No dia 30 de maio, o Coletivo Remís Carla realizou um grande Pré-FoNEPe em dois turnos na UFPE, campus Recife. Com o tema “Contra o sucateamento e a privatização das universidades, em defesa da formação científica do professor!”, mais de uma centena de estudantes foi reunida para debater sobre a importância de um currículo científico nas licenciaturas e como os cortes de verbas levam à privatização das universidades e institutos federais no Brasil.
O tema foi escolhido devido ao contexto sensível do curso de Pedagogia da UFPE, que está passando por uma reforma curricular sem paridade estudantil e pelos cortes sucessivos de verbas na educação, que evidenciam a precarização da universidade, como a falta de rolos de papel higiênico nos banheiros e a insegurança no campus devido à falta de iluminação. Até então, o curso consta como sem gestão no diretório acadêmico há dois anos.
As palestras no anfiteatro do Centro de Educação reuniram mais de 120 estudantes – secundaristas, discentes de Pedagogia e de diversas outras áreas, como Ciências da Computação, Arqueologia, Química, Física, Filosofia, Ciências Sociais, Matemática e Artes Visuais. As mesas deste Pré-FoNEPe foram compostas pela presidente e vice-presidente da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia – ExNEPe, pelo pedagogo e docente da UFCG Filipe Gervásio e por uma representante do Coletivo Remís Carla. O interesse dos estudantes em participar do evento ficou evidente tanto durante as passagens em sala com panfletagem quanto pelo número de estudantes de Pedagogia que se somaram na pintura da faixa e pelo grande número de respostas ao formulário de inscrição.
Mesa 1: Contra o sucateamento e a privatização das universidades;
Na primeira mesa, foi abordado como o imperialismo, via Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, ataca a educação do nosso país por meio de reformas como o “Future-se” e o Novo Ensino Médio. As universidades não escapam, visto que um dos únicos prédios da UFPE que têm o mínimo de infraestrutura é privatizado; porém, os estudantes precisam assistir às aulas em outros prédios, pois os andares estão reservados para monopólios estrangeiros. Foi apontado também que isso vem acontecendo em todos os gerenciamentos de turno do velho Estado. Sabendo que as universidades são o elo débil da subjugação nacional querem fazer com que nos cursos de exatas haja uma formação tecnicista e acrítica, para que existam quadros técnicos que não enxerguem a necessidade de transformação da sociedade; e, nos cursos de humanidades — em particular a docência —, a intenção é criar uma universidade que falsifique a realidade. Ou seja, uma política de mão de obra barata e “dador de aula”.
Ao concluir, foi apontado que somente com a luta é possível reverter essa situação, que ela não só é possível como necessária para barrar a privatização e os cortes de verbas, além de reforçar a reconstrução do Diretório Acadêmico de Pedagogia Remís Carla.
Mesa 2: Em defesa da formação científica do professor;
Na segunda mesa, o foco foi no processo de luta em torno da reforma do PPC do curso, um documento de 440 páginas já elaborado, mas que, ao longo do ano, está sendo discutido em assembleias convocadas para tratar de tópicos específicos. Um deles é a remoção da disciplina de TCC 1, sob a alegação de que é o único curso que possui essa matéria e que sua exclusão permitiria a inserção de outras disciplinas em seu lugar. Houve votação, e a proposta não foi aprovada. Afinal, há estudantes da Pedagogia da UFPE que chegam ao 9° período sem saber fazer uma pesquisa, o que é uma prova cabal de que nem a educação básica nem a licenciatura no ensino superior estão oferecendo uma formação de qualidade aos seus discentes.
Também foram feitas críticas ao MEC e à BNCC, uma vez que os currículos de Pedagogia, na maioria das vezes, não correspondem à prática; críticas à romantização do pedagogo e à forma como o individualismo é reforçado em crianças e adolescentes por teorias pós-modernas.
Houve ainda a defesa do pedagogo unitário, visto que a fragmentação do curso, proposta pela BNC-FP, vai contra a compreensão da Pedagogia como uma formação de educadores capazes de gerir escolas ou espaços não escolares, pesquisar e desenvolver a ciência de educar e a defesa do co-governo estudantil.
Conclusão do evento:
Ao final de ambas as mesas, os estudantes de pedagogia decidiram por reativar o Diretório Acadêmico de Pedagogia Remís Carla para organizar sua luta no curso, nesse fluxo também foi convocado um ato (aprovado por unanimidade) entre os presentes em defesa da reposição de todas as verbas cortadas da universidade ao longo dos anos no dia 05 de junho: Dia Nacional de luta contra os cortes verbas na educação!

