Viva o Vitorioso 12º Encontro Maranhense de Estudantes de Pedagogia!

Entre os dias 13 e 14 de dezembro, aconteceu o vitorioso 12º Encontro Maranhense de Estudantes de Pedagogia na Universidade Estadual do Maranhão, em São Luís. O Encontro teve grande importância para os estudantes presentes e foi um marco na construção do movimento estudantil de pedagogia no estado, visto que o evento não ocorria há 8 anos. Após esse hiato, foi retomado com grande êxito, impulsionado pela iniciativa e audácia da comissão organizadora, composta em sua maioria por estudantes de Pedagogia que retornaram do 42º ENEPe, realizado em Maringá-PR, munidos de um elevado espírito de combatividade e disposição para romper com o imobilismo instaurado a nível estadual no Movimento Estudantil de Pedagogia, colocando-o a serviço da luta por uma educação pública, gratuita e a serviço do povo em cada canto do Maranhão.

Com o tema “Em defesa das escolas e universidades públicas, gratuitas e a serviço do povo: derrotar os cortes de verbas e as privatizações das escolas e universidades em todo o Brasil!”, o encontro reuniu estudantes de diversas cidades, como Santa Inês, Alto Alegre do Pindaré, Pio XII e Bom Jardim, e contou com mais de 110 inscrições, com a participação de mais de 60 estudantes em todas as mesas, que participaram ativamente do encontro em sua plenitude: desde as comissões de organização até os debates nos grupos de discussão.

Da Mobilização

A mobilização para a realização do encontro teve início após a participação de estudantes maranhenses no Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, em Maringá. Motivados pela necessidade de uma articulação estadual, os estudantes superaram os desafios — como a ausência de apoio de entidades e até mesmo boicotes por parte de grupos partidários — e conseguiram realizar o evento em São Luís, capital de um estado de vasta extensão territorial, o que impôs dificuldades adicionais para a articulação com outros municípios.

A comissão organizadora foi composta por estudantes de três universidades diferentes. Por meio de um esforço conjunto para consolidar a ExNEPe nos cursos de Pedagogia do Estado, foi possível garantir um ônibus da universidade para transportar os alunos de Santa Inês ao encontro. Como parte da mobilização, membros da comissão também se deslocaram até Balsas, município da região Sul do Estado, para mobilizar os estudantes.

Mais de 40 alunos se mostraram interessados e se colocaram à disposição para garantir o transporte. No entanto, como a universidade já havia cedido um ônibus para outro campus e os outros transportes estavam sendo ocupados na data, não foi possível o translado, o que mostra que a luta nos próximos meses será pela ampliação da mobilização e politização estudantil, para evitar limitações e critérios impostos pela universidade para a participação dos estudantes em eventos estudantis. Mesmo assim, diversos estudantes de Balsas participaram do evento de forma online.

O Encontro

A mesa de abertura contou com a presença da vice-presidente da ExNEPe, Rebeca Rodrigues, da representante estudantil da Universidade Estadual do Maranhão, campus São Luís, Bárbara Lins, e do campus Santa Inês, Caetano Costa. Neste momento, além das saudações aos participantes, pela importância histórica do evento, a comissão organizadora apresentou a leitura do regimento interno do 12º Encontro Maranhense, que foi aprovado por unanimidade pelos participantes, evidenciando o caráter democrático e participativo do encontro. O documento estabeleceu as diretrizes para a organização das atividades e das comissões.

Logo após, o evento iniciou com a mesa sobre a situação política, contando com a presença do advogado popular Roniery Machado e de um representante do comitê de apoio ao jornal A Nova Democracia. A mesa abordou os grandes ataques que a Educação tem sofrido como parte da ofensiva reacionária no país, que tem reduzido cada vez mais os direitos democráticos alcançados pelo povo ao longo da história. A universidade brasileira tem sido alvo dessas mudanças, pois nela há uma grande disputa para garantir que se torne um espaço de debates e produções científicas a serviço das profundas massas de nosso país. Durante a análise da situação política, foi levantada a bandeira da Palestina como parte da luta de libertação nacional de todas as nações oprimidas. Ao final, os alunos se posicionaram em defesa de uma educação científica a serviço do povo e se solidarizaram com o povo palestino, com os professores que continuam dando aula mesmo sob escombros, como um símbolo vivo de resistência.

Após o jantar, iniciou-se a mesa “Em defesa das escolas e universidades públicas, gratuitas e a serviço do povo!”. A mesa, que discutiu principalmente os problemas da militarização e da privatização nas escolas, contou com a presença da professora de educação infantil da rede municipal e vice-presidente sindical, Ester Durans, e da professora Dra. Lucelma Braga, ambas reconhecidas por suas trajetórias de luta na educação. Durante a mesa, foi defendido o combate à militarização das escolas e a resistência à privatização da educação pública, com exemplos de mobilizações, como a atuação das escolas diante da recente tentativa de privatização do Colégio Estadual do Paraná e o leilão das escolas em São Paulo. A discussão também abordou a influência de políticas nacionais e internacionais na intensificação desses problemas, reforçando a necessidade de ações organizadas e combativas. Após a mesa, o debate foi enriquecido por intervenções de estudantes e professores presentes, que compartilharam suas experiências e realidades, fortalecendo o compromisso coletivo pela defesa de uma educação pública, gratuita e democrática.

Na manhã seguinte, foi realizada a mesa “Em defesa do currículo científico nas escolas e universidades”, apresentando uma dura e crítica análise ao Novo Ensino Médio, que segue sem revogação e à Resolução 04/2024, que permanece sendo uma alteração antidemocrática dos currículos das licenciaturas, pois sua elaboração foi feita com uma falsa consulta aos educadores e especialistas e sem uma ampla participação dos mesmos na sua elaboração, o que culminou em uma resolução que mantém no essencial, a mesma estrutura da resolsução 02/2019. O debate contou com a presença da professora Dra. Lucenilda Mendes, vinda diretamente de Santa Inês, e de Rebeca Rodrigues, vice-presidente da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia, que trouxe uma abordagem comprometida com a valorização da educação crítica e a serviço do povo. A mesa destacou a importância da mobilização estudantil, com forte participação de estudantes de outras cidades, e colocou a greve de ocupação como uma forma elevada de resistência, tema amplamente debatido durante as intervenções. A Executiva Nacional também trouxe um vídeo sobre as ondas de mobilizações estudantis nos anos de 2016 e 2017, conectando as lutas históricas às atuais demandas. O evento também teve momentos enriquecedores, como o sorteio do livro “Políticas Educacionais no Contexto da Internacionalização”, doado pela professora Dra. Lucenilda.

Após o almoço, ocorreram dois grupos de discussão, para aprofundar os temas e elaborar a proposta do plano de lutas do 12º EMAEPe. Ambos os grupos tiveram grande participação dos estudantes, que trouxeram suas realidades para a discussão, apresentaram propostas e compartilharam seus pontos de vista. Após isso, foi lida e aprovada por unanimidade o plano de lutas proposto, além de duas moções: uma sobre a luta no movimento estudantil e outra sobre a luta camponesa no estado.

Ao final do dia, houve a plenária final, que aprovou o plano de lutas (disponível abaixo) e elegeu os membros da nova Executiva Maranhense de Estudantes de Pedagogia. Este momento foi recebido com grande entusiasmo, pois, após oito anos de inatividade, foi fortalecida a maior representação estadual dos estudantes de Pedagogia no Maranhão. A plenária elegeu Nayra Cunha e Mayanna Rodrigues como representantes da coordenação nacional, além de Caetano Costa e Bárbara Lins como representantes estaduais. A eleição foi marcada por discursos emocionantes, com agradecimentos dos novos integrantes, que reafirmaram o compromisso de lutar por uma educação pública e gratuita. Esse passo não só resgata uma tradição de organização estudantil no estado, mas também reafirma o papel fundamental da Pedagogia como um curso de grande responsabilidade na sociedade, conectando os estudantes maranhenses às pautas nacionais e fortalecendo a unidade na luta por uma educação pública a serviço do povo.

Ao final do encontro, foram gravados dois vídeos, corroborando as moções aprovadas na plenária. O primeiro vídeo foi em apoio a uma estudante de Pedagogia, membro da ExNEPe, que foi agredida por um membro da UNE ao denunciar a conivência de diversos oportunistas com a permanência de um estuprador nos espaços estudantis. O episódio ocorreu durante o CEUFMA (Congresso dos Estudantes da Universidade Federal do Maranhão), evento antidemocrático, marcado por manobras típicas de oportunistas para cercear as denúncias sobre a atuação ilegítima de certos indivíduos nos centros acadêmicos. O segundo vídeo foi feito em solidariedade à luta camponesa, exigindo a revogação do mandado de prisão do camponês Pedro Rodrigues, acusado injustamente após um conflito provocado por um policial em uma manifestação contra uma criminosa reintegração de posse.

As atividades culturais do evento foram um destaque à parte, celebrando a riqueza artística e a identidade local. As apresentações contaram com artistas da região, como o rapper ludovicense Mano Magrão, que trouxe rimas carregadas de crítica social e referências culturais maranhenses. Além disso, o karaokê animou os participantes com músicas típicas do estado, promovendo momentos de descontração e valorização da cultura local. Essas ações reforçaram o caráter plural e inclusivo do encontro, unindo arte e resistência em um ambiente de celebração e luta.

Pedagogia é combatente, rompeu com a UNE e continua independente!

O 12º Encontro Maranhense de Estudantes de Pedagogia foi um marco no movimento estudantil de Pedagogia no estado. A Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe), que desde 2004 rompeu com a UNE, reafirmou neste evento sua firme posição independente e combativa. Apesar das diversas tentativas falhas de boicote, o evento foi um grande sucesso. O movimento estudantil da UNE, que há muito deixou de representar os interesses dos estudantes ao se transformar em uma espécie de subsecretaria do MEC durante os governos do PT, teve suas práticas antidemocráticas escancaradas na semana anterior ao encontro. Durante esse período, um membro da UNE agrediu uma estudante de Pedagogia para defender um estuprador com fortes relações com o governo estadual. Isso não apenas reflete uma prática individual, mas também o caráter geral de antidemocracia da entidade.

O encontro, fruto de um trabalho independente e combativo orientado pelos princípios da ExNEPe, consolidou os resultados de um esforço sem amarras. Mesmo sem o apoio de entidades alinhadas ao poder institucional, os estudantes demonstraram força e capacidade de articulação, organizando um evento vitorioso que reforçou a luta por uma educação pública, gratuita e a serviço do povo. Esse momento não só fortaleceu a autonomia estudantil no Maranhão, mas também reafirmou o papel combativo dos futuros educadores na construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática.

Viva o Vitorioso 12º Encontro Maranhense de Estudantes de Pedagogia!
Cresce por todo o Brasil o Novo Movimento Combativo Estudantil!

PLANO DE LUTAS DO 12º ENCONTRO MARANHENSE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA

O Plano de Lutas é o documento construído durante todo o encontro nacional. Através dos debates das mesas, dos grupos de discussões, da situação política nacional, das bandeiras e dos princípios da ExNEPe. O plano de lutas orientará a luta dos estudantes nacionalmente. Compreendendo a especificidade de cada região do país, o plano é aplicado conforme sua realidade, com o objetivo de defender a educação pública e gratuita que sirva ao povo tanto do campo como da cidade. Lutando e defendendo os direitos dos estudantes de poder estudar, ensinar e aprender sem nenhuma descriminação.

01) Lutar com unhas e dentes pela revogação imediata do Novo Ensino Médio (NEM), entendendo que este representa o maior ataque ao ensino público e gratuito das últimas décadas, impulsionando a criação e organização de Grêmios Estudantis combativos e uma nova onda de ocupações secundaristas por todo o Brasil, defendendo o direito dos estudantes de estudar e aprender, e dos professores de ensinar.

02) Lutar pela desmilitarização completa das escolas públicas e contra a presença de policiais em escolas e universidades de todo o país, defendendo o direito à livre associação, reunião e manifestação, contra a perseguição política aos estudantes que lutam.

03) Lutar pela revogação imediata da nova DCN da Pedagogia. Defender a concepção do Pedagogo Unitário aplicando a indissociabilidade entre docência, gestão e pesquisa na formação.


04) Fortalecer a Executiva Estadual, através do trabalho de base, mobilizando, politizando e organizando os estudantes de pedagogia de cada município. Para isso, realizar encontros municipais, de forma a fazer a executiva estadual ser cada vez mais representativa e robusta.

05) Organizar o 13° Encontro Maranhense próximo ao Dia Nacional de Lutas da Pedagogia – 23/11, tendo como tema a revogação do Novo Ensino Médio e a defesa dos currículos científicos na escola e na formação de professores.

06) Disputar as eleições de C.A., D.A. e DCE de universidades para ampliar nosso trabalho, impulsionando entidades representativas que defendam a linha da ExNEPe. Lutar pela criação dessas entidades onde não haja.

07) Derrubar os muros da Universidade, impulsionando projetos de extensão que sirvam ao povo com atividades de solidariedade classista, oferecendo aulas de reforço escolar e apoio pedagógico, lazer e cultura, além de impulsionar a organização da população nos bairros e favelas, tal como nos comitês de solidariedade espalhados por todo o país.

08) Ligar-se à luta dos professores e trabalhadores em geral do campo e da cidade contra o ataque aos seus direitos e somando às suas reivindicações impulsionando a greve geral, unificando a luta de estudantes e demais trabalhadores.

09) Realizar atividades políticas como atos, panfletagens, colagens de cartazes, debates públicos entre outras coisas, no Dia do Estudante Combatente (28 de março).

10) Lutar contra o criminoso fechamento das escolas do campo que visa negar aos camponeses o acesso ao conhecimento científico e a garantia de um ensino vinculado ao seu trabalho, cultura e a luta pela terra.

11) Lutar contra a privatização das escolas levada a cabo pelos governos do Paraná e São Paulo. Levantar o movimento secundarista para ocupar suas escolas em união aos professores e universitários em greves de ocupação.

12) Rechaçar a criminosa PL 1904, PL do Estuprador, que ataca diretamente os direitos das mulheres do povo. Organizar comitês nas universidades para realizar ações de protesto e mobilizar as mulheres.

13) Conformar desde já uma Comissão Organizadora para construção do 43° Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia que será sediado no Maranhão.

14) Lutar contra o desmonte e apagamento da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no país. Organizar debates em defesa da EJA e incluir na luta contra o Novo Ensino Médio brigando por abertura de turmas e melhores salários aos professores.

15) Lutar contra a imposição da Educação à Distância e a plataformização da educação que representam um ataque ao direito de ensinar e aprender, pois que ferem diretamente a autonomia do professor e submetem o processo educativo ao uso de plataformas digitais privadas que cerceiam o conteúdo científico em prol de um ensino raso e pragmático, sob vigilância ideológica constante do governo e de empresas.

Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia
ExNEPe 14 de dezembro de 2024

VIVA A EXECUTIVA MARANHENSE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA!

VIVA O 12°EMAEPE!

CRESCE POR TODO BRASIL O NOVO MOVIMENTO COMBATIVO ESTUDANTIL!

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