É com muito pesar e indignação que a Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia (ExPEPe), junto à Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe), vem, por meio desta, expressar sua solidariedade aos familiares e amigos da professora de Língua Portuguesa do Colégio Cívico-Militar Jayme Canet, da rede estadual de ensino em Curitiba, Sivaneide Monteiro Andrade, que faleceu em serviço na última sexta-feira, dia 30 de maio de 2025.
O fato ocorreu ainda durante o expediente, quando, ao ser chamada por pedagogos e diretores a uma sala onde se recebia a visita da tutora da reacionária Secretaria de Estado da Educação (SEED) para ser cobrada e criticada por não atingir as absurdas e inalcançáveis metas da plataforma de redação, Sivaneide desmaiou no local, vítima de um mal súbito, vindo a falecer pouco depois.
A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada, mas a professora não resistiu e veio a óbito. Segundo o SAMU, ela foi vítima de um infarto fulminante.
O caso de Sivaneide é uma demonstração drástica e cabal do caráter cruel e desumano a que são submetidos os profissionais da educação do estado do Paraná – realidade que não difere das demais regiões do país. As metas intangíveis e desumanas impostas aos profissionais da educação estão longe de demonstrar qualquer preocupação com uma educação pública, gratuita, democrática e a serviço do povo. Muito pelo contrário: visam explorar ao máximo o professor, sem qualquer consideração com sua saúde física e mental.
Desde a implementação da plataformização da educação, tem ocorrido inúmeras denúncias sobre suas consequências para os professores, que são sobrecarregados, sofrem assédio e adoecem mentalmente diante dessa realidade. De acordo com uma pesquisa feita pela APP-Sindicato e o Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), em 2023, 91,3% dos(as) professores(as) se declaram sobrecarregados(as) com a avalanche de novas plataformas, aplicativos e meios tecnológicos, somados à cobrança pelo cumprimento de metas. Já 74,3% reconhecem os impactos negativos do modelo em sua saúde física e/ou mental, enquanto uma parcela ainda maior (78,3%) afirma ter colegas que adoeceram em decorrência das dificuldades impostas pelas novas tecnologias.
A ExNEPe sempre denunciou que a imposição da BNCC e do “Novo” Ensino Médio não afetaria apenas o currículo científico – o que, por si só, já representa um grande ataque à educação pública –, mas também agravaria as já precárias condições de trabalho dos profissionais da área. Tais ataques abriram brecha para o avanço da plataformização e para acordos bilionários firmados pelo governo do Paraná com empresas privadas, à custa da precarização das escolas e do exercício da profissão docente.
Os professores têm, cada vez mais, sua liberdade de cátedra e de expressão cerceadas, sendo obrigados a seguir uma plataforma pedagógica dracônica – quadro ainda mais alarmante nos colégios cívico-militares. São forçados a cumprir metas e aplicar aulas que nada ensinam.
A reacionária SEED, seguindo as diretrizes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), não hesita em pisotear os direitos e interesses mais básicos e sagrados do nosso povo – inclusive o direito à vida dos trabalhadores. O que presenciamos é desumano, porém faz parte de um projeto privatista e entreguista.
Este cenário é apenas o começo do que está por vir. Tentam, de todas as formas, justificar o injustificável. Dirão que a culpa não é deles. Precisamos, mais do que nunca, nos mobilizar e denunciar todos os ataques à educação pública e gratuita, bem como as condições humilhantes e vexatórias a que são submetidos os professores em nosso país.
Convocamos todos os professores, estudantes e democratas do nosso povo a se somarem à luta. É preciso levantar bem alto a bandeira da educação pública, gratuita, científica e a serviço do povo – não apenas em palavras, mas em ações concretas. Para que mais ninguém tenha que morrer vítima da exploração insana e desenfreada deste velho Estado reacionário.
A morte de Sivaneide deve servir como combustível para fortalecer nossa vontade e decisão de seguir no caminho da luta e combater todos os ataques a educação e a vida dos trabalhadores. Nossa luta é justa. Ousemos lutar, manifestar e ocupar nossas escolas!
Abaixo a plataformização do ensino!
Em defesa do direito de ensinar, estudar e aprender!