Estudantes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) lançaram-se em uma vigorosa campanha de mobilização e luta, culminando na greve de ocupação do prédio do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação (IMECC) no dia 03 de Outubro.
As mobilizações iniciaram-se com a deliberação de paralisação para o dia 03 de Outubro contra a precarização e privatização das universidades, em apoio ao movimento grevista da USP e às lutas contra a privatização de serviços públicos da cidade de São Paulo, como o metrô, a CPTM e a Sabesp. O calendário de mobilizações foi iniciado com o trancamento das principais vias que dão acesso à UNICAMP, às 6h junto do Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP, gerando engarrafamentos de 4 km na Rodovia Dom Pedro. Após mais de 2h de atividade, os estudantes retornaram para dar seguimento ao seu cronograma. Durante a manhã, foram realizados piquetes nas salas de aula a fim de garantir a participação dos estudantes nas atividades da paralisação.
Em um desses piquetes, dois estudantes, um deles do DCE da UNICAMP, foram atacados pelo professor Rafael Leão, do IMECC, com gás de pimenta e uma faca, além deste portar mais três facas em sua mochila. Leão, em suas redes sociais, circulava conteúdos alinhados à extrema-direita, defendendo abertamente intervenção militar. Os estudantes mobilizados não foram feridos. Após averiguação do caso pela polícia e secretaria de segurança pública de SP, os estudantes foram taxados de criminosos e o professor, de vítima. Da mesma forma, o monopólio de imprensa tenta dissimular o ocorrido. Escancare-se uma vez mais o caráter antipovo e reacionário dos instrumentos de repressão do estado e da grande mídia, numa tentativa falha de criminalizar a luta estudantil.
Em resposta, os estudantes realizaram uma manifestação e organizaram uma Assembleia Geral na tarde do mesmo dia para encaminhar os próximos passos. Cheios de ânimo de luta, mais de 1000 estudantes lotaram o Ciclo Básico delineando que a única forma de barrar o avanço da extrema-direita e impulsionar a luta em defesa da universidade pública é com a mobilização e organização estudantil. Na Assembleia, foi aprovado o indicativo de greve estudantil lutando pela exoneração imediata do reacionário Rafael Leão, contratação imediata de professores, construção de prédios permanentes para o Instituto de Artes e Faculdade de Ciências Farmacêuticas, pela abertura imediata do Restaurante Universitário aos finais de semana, ampliação das políticas de ações afirmativas e melhoria da acessibilidade da UNICAMP para pessoas com deficiência.
Simultaneamente, os estudantes do IMECC realizavam sua própria Assembleia, deliberando adesão ao movimento grevista e deflagrando greve de ocupação pela exoneração imediata do docente bolsonarista. Os estudantes ocuparam o prédio até a manhã seguinte, em que partiram em ato até a Procuradoria Geral da UNICAMP para protocolarem suas demandas. No mesmo dia, a Reitoria anuncia o afastamento de Rafael Leão e a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar, uma importante vitória da ocupação.
As atividades realizadas no interior da ocupação incluem apresentações artísticas dos alunos do Instituto de Artes, Assembleias diárias para debater a organização da ocupação e está previsto um cine-debate para o dia de hoje.
A mobilização e luta tem crescido na UNICAMP, com 17 cursos já aderidos ao movimento grevista e mais 8 Assembleias a serem realizadas no dia de hoje. Os estudantes da UNICAMP devem seguir os exemplos dos estudantes da USP e da UFMA, que ocupando suas universidades, conquistaram e ampliaram seus direitos. A greve de ocupação é a única tática de luta capaz disso.