[PR] ExPEPe é proibida de participar de reunião sobre o Projeto Parceiros da Escola em Laranjeiras do Sul

O Projeto Parceiros da Escola, anunciado ainda esse ano, anda a todos vapores na cidade de Laranjeiras do Sul; como todos sabem, o projeto visa privatizar a gestão escolar de  200 escolas no Paraná, sob a falsa propaganda de “não ser sobre privatizar, mas fortalecer a gestão escolar, [dar] um apoio extra aos professores, pedagogos e diretores consigam desempenhar, com mais estrutura, suas atividades”. O Projeto pretende que empresas privadas façam a gestão administrativa, financeira, de infraestrutura e de desenvolvimento acadêmico de professores e alunos.

Na prática, toda a escola estará submetida aos mandos da empresa, que por sua vez, ganhará gordas quantias de dinheiro do Estado para aumentar os índices de notas e presença, através da maior exploração dos professores e supressão dos seus direitos fundamentais de organização, mas principalmente, com controle ideológico sobre o que é ensinado nas salas de aula, acabando completamente com a autonomia de ensinar dos professores, além de perseguir as organizações e mobilizações estudantis.

Quanto ao objetivo de aumentar a presença dos alunos, as escolas piloto em Curitiba demonstraram que, o que ocorreu, foi a expulsão dos alunos que faltavam muito, bem como dos alunos com baixas notas. Isso claramente não soluciona o problema da educação brasileira! O problema das escolas não está na baixa assiduidade dos estudantes, mas sim na precarização causada pelo Novo Ensino Médio criminoso e o cada vez maior uso das plataformas; além disso, aumento da carga horária tem obrigado os estudantes a escolherem entre trabalhar e estudar, fazendo com que muitos abandonem a escola para garantirem o seu sustento e de suas famílias. A situação de miséria e opressão que vivem os jovens no Brasil demanda resposta a altura, afinal somos a parcela da sociedade mais afetada pelo desemprego, ainda mais agora, que querem acabar de vez com a educação pública! 

Em Laranjeiras do Sul, o projeto tem sido implementado medida por medida no Colégio Estadual Professor Gildo Aluísio Schuck, que oferece turmas de ensino regular do Fundamental 2 ao Médio, e também Curso Normal. De acordo com uma funcionária houve uma “reunião” com os professores do colégio, reunião que não foi amplamente divulgada, que foi realizada no período de intervalo de aulas e não durou nem 15 minutos. 

Houve também, no dia 15/10, a reunião com a comunidade escolar que, de acordo com o Núcleo de Educação, era, na verdade, uma reunião fechada para apenas pais e alunos, sem a possibilidade de participação da ampla comunidade, como ex-alunos, pais que pensam matricular seus filhos na escola, democratas defensores da escola pública etc. A Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia se fez presente na reunião e foi expulsa pelos membros do Núcleo de Educação. A funcionária do Núcleo acusou os estudantes de baderneiros, e ainda os “ameaçou” dizendo que conhecia seus nomes e que iria falar com o diretor da universidade na qual estudam (como se isso fosse algum tipo de ameaça para estudantes universitários; felizmente na universidade os estudantes apresentam muito mais autonomia do que nas escolas de rede básica). Chegou mesmo ao cúmulo de dizer que o objetivo da reunião não era de debater sobre o Projeto e ameaçou dificultar os estágios dos estudantes de Pedagogia da universidade, dizendo que, aqueles que fazem estágio nas escolas estaduais, não podem demonstrar discordância com os propostas da SEED ou do Núcleo de Educação.

Essas ameaças da funcionária do Núcleo de Educação são claras tentativas de jogar o estudante contra o movimento estudantil, como se o maior do males fosse a justa revolta dos estudantes e não as medidas privatistas que o estado do Paraná tem tomado nos últimos anos. Não é a primeira vez que o Núcleo tenta desmobilizar e criminalizar o movimento estudantil: no início do ano passo, com o avanço do Novo Ensino Médio, uma Frente contra o Novo Ensino Médio foi formada na cidade e os diretores e pedagogos foram instruídos pelo Núcleo de não permitir que os estudantes que participavam da Frente realizassem atividades nas escolas, nem ao menos permitir a presença de panfletos e materiais da Frente contra o Novo Ensino Médio no espaço escolar. Nesse período houve dificuldades para os estudantes do curso de Pedagogia e demais licenciaturas conseguirem realizar seus estágios obrigatórios, mas os professores democráticos de ambos os cursos se posicionaram frente ao Núcleo de Educação e conseguiram garantir a realização dos estágios sem demais complicações.

Durante toda a reunião, os estudantes foram obrigados a ficarem no lado de fora do prédio da escola, durante uma tempestade, enquanto aqueles que estavam na reunião foram trancados dentro do prédio, chegando ao absurdo de, em certo momento, a chave ser perdida pelos funcionários do Núcleo e os pais e alunos ficarem presos dentro da escola. Por diversas vezes os funcionários do Núcleo saiam da reunião para tentar convencer os manifestantes a deixarem o espaço da escola, mas os estudantes se mantiveram firmes até o final, com a expectativa de conversar com os pais e alunos que saíssem ao final da reunião.

Foi possível conversar com a maioria dos pais e ainda entrevistar uma funcionária e uma mãe. A funcionária se posicionou contra a privatização da escola, mas não quis aparecer em vídeo, com medo de perseguição da SEED, mas permitiu que fosse gravada sua voz. Relatou que o diretor da escola confirmou para ela que a escola seria privatizada, portanto a suposta “consulta pública” com os professores e com as famílias era, de acordo com ela, uma farsa, e ainda afirmou que via possibilidade de utilizarem a lista de presença como lista de pais que concordaram com a implementação do projeto na escola.

Na entrevista com a mãe de um dos alunos ela demonstrou genuíno interesse em compreender o Projeto Parceiros da Escola, mas foi destratada pela representante do Núcleo, não teve nenhuma de suas perguntas respondidas e afirmou que é totalmente contra a implementação do Projeto. Ainda saiu em defesa dos manifestantes, dizendo que foi completamente desnecessário eles serem expulsos da reunião.

Os estudantes reafirmam sua posição em defesa das escolas públicas, contra o projeto privatista de Ratinho Jr. e contra as ameaças e imposições do Núcleo de Educação e do estado do Paraná. Este é o momento de exercer a vontade estudantil, se o governo privatista de Ratinho Jr. quer acabar com a escola como a conhecemos, devemos preparar as barricadas, chamar nossos colegas, pais, professores, funcionários, realizar debates, manifestações, aulas com todos, assembleias, impedir a sua privatização e acabar de uma vez por todas com os ataques que esse governo reacionário tem feito!

RATINHO JR. INIMIGO DA EDUCAÇÃO!
BARRAR A PRIVATIZAÇÃO COM GREVE DE OCUPAÇÃO!
DEFENDER AS ESCOLAS PÚBLICAS E GRATUITAS COM

UNHAS E DENTES!

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