A Executiva Paraense de Estudantes de Pedagogia (ExPAEPe) vem por meio desta nota apoiar a luta dos povos indígenas Tembé e Turiuara, quilombolas e camponeses que residem no nordeste do estado do Pará (na região dos municípios de Tomé-Açu e Acará), em defesa de sua vida e de seus territórios. Denunciamos veementemente a tentativa de assassinato sofrida pelo cacique Lúcio Tembé, do povo indígena Tembé na cidade de Tomé-Açu no último dia 14.
No domingo dia 14, o cacique Lúcio Tembé que é importante liderança na resistência dos povos na região foi alvo de uma tentativa de assassinato enquanto retornava para sua casa. Após atolar o carro na estrada de terra e sair para resolver a situação junto de seu sobrinho, dois homens de moto (provavelmente o monitoravam) dispararam contra o cacique, atingindo-o no rosto. A liderança indígena foi retirada de helicóptero e levada para o hospital metropolitano em Ananindeua, região metropolitana de Belém.
Este fato acontece em meio a uma escalada de violência contra os povos indígenas, quilombolas e camponeses que residem na região, e constantemente tem denunciado os conflitos com o latifúndio plantador de dendê. Desde 2009, a Biopalma, ligada ao grupo Vale S/A, interessadas nas terras para produzir o óleo de palma se instalaram ali, estimulada pelo governo de Luiz Inácio na defesa da velha cantilena de “desenvolvimento da Amazônia”. Porém, em vez de desenvolvimento, o que se viu foi o incremento dos conflitos agrários em pela conquista da terra e defesa dos territórios dos povos que vivem ali há mais de dois séculos! Em 2018, com a compra de vastos campos da Biopalma pela Brasil BioFuels (BBF), do empresário Eduardo Schimmelpfeng Coelho, os conflitos só acirraram, resultando em morte, caso de tortura de moradores, espancamentos, investidas terroristas, ameaças e vários danos ambientais, como contaminação dos rios e igarapés. A própria denúncia do Ministério Público, consta que a empresa tem mantido “grupo com características paramilitares” para aterrorizar as massas do local. O Estado brasileiro e os representantes locais, governo após governo tem se mantido em silêncio ante as barbáries praticadas pelas empresas do agronegócio da palma, denunciadas pelos povos da região. Agora com o atentado contra o líder indígena, a PC quer imputar um conflito de outro tipo (tráfico de drogas), para explicar a ação e livrar a responsabilidade da empresa, como denunciaram os povos indígenas do local.
A violência reacionária contra os camponeses, povos indígenas, quilombolas, tem se acentuado nos últimos anos, fruto da crise geral que passa o país com uma economia cada vez mais desnacionalizada, desindustrializada e primarizada, refém dos grandes grupos estrangeiros e do latifúndio, que concentram sem cessar terras expulsando massas pobres do campo que dependem da terra para seu sustento. Nos últimos 4 anos, o governo reacionário de Bolsonaro e os generais deram carta branca aos latifundiários para reprimir a luta pela terra e torturar e assassinar as lideranças populares. Agora, o novo governo de coalizão reacionária encabeçado pelo oportunismo, da mesma forma, faz vistas grossas para os crimes do latifúndio e segue aplicando políticas a seu favor (como conversão de créditos bilionários anunciados no último mês pelo Ministério da Agricultura); aos camponeses e povos originários só tem à oferecer promessas demagógicas de uma longínqua reforma agrária. Porém, vemos como a resistência do povo segue avançando no campo, com o próprio exemplo da luta no nordeste do Pará, que tem respondido com organização e luta às investidas contra seus territórios, e as tomadas de terra de dezenas de milhares de camponeses nos meses de fevereiro e abril.
Saudamos estas lutas e nos somamos ao movimento de apoio e solidariedade classista à resistência secular dos camponeses, indígenas e quilombolas do nordeste do Pará e de todo o Brasil! Avante, companheiros e companheiras!
Executiva Paraense de Estudantes de Pedagogia