[SC] Vitoriosa mobilização na UFFS Campus Chapecó

No dia 25 de março, estudantes da UFFS Campus Chapecó realizaram uma mobilização contra a defasagem de professores, mais latente nos cursos de Ciências da Computação e Administração, uma situação antiga mas que vem se agravando a cada semestre, comprometendo a formação dos estudantes.

Hoje Ciências da Computação conta com 12 professores efetivos e a cada ano ocorrem duas entradas de estudantes, somando as entradas resulta em um total de 100 estudantes que ingressam no curso anualmente enquanto o aumento docente não aumenta. CCRs obrigatórias como Computação Gráfica e Engenharia de Software II não são ofertadas para os alunos atualmente. Além da falta de matérias obrigatórias, optativas e turmas lotadas a sobrecarga jogada ao professor não permite que sejam continuados os projetos de pesquisa e extensão, mesmo o curso pedindo 300 horas complementares ele não oferece oportunidades para a conclusão dessas horas.

Desde o segundo semestre de 2024 os estudantes levam as demandas para a reitoria juntamente com a coordenação do curso e a reitoria manteve desde esse ano sua falta de compromisso com os estudantes, não melhorando apenas agravando a situação dos estudantes.

No curso de Administração a situação se repete, o curso conta com 440 alunos ativos mas operando com 1 professor a cada 39 alunos. Essa situação além de dificultar os alunos de administração de ter matérias também sobrecarrega os professores do curso. A maior precarização do curso está na área de Marketing onde faltam dois professores. Apesar de toda urgência não foi proposto nada para que a situação melhore, nenhum processo seletivo foi aberto para ampliar o corpo docente. “Nosso curso já sofre com a falta de professores há muito tempo, e os coordenadores sempre tentaram encontrar soluções para evitar prejuízos aos alunos. Mas agora chegamos a um ponto em que não há mais alternativas”, relata um estudante que participa da mobilização. No ano de 2024 o curso de Administração encaminhou para a Presidente do Conselho do Campus de Chapecó Adriana Luzardo um documento pedindo o cancelamento de entradas de estudantes em 2025/1 justificando que o curso estava preocupado em não conseguir atender as demandas previstas em seu PPC devido ao número reduzido de docentes. Neste documento, pontuaram todos os professores, as áreas e observações.

Em 2021 uma professora foi removida judicialmente e nunca foi reposta a vaga que ela ocupava e um professor que é o único que atende uma área deve se aposentar em 2025. No documento, o curso também identificou a necessidade de duplicar pelo menos 4 componentes onde tem turmas com 60 alunos e mesmo assim 20 pedidos seguem indeferidos. Os CCRs sãoIntrodução a Administração: matriculados 62, indeferidos 26.Fundamentos do Cooperativismo: matriculados 60, indeferidos 38.Iniciação à Prática Científica: matriculados 60, indeferidos 29.Matemática B: matriculados 60, indeferidos 27.

Também pontuaram a difícil conciliação que os professores têm que fazer para dar conta das aulas. O documento diz: “O docente que leciona de manhã não consegue dar aula na mesma noite por ultrapassar o tempo máximo de intervalo intrajornada e também é muito complicado que o docente dê aula numa noite e logo na manhã seguinte, pois haveria desrespeito ao tempo mínimo de intervalo entre jornadas de trabalho. Mesmo assim, com frequência temos recorrido a essa situação para viabilizar a oferta dos CCRs.”. Os professores também pontuaram que como cada turma tem 60 alunos o turno extraclasse aumenta e isso não é contabilizado na Universidade, os mesmos professores também precisam se disponibilizar 2 horas por semana para orientação de TCCs.

Apesar de toda essa demanda que a área de Administração sofre, o campus Chapecó decide abrir um curso de economia, passando de 32,5 alunos por professor para 40,6 alunos por professor. A proposta de cancelar a entrada, que foi a solução que o curso havia encontrado, foi recusada e agora os estudantes estão sem professores para a sexta e sétima fase.Perante a esse cenário, estudantes organizaram duas oficinas de cartazes, uma dia 24 e outra dia 25, e uma mobilização no dia 25. No dia 24 os estudantes receberam um email a fim de silenciar e intimidar os alunos mobilizados. O email foi enviado pela Coordenação Administrativa Cladis Juliana Lutinski, imagem abaixo:

Mas os estudantes permaneceram firmes em sua mobilização estudantil e realizaram os cartazes e a mobilização. A mobilização desde seu início já foi vitoriosa indo contra o silenciamento dos estudantes e com grande participação de estudantes de diversos cursos. Há uma expectativa que em média 350 estudantes estavam presentes e seguindo fortemente palavras de ordem e trazendo suas denúncias no palco, feito pelos estudantes, com microfone e caixa de som. Os estudantes que se inscreveram tiveram falas e denunciaram todos os empecilhos que a universidade causa, dificultando a sua permanência estudantil, promessas feitas aos alunos e não cumpridas.

A Diretora do Campus Adriana Luzardo compareceu a mobilização, recebida com vaias pelos estudantes antes de iniciar sua fala, após as vaias ela comenta “gente sério, não preciso disso” e continua falando que houve um mal entendido no comunicado dos cartazes, que não poderia ser colado com cola mas no dia 26 um dia após o ato um “desavisado” de um setor da universidade retirou os cartazes durante a manhã.

Os alunos foram atrás de saber quem mandou e devido a mobilização estudantil foi recolocado. De modo a não se intimidar e avançar na luta a Comissão de Fundação da Executiva Catarinense de Estudantes de Pedagogia decidiu que antes de seu evento do dia 27 de março “Resistência Palestina na Política Internacional” iram levar materiais para oficina de cartazes relacionados a assembleia e a luta estudantil, e convocou a todos a contribuir levando materiais para encher a universidade de denúncias.

A Diretora solicitou em seguida que as demandas fossem enviadas para ela e não somente para a reitoria, deixando nítido que a diretoria não conhecia seu campus e não reconheceu as assembleias feitas no segundo semestre de 2024 na qual estava presente e chegou atrasada. Segundo estudantes, além do atraso nessa assembleia o reitor não compareceu e quem foi não deu a devida seriedade ao relato e demandas dos estudantes. Seguindo esse pedido nota-se que ela não reconheceu também o documento enviado a ela pela coordenação de Administração no ano de 2024.

Os encaminhamentos votados na mobilização foram:

-Colagem de cartazes em frente a reitoria e por toda universidade.

-Cobrança pública das autoridades responsáveis: reitoria, ministério da educação (MEC), e governo federal.

-Prazo de uma semana para reitoria apresentar uma solução para demanda de professores

-Nova assembleia ao fim do prazo de uma semana, com pauta de ocupação.

Ao final a banda presente no evento puxou uma marcha até a reitoria, chegando lá um representante anunciou que “viemos até aqui pra mostrar que sabemos o caminho e que se nada for resolvido sabemos onde vamos passar os próximos dias!”. Os estudantes receberam essa afirmação com palavras de ordem afirmando sua posição em avançar e lutar!

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