. Por volta das 15h, a mobilização estudantil chegou às portas da reitoria, chamando a atenção dos trabalhadores ao redor. Os estudantes ocuparam a reitoria e somente saíram após entregarem um manifesto com suas reivindicações a um representante da reitoria.
Este ato do dia 12 encerrou uma vigorosa greve de ocupação realizada pelos estudantes na FFCH. No dia 5, convocado pela Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia como o Dia Nacional de Lutas contra os cortes na educação pública, os estudantes tomaram de assalto os Pavilhões Thales de Azevedo e Raul Seixas com piquetes de cadeiras e lousas destinadas para descarte, exigindo melhores condições para a universidade.
Os antecedentes da greve de ocupação e do ato de encerramento
Em Salvador, as mobilizações ganharam corpo frente à Portaria 102/2025, chamada de Portaria da Expulsão, onde a burocracia universitária impôs uma série de restrições para “contenções de despesas” e afetou toda a universidade, principalmente o Campus de São Lázaro. A situação só piorou para os estudantes: foram encontradas bactérias de coliformes fecais na água de 3 prédios diferentes e caramujo, pedaços de madeira e restos de barata na comida dos RUs do Canela e Ondina.
Frente a este ataque do governo de turno e a conivência da reitoria, no dia 19 de maio estudantes realizaram um ato onde realizaram a entrega de um abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas, denunciaram o fortalecimento da política de sucateamento e exigiam a revogação da Portaria. Os manifestantes carregavam uma faixa com os dizeres “Abaixo a Portaria da Expulsão! REItor, a UFBA não é seu feudo!” e, ao entrar na reitoria, exclamavam: Só a luta radical muda a situação: greve geral de ocupação!, desfraldando a importância da combatividade e independência do movimento estudantil.
As mobilizações viriam a crescer e a combatividade dos estudantes seguiria o mesmo nível.
No dia 22 de maio, os estudantes realizaram uma “paralisação” com um ato conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da Universidade Federal da Bahia (ASSUFBA). O ato aconteceu em frente à reitoria, onde os estudantes e servidores realizaram falas em denúncia aos cortes de verbas da universidade. Estudantes descontentes com a posição rebaixada de certas entidades e setores presentes marcharam com cartazes e faixas rumo à rua, bloqueando o trânsito para amplificar a denúncia à precarização da universidade.
No dia 27 de maio, aconteceu no Campus Ondina uma assembleia geral dos estudantes. O DCE, gerido por UJS/JPT/Afronte, mostrou-se decidido em frear as mobilizações, passando por cima dos estudantes presentes, declarando que a assembleia teria apenas “caráter consultivo” por não ter atingido o “quórum mínimo de 5% dos estudantes”. Diante disso, os estudantes apontaram os intentos hegemonistas da gestão, visto que o local escolhido para a assembleia não comportava o quórum mínimo e que os estudantes em geral não foram mobilizados. Diante da revolta dos estudantes, o DCE declarou a assembleia como encerrada; porém, a declaração não foi acatada pela maioria dos estudantes, que se mobilizaram para continuar a assembleia e decidiram por uma nova plenária no dia 3 e pela ocupação da FFCH no dia 5 de junho.
Após o cadeiraço realizado no dia 5 de junho, o DCE e outros 20 centros acadêmicos, junto a UNE/UBES, iniciaram uma campanha difamatória nas redes sociais e lançaram uma nota de repúdio ao “impedimento ao direito de ir e vir dos estudantes”. Os estudantes denunciaram a campanha promovida pelo aparelhamento das entidades de base para fins partidários, recebendo o apoio de diversas entidades, como os DCEs da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Estadual do Sul da Bahia (UESB), o Diretório Acadêmico de Letras da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) e outras.
Todos os dias da ocupação foram marcados pela intensa mobilização, politização e organização dos estudantes e de professores, com a realização de inúmeras plenárias, oficinas de cartazes, apresentações de mesas e atividades de agitação, bem como foi encerrada com uma vigorosa manifestação, que elevou a todo instante o espírito e a necessidade da luta independente, combativa e classista pela recomposição orçamentária.

