Estudantes da Universidade Federal do Maranhão, na noite do dia 28 de setembro, ocuparam a reitoria da Universidade, após um conjunto de mobilizações e debates acerca de problemas sensíveis dos estudantes, em especial, dos estudantes da residência estudantil. Nos últimos meses, as denúncias acerca das condições precárias e de sucateamento da casa de estudantes ganharam bastante espaço na opinião pública e, os estudantes, de forma independente e combativa, enxergaram na greve de ocupação a única alternativa para enfrentarem essa situação. Isto porque nem as denúncias públicas e muito menos as conversas de porta fechada deram qualquer resultado concreto às reivindicações dos 100 estudantes que se deslocaram das mais diversas regiões para estudar na UFMA e ao chegar, se depararam com quartos superlotados e sem ar-condicionado, a casa insalubre e sem segurança. Junto aos estudantes da moradia universitária, uniu-se um contingente estudantil reivindicando pautas como aumento da frota de ônibus, extensão do horário do Restaurante Universitário, reajuste nas bolsas de permanência, entre outras questões.
Dado o acúmulo de situações que escancaram a precarização e sucateamento da universidade, os estudantes, cansados de falsas promessas e do imobilismo do DCE fantasma, de maneira independente, se mobilizaram em manifestações, assembleias e decidiram por ocupar a reitoria e só sair de lá, quando a carta compromisso for atendida. Aos gritos de “É greve, é greve, de ocupação! Nem sucateamento, nem privatização!”, “Ir ao combate sem temer, ousar lutar, ousar vencer!”, os estudantes demonstraram seu espírito enérgico e sua capacidade de levarem a cabo a tática combativa mais necessária para o movimento estudantil no atual momento da luta estudantil no país: a ocupação!




O dia-a-dia da ocupação
No primeiro dia da ocupação, foram divididas as atividades em comissões: limpeza, alimentação, comunicação, segurança, disciplina e estrutura. A comissão de alimentação e limpeza, assumida especialmente pelos ocupantes homens, produziu e distribuiu o jantar e ao final, organizou o local. Ao fim da noite, foi realizada uma assembleia, que definiu o regimento interno da ocupação, prezando sempre pela organização e unidade do grupo. No período da noite, a comissão de segurança atuou objetivando garantir a segurança da pernoite dos estudantes, visto que os guardas já se amontoavam, prezando pela segurança máxima apenas dos portões. A rápida divulgação através dos canais mais influentes de imprensa local, difundiram de forma rápida pela opinião pública o que estava acontecendo na reitoria da Universidade Federal do Maranhão.







2º dia
O dia seguinte, iniciou-se ainda às 6h, acompanhada pelo café da manhã e uma ação de alongamento coletivo dos estudantes. Enquanto se realizava uma breve reunião para definir as atividades do dia, os guardas fecharam a porta principal que dá acesso a saída do prédio, trancando os estudantes lá dentro e desligando a energia. O pró-reitor de assuntos estudantis, que no dia anterior havia prometido que os estudantes não seriam prejudicados, foi cobrado e fez com que a chefia de guarda voltasse atrás na decisão, se justificando, claro, como um “mal entendido”.
No período da tarde, para mobilizar os estudantes, foram impressos 2.000 panfletos com ajuda do apoio de professores. O conteúdo do panfleto era uma convocação aos alunos a apoiarem a ocupação, com um Qr code apontando as demandas dos estudantes, assim como métodos para apoiar financeiramente a ocupação. Rapidamente foram distribuídos todos os panfletos através dos prédios CCSO, CCH e Paulo Freire. No horário da noite foi realizado uma vitoriosa agitação no prédio do R.U, onde uma das alas do restaurante, que estava fechada (motivo de filas insuportáveis e humilhantes aos estudantes) foi forçada a ser aberta, assim que iniciada a ocupação, demonstrando a força e legitimidade, assim como a necessária combatividade na luta estudantil.






3º dia
Na madrugada do terceiro dia de ocupação, sábado, após o horário de silêncio estipulado em assembleia, os guardas colocaram som nas alturas, numa tentativa de intimidar e deslegitimar as decisões do movimento estudantil. Na manhã, os estudantes responderam a altura, denunciando essas falhas tentativas de enfraquecer o movimento estudantil. Para ver a nota na íntegra, acesse:
https://www.instagram.com/p/Cx0UfUNgziI/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==
Uma grande campanha, presencial e na internet, de apoio com professores, sindicatos e movimentos sociais, garantiu a realização da ocupação e de sua manutenção e condições logísticas, financeiras e de apoio humano para a permanência da ocupação, por reconhecerem a justeza da luta dos estudantes. Muitos professores ao fazerem visita, se emocionaram, em memória as suas lutas, que em sua época, ocuparam a universidade e conseguiram a abertura do restaurante universitário.
Com o apoio financeiro, os estudantes conseguiram a compra de dezenas de cartolinas para decorar a ocupação com as demandas e palavras de ordem. Além disso, para alimentação, foram doadas dezenas de fardos de água, de sacos de pães, marmitas para o almoço, além de suco, frutas, biscoitos, café, refrigerante e até doces e chocolate. Essa grande adesão a campanha de doações por professores e alunos, é a demonstração cabal do reconhecimento da justeza e legitimidade da luta estudantil, que entendem a necessidade da luta combativa.
Após o almoço e o trabalho das comissões de limpeza, foi apresentado uma sessão de hip-hop com o movimento “quilombo urbano”, que veio apoiar a ocupação, fazendo recitações de rimas e poesias em defesa da luta das massas populares e do povo preto e, junto a isso, os estudantes entoavam “resistir e lutar com a cultura popular”.





Acompanhe a ocupação pelo Instagram: https://www.instagram.com/ocupaufma/
Apoiem e ajudem a ocupação da reitoria dos estudantes da UFMA!
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