[SC] Combativa manifestação estudantil contra a demissão de trabalhadores terceirizados tranca a UFSC

Nesta terça-feira, 29/04, em protesto ao anúncio da reitoria da demissão de trabalhadores terceirizados como tentativa de contenção de gastos, estudantes da UFSC trancaram os portões da Universidade, denunciando a situação dos terceirizados e da precarização da universidade, que enfrenta contínuos cortes de verba ao longo dos últimos anos.

A manifestação se iniciou na madrugada de terça-feira, quando foram montadas barricadas nas três principais entradas da UFSC, impedindo a passagem de carros, ainda de madrugada. Após a montagem das barricadas, conforme os pedestres entravam na universidade, panfletos eram entregues denunciando a demissão dos terceirizados, bem como a situação de precarização que eles enfrentam diariamente em seu trabalho e do sucateamento da universidade como um todo. Foram ressaltadas, particularmente, as condições da moradia estudantil, que estão completamente insalubres, com chuveiros queimados, eletrodomésticos quebrados e elevadores que param de funcionar com pessoas ainda do lado de dentro.Foram barricadas as três principais entradas da universidade, bem como foram bloqueadas temporariamente, ao longo do dia, duas vias da cidade, a Carvoeira e a Rótula da Trindade, com faixas em que se podia ler: “CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO!CONTRA O CORTE DE TERCEIRIZADOS!EM DEFESA DA EDUCAÇÃO DIGNA E DE QUALIDADE!”.

Além do panfleto entregue aos pedestres que entravam na UFSC, foram produzidos cartazes denunciando a situação da universidade, bem como publicada um carta de denúncias e uma carta de demandas, a primeira enderaçada à comunidade acadêmica e a segunda, à Reitoria.A manifestação foi saudada tanto pelos trabalhadores terceirizados como pelos estudantes que passavam pelas barricadas, após a confirmação do cancelamento das aulas da noite, as barricadas foram desmontadas.

Reitoria Oportunista

Os cortes de verbas na UFSC, resultado da política de precarização do ensino público levada a cabo pelo governo federal já ocorrem desde 2014, ainda no mandato de Dilma Rousseff. Se aprofundando com os governos Temer e Bolsonaro, a partir da politica chamada de “Teto de Gastos”, que buscava dar uma aparência técnica para esse ataque ao ensino público. Para a surpresa de muitos, tais políticas de corte de gastos continuaram sob o governo oportunista de Luis Inácio, agora com o nome de “Arcabouço Fiscal”. Essa política gerou, no ano passado, um corte de verba de 29 milhões de reais no orçamento da UFSC, o que apenas faz aumentar o déficit da Universidade, calculado em R$ 37 milhões. A proposta da Reitoria de corte de trabalhadores terceirizados contrasta com as promessas feitas em sua campanha eleitoral, que se colocou como sendo “de esquerda”, prometeu um aumento na segurança e iluminação da UFSC, bem como a adição do café da manhã ao cardápio do RU. A prática, contudo, pouco difere das gestões anteriores, com obras paradas e falta de enfrentamento da Reitoria ao governo federal, em defesa da recomposição do orçamento universitário, a situação da UFSC apenas piora, enquanto a gestão do campus permanece imobilizada.

Por outro lado, a insatisfação estudantil apenas cresce, desde a Greve Geral de 2024, que foi responsável por reorganizar o Movimento Estudantil na UFSC, manifestações combativas tem se tornado mais comuns, o que constrasta com a posição acomodada da Reitoria, que se afirma democrática mas votou contra a suspensão do calendário acadêmico da Universidade, a tese em favor da suspensão afirmava que a UFSC não estava em condições de pleno funcionamento, sendo necessárias reformas emergenciais e realocação de recursos federais para que sua manutenção pudesse ser normalizada.

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