O Movimento Estudantil combativo conquista esmagadora vitória nas eleições para o Grêmio Livre Breno Roberto, entidade que representa todos os estudantes secundaristas do IFPE Campus Recife, maior entidade de base do estado de Pernambuco. Após uma poderosa onda de mobilizações, a chapa Ventania venceu por 540 votos a 247 votos o imobilismo da Fenet, (entidade amarela dirigida pelos oportunistas e Revisionistas da UJR/UP).

O processo eleitoral se iniciou após o fim da Greve Nacional da Educação Federal, onde os estudantes combativos romperam com o imobilismo e dirigiram a greve estudantil para defender os interesses dos estudantes e trabalhadores da educação, colocando como centro a revogação imediata do “Novo” Ensino Médio. Inicialmente, a gestão do Grêmio – que até então era dirigida pela UJR/UP, se colocou contra a greve, mas foi obrigada a aceitar a deflagração da greve estudantil em assembleia. Durante esse período, foram feitos atos unificados massivos, atividades e formações políticas dirigidas pelo Ventania. Com o final da greve, os estudantes organizados no Movimento Ventania fizeram uma acolhida de volta às aulas com panfletagem de um manual do estudante e colagem de faixas, com consignas como “PELO DIREITO DE ENTRAR E PERMANECER”. Foi com a continuação das mobilizações e debate junto aos estudantes que a chapa Ventania foi formada sob três princípios: independência, classismo e combatividade.
Os estudantes fizeram um levantamento das deficiências do IFPE Campus Recife e produziram um plano de lutas, documento esse que contém as reivindicações da chapa e soluções para os problemas encontrados a partir da sua investigação. Parte dos problemas não compete somente à atuação do Grêmio para resolver, por isso houve separação entre bandeiras de luta e propostas. Bandeiras de luta são todas as pautas defendidas através da luta combativa, já as propostas são tudo aquilo que o Grêmio fará de concreto pelos estudantes.


O processo eleitoral foi iniciado a partir de uma assembleia para a conformação da Comissão Eleitoral. A Comissão Eleitoral deveria ser formada por 3 integrantes de cada turno, totalizando 9 membros no total, mas esse número de membros não foi atingido por ações arbitrárias tomadas pela mesa da assembleia (Dirigidas pela UJR), formada pela antiga gestão do Grêmio. Ao total, foram eleitos 6 membros para a Comissão eleitoral, sendo 5 deles ex-membros da gestão do Grêmio e nenhum estudante do turno noturno. Desesperados para serem chapa única, os oportunistas da UJR/Fenet não só buscaram hegemonia dentro da Comissão Eleitoral para dificultar o processo de inscrição de chapas, como tentaram expulsar uma integrante da chapa opositora (Ventania) sob falsa acusação de ter sido expulsa do rol de sócios do grêmio, além das várias tentativas de impugnação. Os estudantes independentes, sabendo da justeza de sua causa, não se intimidaram com os ataques e venceram a etapa burocrática!
Antes mesmo da campanha eleitoral ser iniciada, a Comissão Eleitoral arrancou todas as faixas e cartazes combativos do Movimento Ventania que estavam já há meses no campus sob alegação de ser propaganda eleitoral antes do tempo previsto. E no dia seguinte, o 1° dia de campanha, o presidente da Comissão Eleitoral e diretor da entidade amarela UESPE (União dos Estudantes Secundarista de Pernambuco) tentou impedir os estudantes de erguerem novamente suas faixas.
A campanha da chapa Ventania foi edificada sobre suas próprias forças, vendendo paçoca para financiar a campanha, contando com o apoio dos pais dos estudantes e até mesmo produzindo manualmente seus materiais de propaganda. Foram feitas panfletagens e passagens em salas explicando seus princípios, bandeiras de luta e propostas em todos os turnos e dias, sendo entregue cerca de 5 mil panfletos e mil adesivos no total. Como o número de cartazes foi limitado por edital, os estudantes fizeram 24 cartazes em folha A3, 2 cartazes maiores e uma faixa.
Durante todo o processo de produção dos materiais de propaganda, os estudantes apoiadores da chapa se integraram, inclusive ajudando a encontrar locais estratégicos para afixar os cartazes e dazibaos. Os panfletos e adesivos foram distribuídos pelos ativistas do Ventania como meio para conversar com os estudantes e, assim, explicar a necessidade de um grêmio independente e combativo, como instrumento para a conquista das reivindicações. Em determinados momentos, o grau de convencimento e confiança dos estudantes era tamanho que voluntariamente pegavam panfletos para distribuir para colegas e amigos.

Em paralelo à campanha eleitoral, os estudantes combativos prepararam um poderoso protesto em denúncia a falta de merenda na escola, fruto dos cortes de verbas. Não é a primeira vez que o IFPE não atende os direitos essenciais dos estudantes, esse tipo de negligência também acontece com o pagamento sempre atrasado das bolsas estudantis. Por isso, após dois dias de intensa mobilização, duas manifestações aconteceram, uma às 12h e outra às 18h. Cerca de 40 alunos fecharam as duas vias da avenida em frente a escola, gritando a plenos pulmões palavras de ordem combativas. Fazendo jus ao seu histórico de conciliação com a direção do IFPE, os imobilistas da Fenet/UJR não compareceram ao ato, mas o criticaram nos corredores, nas redes sociais e até no debate entre chapas. O que os imobilistas não previram foi a vitória que a manifestação trouxe: dois dias após, a bolsa de manutenção acadêmica foi paga!
No debate entre chapas, a chapa organizada pela UJR/Fenet fez falas extremamente despolitizadas, chegando a ter posições anti greve e contra a justa manifestação dos estudantes contra os cortes de verbas. Além disso, a comissão eleitoral se portou de forma imparcial e saudou descaradamente a UBES e a FENET entre uma fala e outra.
O primeiro dia de votação foi marcado por diversas sabotagens contra os estudantes independentes. Insegura da mobilização no IFPE Campus Recife, uma membro da Fenet do IFSP gravou um vídeo pedindo votos para a chapa correligionária, que o publicou em suas redes logo em seguida. A participação e principalmente campanha de pessoas que não sejam matriculadas no IFPE Campus Recife é proibida. Porém a Comissão Eleitoral, controlada pela entidade amarela, não fez nada a respeito mesmo havendo denúncia formal. Um único estudante independente que compunha a Comissão Eleitoral tomou posição pela justeza da denúncia e se pronunciou no pátio da escola, falando que a Fenet estaria banida do processo eleitoral. Uma das fiscais da chapa denunciada era também membro da Fenet e como forma de mascarar o que realmente havia acontecido, acusou o estudante de ser de direita, machista, de não apoiar a luta estudantil e outras mentiras. Mesmo com o teatro encenado pelos oportunistas, a opinião dos estudantes do campus sobre as duas chapas concorrentes não se alterou. A partir da avaliação da UJR/Fenet de que não venceriam de fato, os estudantes dos cursos ‘subsequentes’ foram impedidos de votar pela Comissão Eleitoral, especialmente por ser a parcela que compõe o turno da noite, turno esse há tempos abandonado pelo Grêmio. Isso fez com que o quórum não fosse alcançado no primeiro dia de votação, o que levou a necessidade de ter mais um dia de votação.
No segundo dia, um segurança armado foi acionado pelo membro da Fenet e presidente da comissão eleitoral para ficar no local da votação como forma de intimidar os fiscais da chapa Ventania, e ao mesmo tempo, a Fenet entrou com um recurso de solicitação da retirada dos fiscais da chapa Ventania. Tais medidas desmascaram o caráter oportunista e farsante da Fenet pois estas foram tomadas em um momento de clara desvantagem nos votos para si. Quando a chapa Ventania fez a denúncia do ocorrido para os estudantes, a Comissão Eleitoral a puniu arbitrariamente por difamação e calúnia e em seguida a proibiu de fazer passagens em sala pelo resto da campanha. Os estudantes independentes não se atemorizaram diante da censura e continuaram fazendo sua campanha pelos corredores da escola, principalmente no turno da noite. O combinado no dia anterior foi da votação se iniciar às 8h e terminar às 21h, porém, em mais uma clara tentativa de impedir os estudantes do subsequente votarem, a Comissão Eleitoral às 19h disse que o processo deveria ser encerrado pois o quórum já havia sido alcançado, logo, não havia motivo para continuar a votação. Dessa vez, os oportunistas não conseguiram barrar o direito de votar dos estudantes do subsequente.
Durante toda a campanha, os estudantes independentes da chapa Ventania foram atacados pelos oportunistas da UJR/Fenet, que os acusaram de “violentos”, “guerrilheiros maoistas” e “baderneiros”. Contudo, o tiro saiu pela culatra. Os estudantes do IFPE rechaçaram estes ataques de tom reacionário e policialesco, à exceção de um estudante bolsonarista que ao votar declarou: “Não vou votar nesse Ventania, porque eles são revolucionários. Aquela menina [militante da UJR/Fenet] me disse que eles são a favor de interditar a rodovia em manifestação e vão tacar fogo na escola”.
O resultado da eleição saiu na madrugada do dia 09 de agosto, por volta das 00h30, com vitória para a chapa Ventania por 540 votos a 247 votos.
Para comemorar a vitória junto aos estudantes, a nova gestão do grêmio organizou duas cerimonias de posse. O evento ocorreu no pátio da escola em dois turnos e contou com a participação de mais de 70 estudantes. Após a entrega da ata de posse e discurso dos gremistas, os estudantes confraternizaram e fizeram lanche em conjunto com bolo, pipoca e suco, que foram produzidos pelos pais e responsáveis que compareceram à escola no dia da posse.


A conquista do Grêmio do IFPE demonstrou que é possível com independência e combatividade levantar os estudantes em luta e enxotar as posições governistas e imobilistas, assim como as reivindicações dos estudantes só podem ser alcançadas rompendo com a camisa de força de entidades como Ubes e Fenet, inimigas dos estudantes.

VIVA AO MOVIMENTO COMBATIVO E INDEPENDENTE!