[SP] Onda de greves de ocupação sacodem a USP! Acompanhe o dia-a-dia

No último mês de setembro desencadeou-se uma vigorosa mobilização pela Universidade de São Paulo – USP. Após a ocupação de prédio administrativo da FFLCH, no dia 18 de setembro, vários cursos aderiram a greve, não só no campus do Butantã como na EACH e na USP-Ribeirão Preto também, tendo inclusive sendo aprovadas greves de ocupação.

Neste momento, a EACH, campus da USP localizado na zona leste de SP, está ocupado pelos estudantes enquanto que no campus Ribeirão Preto os cursos de Pedagogia, Biologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Informática Biomédica aprovaram em assembleia ocuparem seus respectivos prédios.

A onda de ocupação que tem sacudido a maior universidade da américa latina é a resposta que os estudantes tem dado frente a precarização pela qual a USP tem passado expresso principalmente na absurda falta de professores que coloca em risco a continuidade da existência de diversos cursos, principalmente Pedagogia, Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), Teoria Ocupacional (TO), Letras, dentre outros. Além disso, os estudantes também reivindicam o pagamento do salário atrasado dos terceirizados, o retorno da oferta de marmita no Restaurante Universitário e também do ar condicionado nos ônibus, que foram retirados.

A crescente mobilização no estado de São Paulo, após as vitoriosas ocupações da EACH USP e da ETEC CEPAM (USP) em junho e agosto, respectivamente, apontam aos estudantes de todo o país que a radicalização da luta através da greve de ocupação é o único caminho capaz de garantir vitórias ao movimento estudantil.

Cursos do campus de Ribeirão Preto aderem a greve de ocupação

Na quinta-feira (28/09) os estudantes da Universidade de São Paulo – USP – campus de Ribeirão Preto, iniciaram o dia com grandes ações para defender os seus direitos como pela abertura imediata de concursos públicos para professores para conseguirem prosseguir com suas graduações e se formarem. Não é de hoje que os estudantes estão denunciando a falta de docentes e devido a isso o perigo iminente de os cursos fecharem.

Em 2022, estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP – ocuparam o bloco didático por 10 dias e com isso a vitória de 3 docentes. O caminho foi traçado e, esse ano, após a onda de mobilizações e ocupações na USP reivindicando por docentes e por melhorias na permanência estudantil os estudantes tem apostado na greve de ocupação como tática mais avançada. Prédios foram ocupados e diversas manifestações estão sendo realizadas.

Ocupação da prefeitura do campus Ribeirão Preto

A ocupação da prefeitura iniciou às 17h30. Os estudantes, de maneira organizada, entraram no prédio, declararam a ocupação e solicitaram, pacificamente, a saída de todos os funcionários. Durante a retirada dos trabalhadores tiveram declarações de apoio dos funcionários que estavam deixando o prédio.

Durante as primeiras horas de ocupação, os estudantes mandaram um e-mail para a prefeita declarando a ocupação, organizaram o bloco e já definiram as primeiras ações. Com muito entusiasmo, os estudantes ornamentaram o bloco e puxaram diversas palavras de ordem. 

Por volta das 20h, a prefeita junto a sua vice foi negociar com os estudantes. Foram diversas tentativas frustradas de ludibriar os estudantes com mentiras e enganações que não funcionaram. Os estudantes ficaram firmes, e algumas reivindicações já estão tendo andamento pela prefeita. A prefeita tem a até o dia seguinte – 29/09 – para dar uma respostas aos estudantes. Na reunião estavam presentes uma professora representando a Associação dos Docentes da USP – ADUSP – e funcionários representando o Sindicato dos Trabalhadores da USP – SINTUSP. O sindicato, mostrando solidariedade a luta, doou comida e refrigerante aos estudantes que ocupam. Após a reunião, os estudantes realizaram a assembleia da ocupação e debateram sobre seu rumo.

A ocupação mal começou e já tem grandes vitórias. Os estudantes demonstram, mais uma vez, que a combatividade é o caminho. Não se iludem com as burocracias universitárias e afirmam categoricamente que só a luta resolve. Radicalizar a luta através da greve de ocupação é o único caminho capaz de garantir vitórias ao movimento estudantil.

2º dia

Na sexta-feira (29/09) os estudantes levantaram cedo e já iniciaram sua primeira assembleia do dia. Durante a assembleia, funcionários a mando da prefeitura desligaram toda a energia do prédio ocupado, numa tentativa falha da prefeita de intimidar e fazer com que os alunos saíssem do bloco. No dia anterior, a prefeita afirmou que não desligaria a força. Os estudantes já tinham uma reunião marcada com a prefeita às 10h30 na qual ela não apareceu.  Então, rapidamente responderam a altura ao ataque. 

Ficou decidido fechar a principal entrada da Universidade e em questão de minutos a prefeita foi falar com os estudantes. Enquanto os estudantes estavam se organizando, a prefeita não pôde esperar um pouco justamente pelo calor e novamente fugiu dos estudantes.

Os estudantes conseguiram ligar a energia. Acabando com as perspectivas da prefeita. Ainda no mesmo dia, os estudantes realizaram um segundo trancaço no final da tarde. Mostrando sua força e mostrando que não iriam desistir. Os estudantes conseguiram uma reunião no dia seguinte às 11h30 para tentar negociar com os estudantes. A noite foi finalizada com uma assembleia de balanço e discussão sobre os próximos passos da ocupação.

Os estudantes estão recebendo diversas doações de alimentos e apoios de demais cursos e trabalhadores. Devido a precarização e privatização das universidades públicas os funcionários sofrem pelas péssimas condições e empregos e de salários baixos. A empresa terceirizada da segurança declarou falência e muitos trabalhadores ficam um mês sem salário. A luta é unificada, é pela defesa do povo trabalhador.

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