[SP] Estudantes em greve da Unifesp protestam em comício de Lula em Guarulhos

No dia 25 de maio, estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizaram protesto durante comício do presidente Luís Inácio na entrega de obra na cidade de Guarulhos. Os manifestantes reivindicaram o fim dos cortes de verba, do Arcabouço Fiscal, a recomposição orçamentária para a educação e a revogação do “Novo” Ensino Médio. A Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia, o Centro Acadêmico de Pedagogia da Unifesp e a Frente Independente de Luta contra o NEM de SP estavam presentes; a ação também contou com participação dos sindicatos dos servidores Sintunifesp, dos docentes Adunifesp e com os respectivos representantes do Instituto Federal de São Paulo; somando cerca de 70 integrantes do ato.

Na noite anterior, o corpo discente se preparou para a manifestação ocupando a universidade. Durante a pernoite, foram realizadas atividades esportivas, culturais e a confecção de cartazes e faixas. Também foram desfraldadas bandeiras em solidariedade a heróica resistência palestina. Na manhã seguinte, saíram em marcha da Unifesp, atravessando a Av. Juscelino Kubitschek e a rodovia Presidente Dutra, até o posto de gasolina Sakamoto, local onde ocorreria o comício. Seguiram erguendo faixas com os dizeres “Unifesp em Greve contra os Cortes da Educação”, “Barrar os Cortes de Verba com Greve de Ocupação – CAPED” e “Nem Aceitar Nem Ajustar: Revogar o NEM Já! – Frente de Luta Independente” e com as bandeiras da ExNEPe e da Palestina. Durante o ato foram entoados palavras de ordem como “Do arcabouço eu abro mão, Quero dinheiro para saúde e educação!”, “Não tem conserto, não tem remédio! Revoga já o “novo” ensino médio!“, e “É criminoso, é imoral Não negociar com a greve federal!” 

Próximos de chegar ao comício, foram impedidos por funcionários do evento de caminhar pela via local, com a alegação de que seria por “questão de segurança” e foram obrigados a andar à beira da rodovia Dutra. Ora, esses funcionários visavam garantir a segurança de quem ao coagir os estudantes a seguir por uma via movimentada e cheia de caminhões em alta velocidade? Ao fim da marcha, na entrada do comício, seguranças ainda tentaram barrar a entrada da bandeira da ExNEPe e quando questionados do motivo, não sabiam informar. Isso causou grande revolta de todos os discentes perante tamanho absurdo e clara censura, pois vários apoiadores do governo estão portando suas bandeiras. Mas a indignação dos manifestantes os obrigou a ceder passagem.

Durante o evento, representantes do governo, Alckmin e Luís Inácio fizeram seus discursos demagógicos, como de que, com o término das obras do Trevo do Bonsucesso, nunca mais os trabalhadores de Guarulhos e os estudantes da universidade federal passariam duas horas de viagem na rodovia Dutra. Mentira! É com sorte que conseguimos atravessar a via em duas horas, quando não passamos mais! A todo momento que os políticos faziam sua propaganda das reformas do governo, fingindo que o país não está passando por uma crise econômica e política aguda, os estudantes entoavam suas palavras de ordem contra o Arcabouço Fiscal, o NEM e em defesa da greve geral da educação, obrigados a ouvirem suas reivindicações, apesar das tentativas de abafar o protesto, inclusive com a atuação de filiados que tinham a intenção de rasgar as faixas. Mas, graças à atuação combativa dos discentes e servidores, essas tentativas foram superadas e o presidente foi forçado a admitir que as pessoas têm o direito democrático de lutar. Ao final, os manifestantes conseguiram entregar uma carta com as reivindicações da greve aos assessores da presidência.

A Universidade Federal de São Paulo se encontra em greve desde o dia 29 de abril. Os servidores federais foram a primeira categoria a aderir ao movimento nacional, que se iniciou dia 18 de março. A greve ocorre em resposta a contínua precarização e a cortes de verba da universidade, que hoje recebe o mesmo orçamento de 2014, uma redução de 43%, o que tem prejudicado o funcionamento do Restaurante Universitário, a distribuição de bolsas de permanência (que não recebem reajuste há 10 anos), a manutenção de materiais de laboratório, reformas estruturais, acessibilidade, assim como a atualização dos salários dos funcionários e professores, entre outros. Recentemente, a reitora Raiane Assunção afirmou em entrevista que a Unifesp só consegue funcionar até setembro, com o orçamento atual.

Diante da situação de desmonte da educação pública, em particular, das universidades, é necessário que os estudantes dirijam a greve nacional da educação para um caminho cada vez mais independente e combativo, transformando as instituições em trincheiras da luta de classes, ocupando-as e mobilizando a luta de toda a comunidade acadêmica e local em torno de seus direitos.

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