A Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia junto ao Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino e secundaristas, produziram três faixas de 10 metros e hesteada em Lagoa Santa e Confins, no caminho para o aeroporto, denunciando a visita do prefeito Álvaro Damião a Israel que alegou ter sido convidado para um seminário sobre segurança pública e tecnologia.
Mas, perguntamos ao prefeito: o que Israel tem a oferecer ao povo de Belo Horizonte? Ensinar técnicas de cercamento, apartheid e assassinato do povo pobre e preto das periferias?
O genocídio do povo palestino não é apenas uma política de colonização — é também um laboratório de aperfeiçoamento de tecnologias de guerra, que geram lucros para a indústria armamentista. As tecnologias israelenses são as mesmas utilizadas pelo Estado brasileiro para reprimir e matar o povo pobre.
A relação entre Brasil e Israel no setor de defesa tem sido marcada por uma crescente cooperação técnica, que recentemente se tornou alvo de intenso debate político e ético. Com contratos que somam quase R$ 1 bilhão, a parceria bélica entre os dois países é cada vez mais questionada, especialmente diante do agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, que já vitimou mais de 50 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças.Esse cenário impõe ao Brasil o desafio de equilibrar seus interesses estratégicos com sua política externa, historicamente pautada na defesa dos direitos humanos.
A espinha dorsal dessa relação é composta por duas subsidiárias da empresa israelense Elbit Systems, uma das maiores fabricantes de armamentos do mundo: a Ares Aeroespacial, no Rio de Janeiro, e a AEL Sistemas, em Porto Alegre. Essas empresas fornecem ao Brasil desde sistemas de controle remoto de armas (como o REMAX, instalado nos blindados Guarani) até equipamentos de vigilância aérea e naval, drones Heron-1, torres automatizadas e componentes para os aviões radar E-99M da Força Aérea.
Entre os contratos de maior destaque está a aquisição de 36 obuseiros autopropulsados Atmos 2000, vencida pela Elbit em 2023. O projeto, avaliado em cerca de R$ 1 bilhão, previa entregas entre 2027 e 2034. Apesar da aprovação legal do processo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu a assinatura do contrato, argumentando que a compra de armas de um país envolvido em possíveis crimes de guerra seria incompatível com os valores defendidos pelo Brasil no cenário internacional.
É importante destacar que outros contratos com empresas israelenses continuam ativos, sem previsão de interrupção. Desde 2017, por exemplo, o Brasil mantém um contrato de R$ 444 milhões com a Ares para o fornecimento das torres REMAX. A modernização dos aviões E-99M, conduzida pela AEL Sistemas, soma mais de R$ 380 milhões em investimentos. Além disso, sistemas ópticos da Marinha e drones continuam operacionais, reforçando a presença da tecnologia israelense no aparato militar brasileiro.
Denunciar a postura do prefeito Álvaro Damião é mais que necessário. O prefeito concedeu aos professores do município um reajuste rebaixado de apenas 2,49%, abaixo da inflação e do piso nacional do magistério, enquanto gasta dinheiro público com uma viagem a Israel, demonstrando sua posição antipovo.Não podemos admitir que nossos impostos sejam usados para a aquisição de tecnologias que serão utilizadas contra nós mesmos. Diante de atitudes como essa, os estudantes devem tomar as ruas com manifestações combativas, sendo os primeiros a se articular e denunciar esses absurdos à população.
Devemos seguir o exemplo da juventude no mundo inteiro — e também em nosso país — ocupando universidades em defesa da causa palestina.